Como devem agir os que se dizem cristãos
Algo
que surpreende a todos nós no Brasil é a falta de comprometimento com a causa
do Evangelho por parte de um número expressivo de pessoas que em nosso país se
dizem cristãs, um contingente que perfaz cerca de 90% da população brasileira.
Os números do Censo que apontam esse percentual podem ser verificados em uma
reportagem publicada na revista O
Consolador. Eis o link: https://goo.gl/YLPQ2p
É
seguramente essa falta de comprometimento que explica o nível de violência, corrupção
e decadência moral, de que a imprensa brasileira nos dá conta diariamente.
Em
um país com um percentual tão elevado de pessoas supostamente cristãs, o quadro
social e econômico deveria ser, necessariamente, diferente. Mas não é o que se
vê, porquanto os fatos demonstram que a sociedade brasileira se encontra, em
seus mais variados setores, distanciada daquilo que se pode considerar uma
vivência cristã legítima.
“Meus
discípulos serão conhecidos por muito se amarem”, eis uma frase de Jesus que
ninguém ignora. Chegaremos um dia a vê-la plenamente realizada?
A
vivência cristã legítima, como é fácil deduzir meditando nas lições do
Evangelho, implica um clima de convivência social em que a fraternidade impera
e na qual todos se ajudam e se socorrem, buscando dirimir, solidariamente, suas
dificuldades e problemas.
Viver
a mensagem do Evangelho é conviver com o próximo, aceitando-o tal qual é, com
seus defeitos e imperfeições, sem a pretensão de corrigi-lo. O cristão de
verdade inspira o semelhante com bondade, para que ele mesmo desperte e mude de
conduta por decisão própria, jamais por imposição de terceiros.
Isolar-se
do mundo, a pretexto de crescer espiritualmente, não passa de uma experiência
já tentada no passado, em que o egoísmo predomina, porque afasta a pessoa da
luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da caridade.
Conforme
o que aprendemos na doutrina espírita, tal procedimento é um equívoco,
porquanto não pode agradar a Deus uma vida em que o indivíduo, deliberadamente,
decide não ser útil a ninguém. Evidentemente, não nos referimos aqui aos que se
afastam do nosso meio para buscar no retiro a tranquilidade reclamada por
certas ocupações, nem aos que se recolhem a determinadas instituições fechadas
para se dedicarem, amorosamente, ao socorro dos desgraçados. Esses, apesar de
afastados da convivência social, prestam, indiscutivelmente, excelentes
serviços à sociedade e adquirem duplo mérito porque têm a seu favor, além da
renúncia às satisfações mundanas, a prática das leis do trabalho e da caridade
cristã.
Segundo
Joanna de Ângelis, ao descer das Regiões Felizes ao vale das aflições para nos
ajudar, Jesus mostrou-nos como devem agir os que se dizem cristãos. Ele não
convocou a si os privilegiados, mas os infelizes, os rebeldes, os rejeitados,
suportando suas mazelas e amando-os.
Recordando
o exemplo do Mestre, a mentora espiritual de Divaldo P. Franco nos recomenda (Leis Morais da Vida, cap. 31):
“Atesta a tua
confiança no Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os
irmãos mais inditosos que tu mesmo.
Sê-lhes a lâmpada
acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada esperes dos
outros.
Sê tu quem ajuda,
desculpa, compreende.
Se eles te enganam ou
te traem, se te censuram ou te exigem o que te não dão, ama-os mais, sofre-os
mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.
Se conseguires
conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los companheiros, terás
logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre refletido no trato,
no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais ascendes na direção
de Deus.”
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