sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Iniciação aos clássicos espíritas





Cristianismo e Espiritismo

Léon Denis

Parte 6

Continuamos o estudo do livro Cristianismo e Espiritismo, que vimos realizando conforme a 6ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, baseada em tradução de Leopoldo Cirne.
Esperamos que este estudo constitua para o leitor uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte compõe-se de:
1) questões preliminares;
2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Como devemos entender o dogma da ressurreição da carne?
B. Que diz Léon Denis sobre o batismo?
C. Quem instituiu a confissão auricular?

Texto para leitura

68. Quando a Igreja afirma que Jesus se ofereceu a Deus em holocausto, para a redenção da Humanidade, de que terá ele resgatado os homens? Certamente, não é das penas do inferno, porque ela continua a ensinar que os indivíduos que morrem em estado de pecado mortal são condenados às penas eternas. (P. 84)
69. Ora, se ele resgatou os homens do pecado, por que ainda os batizam? A missão de Jesus não era resgatar com o seu sangue os crimes da Humanidade, pois o sangue, mesmo de Deus, não seria capaz de resgatar ninguém. Cada qual deve resgatar-se a si mesmo, resgatar-se da ignorância e do mal. O Cristo desceu das esferas de luz, onde tudo é serenidade e paz, para mostrar-nos o caminho que conduz a Deus: esse o seu sacrifício. (P. 85)
70. A doutrina católica prega também a existência do demônio, que, segundo a Igreja, é um ser perfeitamente real, uma personalidade distinta do resto da Natureza, com vida, ação e domínio próprios. (P. 87)
71. Não pode haver sofrimentos eternos, mas unicamente sofrimentos temporários, apropriados às necessidades da lei de evolução e progresso. O princípio das reencarnações é mais justo que a noção do inferno eterno. (P. 89)
72. O vocábulo eterno, que aparece com frequência nas Escrituras, não deve ser tomado ao pé da letra. Em numerosos casos o vocábulo parece simplesmente significar: longa duração, um fim que não se conhece. O termo hebraico ôlam, traduzido por eterno, tem como raiz o verbo âlam, ocultar. Exprime um período cujo fim se ignora. (P. 91)
73. A questão do purgatório é importante, porque pode constituir um vínculo entre as doutrinas católica e espírita. Segundo a Igreja romana, o purgatório é um lugar não definido. Os protestantes ortodoxos rejeitam-no. (PP. 92 e 93)
74. Quase sempre o que chamamos o mal é apenas o sofrimento, mas este é necessário, porque só ele conduz à compreensão. É pelo sofrimento que a alma atinge a plenitude do seu brilho, a plena consciência de si mesma. (P. 93)
75. Sob o látego da necessidade, sob o aguilhão da dor, o homem caminha, avança, eleva-se e, de existência em existência, de progresso em progresso, chega a imprimir ao mundo o cunho do seu domínio e inteligência. (P. 94)
76. A maior parte dos padres da Igreja entendiam a ressurreição da carne doutro modo. Conheciam eles a existência do perispírito, desse corpo fluídico, sutil, imponderável, que é o invólucro permanente da alma. (P. 97)
77. Assim é que atribuíam a ressurreição senão a esse corpo espiritual, que resume, em sua substância quintessenciada, todos os invólucros grosseiros que a alma tomou e depois abandonou ao longo dos séculos. (P. 97)
78. Tertuliano diz que os anjos têm um corpo que lhes é próprio e que se pode transfigurar em carne humana. Paulo ensinava: “Semeia-se corpo animal, ressuscitará o corpo espiritual” (I Coríntios,  XV, 4 a 50). (P. 98)
79. Examinada com atenção a Bíblia, vê-se que nela não existe a expressão “ressurreição da carne”, mas sim “ressurreição dos mortos” ou “dentre os mortos”. [1] (P. 98)
80. O que foi dito do pecado original nos conduz a considerar o batismo simples cerimônia iniciática ou de consagração, porque a água é impotente para limpar de suas máculas a alma. (P. 101)
81. Se consultarmos todos os textos em que se funda a instituição da confissão, neles só encontraremos uma coisa: que o homem deve reconhecer as ofensas cometidas contra o próximo e confessá-las diante de Deus. Aliás, a confissão auricular nunca foi praticada nos primeiros tempos do Cristianismo; não foi Jesus quem a instituiu; foram os homens. (PP. 101 e 102) (Continua na próxima edição.)

[1] O confrade e filólogo general Milton O’ Reilly afirma que a tradução correta da expressão original é “ressurreição na carne”, e não “da carne”, o que significa coisa inteiramente diversa.

Respostas às questões preliminares

A. Como devemos entender o dogma da ressurreição da carne?
Devemos entendê-la como a entendia a maior parte dos padres da Igreja, que conheciam a existência do perispírito, o corpo espiritual, sutil, imponderável, invólucro permanente da alma, o qual pode assumir todos os invólucros grosseiros que a alma tomou e depois abandonou ao longo dos séculos. A esse corpo espiritual Paulo se refere na 1ª Epístola aos Coríntios. Com efeito, se examinarmos com atenção a Bíblia, veremos que nela não existe a expressão “ressurreição da carne”, mas sim “ressurreição dos mortos” ou “dentre os mortos”. (Cristianismo e Espiritismo, cap. VII, pp. 97 e 98.)
B. Que diz Léon Denis sobre o batismo?
Em face da concepção espírita do pecado original, o batismo deve ser encarado como simples cerimônia iniciática ou de consagração, visto que a água é impotente para limpar de suas máculas a alma. (Obra citada, cap. VII, p. 101.)
C. Quem instituiu a confissão auricular?
A confissão auricular, que jamais foi praticada nos primeiros tempos do Cristianismo, foi instituída pelos homens. (Obra citada, cap. VII, pp. 101 e 102.)

Nota:
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