O Universo e sua formação
Este é o módulo 57 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. Como Deus criou o Universo?
2. Quais são os dois elementos gerais do Universo?
3. Que é matéria conforme a acepção comum do
termo?
4. Que são elementos químicos e quantos deles
existem?
5. Existe no Universo uma única substância
primitiva de que se derivam todas as outras?
Texto para leitura
Deus criou o Universo por ato de sua vontade
1. Tudo o que existe e não for obra do homem é
obra de Deus. É por isso que dizemos criação divina quando nos reportamos a
esse imenso Universo que, como diz Kardec, abrange a infinidade dos mundos que
vemos e dos que não vemos, todos os seres animados e inanimados, todos os
astros que se movem no espaço, assim como os fluidos que o enchem. Mas, como
Deus criou o Universo?
2. A resposta a essa pergunta é ainda um mistério,
como o é a própria existência do Criador, e não será a inteligência humana, no
estado em que por enquanto se encontra, que irá penetrar tal mistério. Temos de
conformar-nos, portanto, a esse respeito, com o que disseram a Kardec os
Espíritos Superiores, por intermédio de um deles, e que se encontra na questão
38 d’O Livro dos Espíritos: “Como Deus
criou o Universo?” Resposta: “Para me servir de uma expressão corrente, direi:
Pela sua vontade. Nada caracteriza melhor essa verdade onipotente do que estas
belas palavras da Gênese: Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita.”
3. Sabemos, no entanto, pela revelação dos
Espíritos Superiores, que Deus criou fundamentalmente dois princípios
diferentes, diametralmente opostos por suas qualidades essenciais, que são os
dois elementos gerais do Universo: o elemento material, bruto e totalmente
inerte, e o elemento espiritual, inteligente, suscetível de elaboração e
desenvolvimento evolutivo, objetivando a realização de individualidades
conscientes, dotadas de razão e de vontade.
4. Com este segundo elemento, criou Deus os
Espíritos, que são os seres inteligentes, conscientes e livres do Universo. Com
o primeiro – o elemento material – formou Deus os mundos que rolam no espaço,
sujeitos às leis da Mecânica Celeste, assim como todos os seres que formam a
natureza desses mundos. É desse elemento que vamos especialmente tratar nesta
síntese, ao mesmo tempo em que, à luz da Doutrina Espírita, procuraremos
penetrar, por pouco que seja, na origem e formação dos mundos. Chamemo-lo
simplesmente de matéria e tentemos defini-la.
É infinita a extensão do Universo físico
5. Numa definição bastante singela, podemos dizer
que matéria é tudo o que existe constituindo o Universo físico, isto é, onde
ocorrem os fenômenos que afetam nossos sentidos, estejam eles desarmados ou
armados com potentíssimos instrumentos óticos – telescópios, espectroscópios,
microscópios – que nos possibilitaram observações muito além do alcance natural
dos nossos órgãos sensórios, levando-nos tanto aos gigantescos mundos, estrelas
e galáxias que enchem o espaço, como às mais íntimas estruturas dos seres e das
coisas do nosso mundo e de outros relativamente próximos da Terra.
6. Como é infinita a extensão do Universo físico,
para estudar a matéria, a fim de bem compreendê-la e defini-la, o homem tem
necessariamente que reduzir suas observações a porções limitadas da matéria que
se encontra a seu alcance, verificando a possibilidade de generalizar os
resultados das observações assim feitas a toda a matéria do Universo.
7. Embora os corpos tenham propriedades gerais que
os identifiquem como materiais, à mais simples e superficial observação, vê-se
que diferem extraordinariamente uns dos outros, podendo apresentar variedades
de aspecto quase infinitas. Diferem em primeiro lugar pelo estado físico,
podendo apresentar-se no estado sólido, líquido ou gasoso, ou ainda em estados
intermediários, como o pastoso ou o de vapor. Se nos ativermos agora somente
aos corpos sólidos, veremos que eles diferem pela forma exterior, e é atendendo
a essas diferentes formas que os nomearemos: um cilindro, uma esfera, um cubo,
uma pirâmide, uma chapa, um fio, um anel, uma estante etc.
8. Além da forma, os corpos sólidos podem
distinguir-se também pelas dimensões, existindo ainda um terceiro ponto que nos
permite distinguir mais profundamente os corpos uns dos outros: a substância do
corpo. Existem corpos de vidro, outros de madeira, uns são de ferro, outros de
cobre e assim por diante. Há corpos que têm a sua substância individual e
unívoca, ou seja, constituída de partes absolutamente iguais umas às outras,
formando o que se poderia chamar de corpo puro, mas nem todos os corpos são
assim, havendo uma imensa maioria na Natureza que se constitui de porções
diferentes, separáveis por processos apropriados, indicando que são, em
verdade, misturas de duas ou mais substâncias, misturas que podem ser mais ou
menos heterogêneas ou aparentemente homogêneas, conforme as dimensões das
partículas em que se encontram divididas as substâncias misturadas.
Há no Universo uma única substância primitiva
9. Corpos puros são raríssimos na Natureza, podendo
citar-se como um dos pouquíssimos exemplos as amostras de quartzo hialino ou
cristal de rocha, constituídas de óxido de silício ou sílica, substância que
nessas amostras se encontra em estado puro. A obtenção de corpos puros é obra
da indústria química. Obtidos os corpos puros, a análise química mostrou que
nem todos são constituídos de princípios materiais indecomponíveis e unívocos,
revelando-se a grande maioria decomponíveis em outras substâncias que, por sua
vez, podem ainda decompor-se. São as chamadas substâncias compostas.
