Antes
do Espiritismo, errônea ou muito imprecisa, vaga e confusa era a ideia que se
fazia da alma humana.
Erradamente
considerada como efeito e não causa pelos materialistas, estes viam – e
continuam a ver – nos fenômenos psicológicos, dela dependentes, apenas o
resultado da atividade funcional do sistema nervoso do homem. Um decantado mas
mal compreendido paralelismo psicofisiológico parecia justificar esse modo de
ver, porquanto, lesado o cérebro, ou a medula espinhal, ou os nervos,
perturbam-se as funções superiores da consciência, o pensamento lógico, o
juízo, o raciocínio, a memória, as sensações e as percepções humanas,
instalando-se a demência, os delírios, as alucinações, a amnésia, as
paralisias, a afasia, a insensibilidade e mesmo o coma.
Os
homens de ciência, principalmente os fisiologistas, os psicólogos e os
psiquiatras, foram desse modo levados a um erro fundamental, que é inverter os
papéis do corpo e da alma, dando primazia ao primeiro, que é, no entanto, somente
um instrumento que o Espírito utiliza para a realização de suas atividades,
enquanto encarnado.
Os
vitalistas não cometeram o mesmo erro dos materialistas, mas, equivocadamente,
confundiram a alma com o princípio vital da vida orgânica, sem explicar o
atributo essencial da alma, que é a consciência individual, resultante da
faculdade cognitiva ou inteligente do ser humano.
A
inteligência nada tem que ver com a matéria, nem tampouco com o princípio
vital, que é também substância material, embora sutil e dinâmica, donde emana a
força vital, mas não a inteligência e, menos ainda, a razão lógica, o senso
moral e todas as faculdades superiores, inexistentes nos outros seres vivos e
organizados, vegetais ou animais, pelo menos no grau em que esplendem no homem
racional e moral.
Os
espiritualistas, ao contrário dos materialistas, consideram a alma como um ser
real e distinto, causa e não efeito de toda atividade psicológica e moral do
homem.
Conceituando-a
como um ser distinto do corpo perecível e a ele sobrevivente, o espiritualismo
clássico incorre, no entanto, no erro de considerar seja a alma criada com o
corpo, ao qual se liga durante a vida física e dele se desprende com a morte,
para seguir um destino do qual se fazem ideias muito vagas. A reencarnação,
ensinada por grandes vultos da filosofia espiritualista, como Pitágoras,
Sócrates e Platão, não é aceita pelo espiritualismo clássico, que se alinha,
nesse ponto, à doutrina da Igreja.
Com
Allan Kardec e a doutrina espírita, por ele codificada, raiou no mundo a aurora
de uma Nova Era, a Era do Espírito, e a conceituação de alma humana recebeu,
então, brilhante luz.
Eis
o que os próprios Espíritos ensinaram, no item 134 de O Livro dos Espíritos:
134. Que é a alma?
“Um Espírito
encarnado.”
b) – Que seria o
nosso corpo se não tivesse alma?
“Simples massa de
carne sem inteligência, tudo o que quiserdes, exceto um homem.”
É
admirável no texto referido a limpidez da doutrina espírita a respeito do que
seja a alma do homem: "A alma é um Espírito encarnado.”
A
alma é, pois, um ser real, individual, independente e autônomo, de natureza
puramente espiritual e que tem por destino grandioso progredir sempre, alteando-se
cada vez mais em conhecimentos e em virtudes, o que ela logra mediante
múltiplas existências corporais, nas quais se depura e se eleva gradualmente,
até que, por fim, se liberta totalmente da necessidade de encarnar ao tornar-se
Espírito puro.
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