terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

As centelhas são do mundo real


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR

Somos centelhas viajantes a caminho da eternidade. Nada material nos pertence, nem hierarquia social, nem mesmo o corpo físico é nosso. Tudo o que utilizamos neste plano nos foi emprestado a fim de contribuir para as singelas porcentagens de progresso a nossas vivências.
No entanto, a centelha pode conquistar tesouros verdadeiros e eternos que a impulsionarão a estágios mais apurados e bondade notável; simplesmente querer compreender o que é deste mundo físico e o que é do mundo real já muito beneficiará. Quando se olha para o céu, o final do azul não é visto; quando se olha para baixo, a terra amarronzada é o limite para a observação.
A partir do momento em que se considera a existência dos mundos corpóreo e sutil e os seus valores, a capacidade de distinguir o certo do errado amplia na consciência e o valor de juízo tende a acompanhar para além ou não, conforme as sucessivas opções.
Após cada aprendizado, novas responsabilidades são apresentadas e caso o coração vá decidindo-se por acertadas escolhas, a liberdade também estará se apresentando ao espírito. Quanto mais os interesses forem elevados, mais feliz o espírito se sentirá, pois estará agindo de acordo com sua verdadeira identidade.
E quando a centelha não desejar ferir o outro nem querer se ferir, quando a preservação for determinante para toda forma de vida, quando um prato de comida existir para todos em decorrência do não desperdício, quando o consolo aos fragilizados for recoberto de amor e não de vantagem, quando a tônica da vez for a educação e a compaixão, quando os olhos forem da simpatia gratuita e o brilho iluminar a estrada também alheia, quando o abraço for recíproco de ternura, quando o bem individual tiver sentido para o coletivo, quando todos buscarem o único reto  caminho, quando as flores forem percebidas pela sua delicadeza e perfeição, quando esses objetivos começarem a se propagar nos rincões da vida, então, muita luz se difundirá e a real natureza da centelha estará desabrochando como a linda flor que se abre para o céu azul sob o brilho do sol.
Se somos os viajores dessa abençoada jornada devemos nos despertar para as verdades eternas. Menos importância ao que é efêmero será a compreensão de que somos ainda pequeninos focos iluminados mas que desejam brilhar feito faróis do mar tornando-se a direção para os irmãos a caminho e a luz para a nossa própria caminhada.
E por assim ser, a passos de uma centelha ainda muito primária, estarei com a grande responsabilidade na vida material, mas ciente e feliz de que sou eterna e as atribulações que emergem constantemente aqui, com calma, dispor-me-ei a compreendê-las, pois, dessa forma, não as afundarei para me livrar delas; tudo necessita de entendimento e o que ainda não foi compreendido retornará para a sua compreensão.
No entanto, se é uma viagem a mais também haverá o retorno para casa como sempre e não há nenhum lugar como o nosso lar, onde somos protegidos, amados, cuidados. Em nossa casa somos autênticos e a nossa família nos conhece. Assim é a centelha que, por ser eterna, deve buscar a cada novo tempo as ações reais que lhe proporcionarão o aprimoramento e dispensar quanto antes os ranços do orgulho e egoísmo.
Por sermos viajores, tão necessário levarmos bagagem suave e adequada; e nessa viagem quem leva a bagagem é somente o coração e o que ele mais precisa é bondade, entendimento, progresso e amor.
Sempre é tempo para o início de agradáveis jornadas e as centelhas terão a eternidade para se aperfeiçoarem de singelos focos de luz de hoje a enormes faróis do mar amanhã.
E as cores são mais vivas, assim como o amor é permanente no lar verdadeiro onde Deus é o Pai e nós, seus filhos eternos.
Aqui, só estamos de passagem.

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