Examine
esta frase: “No Brasil, infelizmente, falta
clareza e seriedade na condução dos negócios públicos”.
A frase
está correta? Ou o certo seria: ... faltam
clareza e seriedade na condução dos negócios públicos?
O
assunto foi levantado por um leitor.
Ocorre
que o entendimento entre os especialistas de nosso idioma estabelece que, se os
sujeitos da oração apresentarem gradação
entre si e forem sinônimos ou quase sinônimos, o verbo poderá ficar no singular
ou no plural, de acordo com a intuição, o estilo e o desejo de quem a escreve.
Assim sendo, as duas formas poderiam ser utilizadas.
Vejamos
estes exemplos colhidos na obra Gramática
Aplicada, de Paulo Sérgio Rodrigues (8ª edição, p. 294):
Um
grito, uma palavra, um movimento, um simples olhar causava-lhe medo.
Um
século, um ano, um mês não fará
diferença.
A ira e
a raiva prejudicava (ou prejudicavam) a saúde.
O
castigo, a repreensão torna-se (ou tornam-se) necessários.
A
questão proposta faz-nos lembrar um dos versos de Os Lusíadas, do notável e sempre admirado Camões:
As
armas e os barões assinalados,
Que da
Ocidental praia Lusitana,
Por
mares nunca dantes navegados,
Passaram
ainda além da Taprobana,
Em
perigos e guerras esforçados,
Mais do
que prometia a força humana,
E entre
gente remota edificaram
Novo
Reino, que tanto sublimaram;
E
também as memórias gloriosas
Daqueles
Reis, que foram dilatando
A Fé, o
Império, e as terras viciosas
De
África e de Ásia andaram devastando;
E
aqueles, que por obras valerosas
Se vão
da lei da morte libertando;
Cantando
espalharei por toda parte,
Se a
tanto me ajudar o engenho e arte. (Os Lusíadas, Canto I, 1-2.) [O
grifo é nosso.]
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