Observe estas frases:
– Me faça um favor, eu lhe peço.
– Nos mandamos de lá, assim que a
confusão começou.
– Se manda daqui, menino!
– Me desculpem, foi mal!
– Vos desejo toda a alegria do
mundo...
As frases acima contêm um erro que na
chamada linguagem culta não se permite: iniciar a oração com um pronome pessoal
do caso oblíquo: me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes.
Entre os pronomes oblíquos citados há
um vocábulo que requer especial atenção: a partícula “se”, que pode assumir
várias funções em nosso idioma, seja como pronome, seja como conjunção.
Como pronome, pode funcionar:
1. como partícula apassivadora:
Vendiam-se ali produtos variados.
2. como pronome reflexivo: O
palestrante atrapalhou-se no início de sua fala.
3. como partícula integrante do
verbo: Muitos se queixaram do governo local.
4. como partícula de realce ou
expletiva: Quase todos se foram embora.
5. como índice de indeterminação do
sujeito: Falava-se de tudo ali.
Em todos os cinco casos é, como foi
dito, incabível usá-lo na abertura de uma oração.
Como conjunção, pode ser:
a) subordinativa condicional: Se a
família deixar, viajarei ainda hoje.
b) subordinativa integrante: Não sei
se o fato narrado é realmente verdadeiro.
Nos dois casos acima, a partícula
“se”, por ser uma conjunção, pode perfeitamente iniciar a oração.
*
Um leitor pergunta-nos se a palavra quebranto existe e, em caso afirmativo,
qual o seu significado.
Quebranto existe, sim, e tem estes
significados: resultado mórbido que, segundo a superstição popular, o
mau-olhado de certas pessoas produz em outras; quebrantamento: ato ou efeito de
quebrantar(-se), prostração, abatimento, fraqueza.
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