Politeísmo e
paganismo
Este é o módulo 123 de uma série que
esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita.
Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para
leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para
leitura.
Questões para debate
1. Em que consiste o politeísmo?
2. Quantos e quais são os principais sistemas do politeísmo?
3. Paganismo e politeísmo são a mesma coisa?
4. Segundo J. Lubboch, a história religiosa da Humanidade divide-se em
seis períodos. Quais são eles?
5. Onde, segundo Emmanuel, se encontra a gênese das religiões da
Humanidade?
Texto para leitura
Politeísmo implica a
crença em uma pluralidade de deuses
1. Ensina o Espiritismo, na questão 667 d´O Livro dos Espíritos,
que a concepção de um Deus único não poderia existir no homem senão como
resultado do desenvolvimento de suas ideias. Incapaz de conceber um ser
imaterial, sem forma determinada, o homem conferiu-lhe atributos da natureza
corpórea e desde então tudo o que parecia ultrapassar os limites da
inteligência comum era, para ele, uma divindade, uma potência sobrenatural.
2. Politeísmo é, como o próprio vocábulo indica, a crença religiosa em
uma pluralidade de deuses, ou a adoração de mais de um deus. Conforme assinalam
os Espíritos na questão 668 da obra citada, ao chamarem deus a tudo o que era
sobre-humano, os homens tomavam os Espíritos como se fossem deuses. Disso
resultou que quando um homem por suas ações, pelo seu gênio, ou por um poder
oculto que o vulgo não lograva compreender, se distinguia dos demais, faziam
dele um deus e, após sua morte, lhe rendiam culto.
3. A palavra deus tinha, entre os antigos, acepção muito ampla e não
indicava, como presentemente, uma personificação do Senhor da vida. Era uma
qualificação genérica, que se dava a todo ser existente fora das condições da
Humanidade, o que é fácil verificar estudando atentamente os atributos das
divindades pagãs.
4. Entre os vários fatores responsáveis pela criação e multiplicação dos
deuses devemos salientar: a) a personificação das forças da natureza e sua
consequente elevação ao reino da divindade; b) a divinização de antepassados e
heróis; c) a centralização política dos grandes Estados, provocando a fusão e a
unificação de culturas e crenças. Daí derivaram os três principais sistemas do
politeísmo: a idolatria – adoração de muitos deuses personificados por ídolos
grosseiros; o sabeísmo – culto dos astros e do fogo; e o feiticismo ou
fetichismo – adoração de tudo quanto impressiona a imaginação e a que se
atribui poder.
5. O vocábulo paganismo é comumente utilizado como sinônimo de
politeísmo. Em essência, ele o é mesmo, mas, do ponto de vista histórico e
teológico, não. Quando Constantino consagrou o Cristianismo como a nova
religião do Império Romano os não cristãos foram chamados de pagãos – adeptos
do paganismo. Acabaram então sendo generalizados como pagãos tanto os
politeístas propriamente ditos como os monoteístas não cristãos.
A história religiosa
da Humanidade divide-se em seis períodos
6. Os feiticistas eram, na sua origem, politeístas, como ainda se dá
entre os povos selvagens. Segundo C. de Brosses em Do Culto dos Deuses Fetiches, todas as religiões, exceto a dos
hebreus, derivaram do fetichismo, que por sua vez teve origem no medo. J.
Lubboch dividiu em seis períodos a história religiosa da Humanidade:
1º – ateísmo;
2º – fetichismo ou feiticismo (vocábulo que veio do português feitiço,
sortilégio);
3º – culto da natureza;
4º – xamanismo (religião dos xamãs, feiticeiros profissionais);
5º – antropomorfismo;
6º – crença em um Deus criador e providencial.
Não há, na antropologia, consenso geral quanto à diferenciação precisa
entre xamã, feiticeiro e sacerdote. Costuma-se empregar o termo xamã assim como
xamanismo no contexto dos povos asiáticos.
7. Em 1767 o francês N. S. Bergier defendeu a tese segundo a qual o
fetichismo se explicava pela semelhança que existe entre a mentalidade do homem
primitivo e a da criança, que empresta alma e personalidade ativa a cada um dos
objetos que a rodeiam. A etnologia comparada permitiu a E. B. Tylor retomar e
desenvolver essa ideia.