10. Existe, no entanto, um pequeno número de
substâncias simples, isto é, indecomponíveis, delas não se podendo extrair
outras substâncias, senão elas próprias, mostrando que constituem princípios
elementares e unos, motivo pelo qual foram também chamadas de elementos
químicos. A Química, até o momento, pôde estabelecer a existência de um certo
número de elementos químicos, que formam, por si mesmos e isolados, ou
combinados entre si, todas as substâncias dos corpos. Os elementos químicos
naturais, escalonados desde o hidrogênio até o urânio, são em número de 92.
Quando se agregam átomos de um só elemento, formam-se substâncias simples;
quando se combinam átomos de dois ou mais elementos, formam-se substâncias
compostas – eis o que, em brevíssimo resumo, podemos dizer sobre o que a
Química pôde estabelecer.
11. Onde, porém, os químicos não podem penetrar
com seus poderosos instrumentos de análise, os Espíritos Superiores o fazem
revelando-nos que, além do estado denso que conhecemos em nosso mundo, a
matéria reveste estados mais sutis, puramente fluídicos. Esses fluidos enchem
todo o espaço e se originam, por sua vez, de uma substância elementar primitiva
e única – o fluido universal ou matéria cósmica – que, em realidade, é a fonte
de que, por modificações e combinações variadíssimas, provém tudo no Universo,
mesmo a matéria mais densa.
12. Dignas de toda consideração, pela beleza e
verdade que encerram, são as afirmações do Espírito de Galileu que Kardec
inseriu no cap. VI de A Gênese: “À
primeira vista, não há o que pareça tão profundamente variado, nem tão
essencialmente distinto, como as diversas substâncias que compõem o mundo.
(...) Entretanto, podemos estabelecer como princípio absoluto que todas as
substâncias, conhecidas e desconhecidas, por mais dessemelhantes que pareçam,
quer do ponto de vista da constituição íntima, quer do prisma de suas ações
recíprocas, são, de fato, apenas modos diversos sob que a matéria se apresenta;
variedades em que ela se transforma sob direção das forças inumeráveis que a
governam. (...) Há questões que nós mesmos, Espíritos amantes da Ciência, não
podemos aprofundar e sobre as quais não poderemos emitir senão opiniões
pessoais, mais ou menos hipotéticas. (...) A com que nos ocupamos, porém, não
pertence a esse número. Àqueles, portanto, que fossem tentados a enxergar nas
minhas palavras unicamente uma teoria ousada, direi: abarcai, se for possível,
com olhar investigador, a multiplicidade das operações da Natureza e
reconhecereis que, se se não admitir a unidade da matéria, impossível será
explicar, já não direi somente os sóis e as esferas, mas, sem ir tão longe, a
germinação de uma semente na terra, ou a produção dum inseto. (...) Se se
observa tão grande diversidade na matéria, é porque, sendo em número ilimitado
as forças que hão presidido às suas transformações e as condições em que estas
se produziram, também as várias combinações da matéria não podiam deixar de ser
ilimitadas. Logo, quer a substância que se considere pertença aos fluidos
propriamente ditos, isto é, aos corpos imponderáveis, quer revista os
caracteres e as propriedades ordinárias da matéria, não há, em todo o Universo,
senão uma única substância primitiva: o cosmo, ou matéria cósmica dos
uranógrafos”.
Respostas às questões propostas
1. Como Deus criou o Universo?
A resposta a essa pergunta é ainda um mistério e,
por enquanto, temos de conformar-nos com o que a esse respeito foi respondido a
Kardec, conforme texto que forma a questão 38 d´O Livro dos Espíritos: “Para me servir de uma expressão corrente,
direi: Pela sua vontade. Nada caracteriza melhor essa verdade onipotente do que
estas belas palavras da Gênese: Deus disse: Faça-se a luz e a luz foi feita.”
2. Quais são os dois elementos gerais do Universo?
Os dois elementos gerais do Universo são o
elemento material, bruto e totalmente inerte, e o elemento espiritual,
inteligente, suscetível de elaboração e desenvolvimento evolutivo, objetivando
a realização de individualidades conscientes, dotadas de razão e de vontade.
3. Que é matéria conforme a acepção comum do termo?
Numa definição bastante singela, matéria é tudo o
que existe constituindo o Universo físico, isto é, onde ocorrem os fenômenos
que afetam nossos sentidos, estejam eles desarmados ou armados com potentíssimos
instrumentos óticos.
4. Que são elementos químicos e quantos deles existem?
Elemento químico é nome que se dá a um pequeno
número de substâncias simples, isto é, indecomponíveis, das quais não se podem
extrair outras substâncias, senão elas próprias, mostrando que constituem
princípios elementares e unos. Os elementos químicos naturais, escalonados
desde o hidrogênio até o urânio, são em número de 92.
5. Existe no Universo uma única substância primitiva de que se derivam
todas as outras?
Sim, o fluido universal ou matéria cósmica, que é
a fonte de que, por modificações e combinações variadíssimas, provém tudo o que
existe no Universo, mesmo a matéria mais densa, com exceção tão-somente dos
seres espirituais.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 38, 39, 41, 44, 47 e 49.
A Gênese, de Allan Kardec, itens 4, 6, 7, 10, 17, 20 e 22.
Nota:
Eis os links que remetem aos 3
últimos textos:
Módulo 54 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_16.html
Módulo 55 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_23.html
Módulo 56 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2017/11/iniciacao-ao-estudo-da-doutrina-espirita_30.html
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