sábado, 26 de março de 2016

O fim da corrupção


JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Eu visitei um país, em Vênus, chamado Libras. Nesse planeta, todos os animais raciocinam e falam o mesmo idioma, com variações de caráter, logicamente. Os principais animais de Libras são os primatas (sapiens e trogloditas), o gato (mamífero felídeo, que combate os ratos), o rato (ladrão), o morcego (mamífero quiróptero alado, provido de radar), a orca (cetáceo: mamífero caçador de tubarões) e o tubarão (ganancioso).
Os sapiens integram as forças de segurança e os trogloditas integram o proletariado...
Acontece que, em Libras, os ratos proliferaram de tal forma que, de tanto insistir, acabaram por convencer o restante da população de que, por direito, a gestão do país deveria ser deles e dos seus amigos tubarões. Como ali imperava a democracia, os demais animais cederam à insistência ratuína, principalmente, após quatro tentativas de assumir o governo, sendo que, na quarta, alcançaram seu intento.
Mas o que os ratos queriam mesmo era implantar o comunismo em Libras, ainda que essa ideologia estivesse praticamente extinta nos demais países de Vênus. Então, puseram mãos à obra, ou melhor, patas à obra. Disseram que o gestor-mor, Alul, detestava ler e dizia, aos quatro costados, que alcançara o cargo de mandatário da nação sem ter lido, por inteiro, um único livro...
Desse modo, não seria a educação a necessidade primordial da população, e, sim, a bolsa-família. Os proletariados adoraram a ideia, pois não mais precisariam estudar e muito menos trabalhar. O problema era que, com a maioria da população sem produzir, o Estado ameaçou ruir, roído que já estava por imensa ratazana.
Nada, porém, que não fosse resolvido pelos ratos do poder. Criaram a Petrorrato e indicaram para administrá-la os mais sagazes ratos do país, chefiados por outros animais provenientes da classe burguesa ambiciosa, os tubarões. Resultado, noventa por cento da renda da empresa foi parar na Suíça (mera coincidência de nome) e em outros paraísos fiscais de Vênus.
Quando acusavam os ratos de roubar bilhões, eles se defendiam dizendo que seus antecessores roubaram milhões...
Também disseram que a saúde era um direito de todos. Desse modo, criaram o SUSTO (sistema único de saúde dos trogloditas ordinários), que, por contratar médicos cubanos, bolivianos, venezuelanos e de outros países, cujos nomes se assemelham (pura coincidência) com os da Terra, esqueceram de formar seus próprios médicos e levaram o sistema à falência. Isso sem nos referirmos à sobrecarga de impostos sobre os medicamentos, cirurgias de retirada de útero em trogloditas machos, etc. etc. etc.
Para que os trogloditas não ficassem sem-teto, atenderam o movimento dos sem-terra e construíram para os primeiros diversos prédios em terreno alagadiço. Quando veio o primeiro temporal, as habitações dos trogloditas ficaram submersas, e os sem-terra continuaram invadindo as propriedades dos grandes produtores que, para expulsá-los, tinham que recorrer à polícia, depois ao governo, que os mandava procurar o judiciário e este os mandava aguardar alguns anos...
O que os ratos ignoravam é que os sapiens mandaram instalar gatos em suas “propriedades públicas”, tais como a Petrorrato, o BNDrato, etc. Além disso, solicitaram aos morcegos para, à noite, conectarem seus radares ao serviço de inteligência da Aeronáutica; contrataram orcas marinhas para caçar os tubarões e deixaram aos gatos vigilantes a caça aos ratos. Um deles, chamado Régios Orom, tornou-se herói nacional...
Quando o “exército” dos ratos foi convocado pelo rato-mor para combater os sapiens, gatos e aliados, verdadeiros defensores dos trogloditas e dos demais animais não submissos ao corrupto governo ratuíno, os defensores da pátria, com a ajuda do exército (sapiens), da aeronáutica (morcegos), do judiciário (gatos) e da marinha (orcas) já estavam sob o controle de toda a situação.
Daí, mandaram os ratos e todos os desocupados para trabalhar no campo, sob a vigilância dos gatos, investiram na educação para todos, na segurança e na saúde (inclusive para os ratos) e, sem dar um só tiro, criaram um novo país cujo lema passou a ser: “saúde, educação, moradia, alimento, vestiário, lazer e segurança para todos os animais educados e trabalhadores deste país”.
E todos os animais de Libras viveram felizes para sempre, sob as cores verde, amarelo, azul e branco que reluzem no planeta Vênus, o mais brilhante do sistema solar. O país retomou suas tradições cristãs e aboliu, definitivamente, a desonestidade crônica, sua maior praga.
Arrumadas as sílabas de LIBRAS, descobriu-se que elas possuíam as mesmas letras que também possui o maior país da América do Sul.




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