domingo, 17 de abril de 2016

Pátria do Evangelho, para onde caminhas?



Em face dos acontecimentos que estão neste momento agitando o Brasil, reproduzimos o texto abaixo que, com o título acima, publicamos oportunamente na revista O Consolador:

Diante da violência praticada contra os professores do Paraná, conforme vimos no editorial da edição anterior, uma professora espírita postou em uma conhecida rede social a seguinte pergunta: “O Brasil não é o Coração do Mundo, a Pátria do Evangelho? por que, então, tanta negatividade, tanta irresponsabilidade?”
E poderíamos acrescentar: Por que tanta corrupção? por que tantos desmandos? por que tantos abusos? por que tanta incompetência e falta de comprometimento da parte de quem deveria governar com sabedoria os destinos do país?
Muitos leitores, mesmo entre os espíritas, certamente ignoram que a expressão Pátria do Evangelho apareceu pela primeira vez associada ao Brasil na obra Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, o sexto livro psicografado por Francisco Cândido Xavier, datado de 1938, de autoria de Humberto de Campos (Espírito).
Nessa obra, o Brasil é representado em inúmeras oportunidades pela expressão Pátria do Evangelho.
Admitindo, apenas para argumentar, a veracidade do que Humberto de Campos ali expôs, fica claro, desde o diálogo inicial entre Jesus e Helil, que a ideia primeira, com o povoamento que se seguiu à chegada de Pedro Álvares Cabral, era constituir em nosso torrão natal uma nação imbuída de novos ideais, sem o histórico de guerras, de intrigas e de mazelas outras que caracterizavam a civilização europeia.
Do descobrimento do país até 1889, quando foi proclamada a República, a condução do Brasil teria estado – segundo relata Humberto de Campos – sob as rédeas do plano espiritual, algo que é de difícil compreensão quando nos lembramos que foi exatamente em todo esse período que se instalou e reinou soberano no país o lamentável regime de escravidão e em que os povos indígenas que aqui viviam foram praticamente dizimados.
Bem, admitamos que o autor do livro não se tenha equivocado. Sendo assim, relembremos o que a obra em foco nos apresenta no capítulo intitulado “A República”, no qual o autor reproduz uma interessante mensagem atribuída a Jesus:

"Irmãos, a Pátria do Evangelho atinge agora a sua maioridade coletiva. Profundas transições assinalarão a sua existência social e política. Uma nação que alcança a sua maioridade é a responsável legítima e direta por todos os atos comuns que pratica, no concerto dos povos do planeta. Necessário é separemos agora o organismo político do Brasil dos alvitres permanentes e constantes do mundo espiritual, para que todos os seus empreendimentos sejam devidamente valorizados. À maneira dos indivíduos, as pátrias têm, igualmente, direito à mais ampla liberdade de ação, uma vez atingido o plano dos seus raciocínios próprios.
“Acompanharemos, indiretamente, o Brasil, onde as sementes do Evangelho foram jorradas a mancheias, a fim de que o seu povo, generoso e fraternal, possa inscrever mais tarde a sua gloriosa missão espiritual nas mais belas páginas da civilização, em o livro de ouro dos progressos do mundo. Seus votos evolutivos, no que se refere às instituições sociais e políticas, serão carinhosamente observados por nós, de maneira a não serem obstadas as deliberações das suas autoridades administrativas no plano tangível da matéria terrestre; mas, como o reino do amor integral e da verdade pura ainda não é do orbe terreno, urge reformemos também as nossas atividades, concentrando-as na obra espiritual da evangelização de todos os espíritos localizados na região do Cruzeiro.
“A proclamação da República Brasileira, como índice da maioridade coletiva da nação do Evangelho, há de fazer-se sem derramamento de sangue, como se operaram todos os grandes acontecimentos que afirmaram, perante o mundo, a Pátria do Cruzeiro, os quais se desenvolveram sob a nossa imediata atenção. Doravante, o Brasil político será entregue à sua responsabilidade própria.”

Conforme está dito com clareza na mensagem acima, a partir de 1889 saiu de cena a cobertura espiritual, os condutores espirituais da República decidiram dar um tempo, e o país passou à responsabilidade direta, e sem nenhuma tutela, dos próprios brasileiros.
Terão as coisas melhorado?
Do ponto de vista material, é óbvio que sim. Para isso a ciência e as inovações tecnológicas contribuíram de forma efetiva e inquestionável.
Quanto ao desenvolvimento moral, social e político, há controvérsias, e a própria observação feita pela professora, a que nos reportamos no preâmbulo, indica isso.
Certa vez perguntaram ao professor José Raul Teixeira como conciliar a existência da escravidão no Brasil por tanto tempo com o fato de ter sido o país colonizado sob a égide do Cristianismo e com o título, que Humberto de Campos (Espírito) lhe atribuiu, de coração do mundo e pátria do Evangelho.
Raul Teixeira respondeu:

“O Cristianismo do Cristo muito se distingue do cristianismo dos cristãos. Assim é que tantos abusivos atos foram e são cometidos em nome do Cristianismo, sem que se especificasse tratar-se do segundo. Na alusão de Humberto de Campos encontramos a mesma gravidade da previsão de Jesus, ao afirmar que a Terra seria o mundo renovado do porvir, quando no mundo encontramos, ainda, toda sorte de loucuras, guerras e materialismo, e que, como o Brasil, espera no tempo as possibilidades de alcançar o seu destino traçado no Mais Além.” (A entrevista pode ser lida na íntegra clicando-se neste link: http://www.oconsolador.com.br/5/entrevista.html.)

Em face de tudo o que acima foi dito, é bastante válido, pois, perguntar:
– Pátria do Evangelho, para onde caminhas?
Você não acha?



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