O mundo necessita de maior religiosidade
No artigo “Efeito profilático & curativo do sentimento religioso”, publicado
na edição 545 da revista O CONSOLADOR, Rogério Coelho mostra a importância do
sentimento religioso no mundo em que vivemos, referindo-se evidentemente à
religiosidade e não propriamente ao formalismo e ao exclusivismo das religiões
em geral, os quais acabam muitas vezes levando ao fanatismo e ao radicalismo,
que tantos males produziram e continuam produzindo no planeta desde os sombrios
dias da Inquisição católica. [O artigo do Rogério Coelho pode ser lido
clicando-se neste link: http://www.oconsolador.com.br/ano11/545/especial.html
]
O desrespeito e a intolerância para com os que professam um credo
diferente, um direito que no Brasil é assegurado na Constituição da República,
é algo injustificável e lamentável. Quando, então, parte de um grupo religioso
qualquer ou deriva para o radicalismo ou o atentado contra a vida, o fato
revela sua face mais triste e tenebrosa.
O mais recente episódio de intolerância religiosa verificou-se dia 24
de novembro, uma sexta-feira, quando um ataque com bomba e tiros a uma mesquita
no Egito deixou pelo menos 305 mortos - quase 30 crianças - e 100 feridos. Esse
era o número conhecido até o momento em que escrevíamos este texto.
Testemunhas disseram que o atentado ocorreu enquanto eram feitas as
preces de sexta-feira no templo Al-Rawda, em Bil al-Abed, cidade na região do
Sinai, no nordeste do país, localizada a 211km da capital, Cairo. Segundo
testemunhas, dezenas de homens chegaram ao local em veículos 4x4 e o
bombardearam antes de abrir fogo contra os fiéis. Eles ainda teriam incendiado
veículos estacionados nos arredores para bloquear o acesso ao templo.
Na mesquita alvo do atentado costumam reunir-se seguidores do sufismo,
uma corrente mística do Islã. Como se sabe, alguns grupos jihadistas, inclusive
do Estado Islâmico (EI), consideram hereges essas pessoas. No final do ano
passado, o chefe da polícia religiosa do EI, depois de o grupo extremista
decapitar dois idosos que seriam clérigos da citada religião, prometeu que os
sufistas que não se arrependessem seriam mortos.
Na mesma região, diversos atentados já ocorreram contra a população
copta cristã do Egito, que é a maior comunidade cristã do Oriente Médio.
Quando falamos de sentimento religioso, referimo-nos, evidentemente, ao
sentimento de religiosidade, que tanto falta nos faz numa época em que os
ideais do materialismo grassam por todo o mundo e no qual o desejo de ter – ter
coisas, dinheiro, prestígio, poder – é a máxima aspiração de grande parte dos
que habitam nosso orbe.
Desenvolver o sentimento de religiosidade seria, conforme Allan Kardec,
um dos três principais efeitos do Espiritismo para os que o compreendem e nele
veem algo a mais do que somente fenômenos. (Cf. O Livro dos Espíritos, Conclusão, parte VII.)
O segundo efeito é fortalecer – nas mesmas pessoas que entendem qual é
a natureza e a finalidade do Espiritismo – a resignação nas vicissitudes da
vida. “O Espiritismo dá a ver as coisas de tão alto, que, perdendo a vida
terrena três quartas partes da sua importância, o homem não se aflige tanto com
as tribulações que a acompanham. Daí, mais coragem nas aflições, mais moderação
nos desejos”, disse Kardec.
O terceiro efeito é, por fim, estimular no homem a indulgência para com
os defeitos alheios.
O verdadeiro espírita, em face disso, jamais poderá cultivar ou apoiar
atos de radicalismo, de preconceito ou de intolerância, cujos frutos amargos
deveremos ainda, infelizmente, colher em nosso planeta por um bom tempo, em
face da condição de atraso geral que caracteriza a maioria dos habitantes da
Terra.
Que este texto possa servir de meditação por todos nós, sob a
influência da data que hoje se festeja, quando recordamos o nascimento do nosso
mestre e irmão maior Jesus de Nazaré.
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