domingo, 28 de janeiro de 2018






Um olhar sobre os males da vida e suas causas

O tema provas e expiações, mecanismos básicos no processo evolutivo, já foi por nós examinado em diversas ocasiões.
O leitor, ainda que neófito em matéria de Espiritismo, já leu certamente artigos e comentários que nos informam que o planeta Terra é classificado pelos instrutores espirituais como um mundo de expiação e provas, o que explica os inumeráveis problemas de ordem moral que caracterizam nosso orbe.
Espíritos ainda em evolução, mais próximos da animalidade que da angelitude, é evidente que não nascemos neste mundo por acaso, uma vez que o acaso não existe e que tudo na vida obedece a um meticuloso planejamento, ainda que não nos demos conta disso.
A necessidade de expiar as tolices cometidas, eis uma das razões por que aqui estamos. A outra razão, inerente ao processo evolutivo, é experimentar situações que revelem o grau de maturidade – intelectual e moral – que tenhamos atingido.
O tema é tratado em várias obras de Allan Kardec e por autores inúmeros, encarnados e desencarnados.
Na obra em que examina os ensinos morais do Cristo, Allan Kardec nos oferece informações valiosas sobre os chamados males da vida, que ele divide, para fins de estudo, em duas partes: uma constituída dos males que o homem não pode evitar, isto é, que ocorrem independentemente do seu procedimento; e a outra composta pelas tribulações de que ele se constituiu a causa primária, decorrentes de sua incúria ou de seus excessos.
Esta segunda parte, diz o codificador da doutrina espírita, excede, em quantidade, de muito a primeira. (Cf. O Evangelho segundo Espiritismo, cap. XXVII, item 12.)
Eis alguns exemplos mencionados por Allan Kardec de alguns dos males que o homem não pode evitar, mas cujo número, como vimos, é inferior aos males que compõem a segunda parte: 
- perda de entes queridos ou dos que são o amparo da família; 
- acidentes que nenhuma previsão pôde impedir; 
- reveses da fortuna, que frustram todas as precauções aconselhadas pela prudência; 
- flagelos naturais; 
- enfermidades de nascença, sobretudo as que tiram a tantos infelizes os meios de ganhar a vida pelo trabalho; 
as deformidades, a idiotia, o retardamento mental; mortes de crianças em tenra idade etc. (Cf. O Evangelho segundo Espiritismo, cap. V, item 6.)
Os males e tribulações descritos nos exemplos acima remetem, na visão espírita, a causas ligadas às existências anteriores daqueles que os suportam, em face do axioma segundo o qual todo efeito tem uma causa e, portanto, tais males são efeitos que hão de ter uma causa e, desde que admitamos um Deus justo e misericordioso, essa causa também há de ser justa.
Outra informação muito importante e que explica a função e a finalidade das provas no processo evolutivo da criatura humana encontramos no texto abaixo reproduzido, de autoria de Allan Kardec:
“Não há crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo denote a existência de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas buscadas pelo Espírito para concluir a sua depuração e ativar o seu progresso. Assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação.
Provas e expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o que é perfeito não precisa ser provado. Pode, pois, um Espírito haver chegado a certo grau de elevação e, nada obstante, desejoso de adiantar-se mais, solicitar uma missão, uma tarefa a executar, pela qual tanto mais recompensado será, se sair vitorioso, quanto mais rude haja sido a luta.
Tais são, especialmente, essas pessoas de instintos naturalmente bons, de alma elevada, de nobres sentimentos inatos, que parece nada de mau haverem trazido de suas precedentes existências e que sofrem, com resignação toda cristã, as maiores dores, somente pedindo a Deus que as possam suportar sem murmurar. Pode-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que provocam queixas e impelem o homem à revolta contra Deus. Sem dúvida, o sofrimento que não provoca queixumes pode ser uma expiação; mas é indício de que foi buscada voluntariamente, antes que imposta, e constitui prova de forte resolução, o que é sinal de progresso. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, item 9.)




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