8. Estudando as origens do politeísmo e do paganismo, Emmanuel em seu
livro A Caminho da Luz afirmou que a
gênese de todas as religiões da Humanidade teve origem no coração augusto e
misericordioso do Cristo, em face, evidentemente, de ser ele o diretor
espiritual do orbe terrestre. Para tanto, de tempos em tempos, ele envia
mensageiros à Terra para ensinar e difundir as verdades evangélicas, que são
recepcionadas e interpretadas segundo o nível evolutivo de cada época.
9. Constitui, portanto, erro crasso julgar como bárbaros e pagãos os
povos terrenos que ainda não conhecem diretamente as lições do Evangelho,
porquanto a sua desvelada assistência acompanhou e ainda acompanha a evolução
das criaturas em todas as latitudes do planeta. A história da China, da Pérsia,
do Egito, da Índia, como a dos árabes, dos israelitas, dos celtas, dos gregos e
dos romanos, está alumiada pela luz dos seus poderosos emissários e muitos
deles tão bem se houveram, no cumprimento dos seus deveres, que foram havidos
como sendo o próprio Cristo em reencarnações sucessivas e periódicas.
10. Outro alerta que Emmanuel nos faz na referida obra é sobre a unidade
substancial das religiões. Afirma o conhecido mentor espiritual que todos os
livros e tradições religiosas da Antiguidade guardam entre si a mais estreita
unidade substancial. As revelações evolucionam numa esfera gradativa de
conhecimento e todas se referem ao Deus impersonificável, que é a essência da
vida de todo o Universo.
Apêndice:
Mito – É uma narração poética referente ao nascimento, vida e feitos dos
antigos deuses e heróis do paganismo.
Mitologia – É o estudo dos mitos. Nem toda religião está ligada a uma
mitologia, mas as religiões politeístas oferecem, em princípio, matéria própria
à imaginação mítica.
Origens dos mitos – Guardam relação com a observação da natureza e seus
variados e multiformes elementos. A imaginação humana personificou os fenômenos
naturais e os imaginou como individualidades livres, independentes, cuja
atuação estava submetida a invariáveis leis morais e dotadas de uma
corporeidade muito próxima da forma humana.
Evolução dos mitos – A mitologia grega era muito mais rica que a dos
romanos e de outros povos, devido ao fato de o espírito helênico ter sido
altamente criador e o romano mais prático.
Fontes da mitologia – Baseiam-se no legado dos poetas gregos e latinos,
dentre os quais se destaca Homero.
Como eram os deuses – A aparência dos deuses era totalmente humana,
embora melhorada, mais bela e majestosa. Mais fortes, mais vigorosos, possuíam
todas as faculdades humanas em escala ampliada. Necessitavam, como os homens,
do sono, da comida e da bebida, e andavam vestidos, sobretudo as deusas, que
escolhiam as vestes e os adornos com capricho. Seu nascimento era semelhante ao
dos homens, mas os deuses eram precoces e o período da infância bem reduzido.
Imortais, nunca envelheciam nem eram atingidos por doença alguma. Moralmente,
eram muito superiores aos mortais, e porque a maldade, a impureza e a injustiça
os aborreciam, não hesitavam em castigar as maldades e injustiças humanas. Os
deuses, embora sua superioridade física, moral e espiritual, estavam presos aos
seus destinos, fixados desde a eternidade e passavam a vida desocupados,
buscando toda a sorte de divertimentos e passatempos.
Sacrifícios – Os povos primitivos e politeístas adoravam os deuses por
meio de oferendas, cultos, rituais que, geralmente, comportavam sacrifícios de
animais ou de seres humanos.
Respostas às questões
propostas
1. Em que consiste o
politeísmo?
Politeísmo é, como o próprio vocábulo indica, a crença religiosa em uma
pluralidade de deuses, ou a adoração de mais de um deus.
2. Quantos e quais
são os principais sistemas do politeísmo?
Os principais sistemas do politeísmo são: a idolatria – adoração de
muitos deuses personificados por ídolos grosseiros; o sabeísmo – culto dos
astros e do fogo; e o feiticismo ou fetichismo – adoração de tudo quanto
impressiona a imaginação e a que se atribui poder.
3. Paganismo e
politeísmo são a mesma coisa?
Em essência, sim, mas do ponto de vista histórico e teológico, não.
Quando Constantino consagrou o Cristianismo como a nova religião do Império
Romano os não cristãos foram chamados de pagãos – adeptos do paganismo.
Acabaram então sendo generalizados como pagãos tanto os politeístas
propriamente ditos como os monoteístas não cristãos.
4. Segundo J.
Lubboch, a história religiosa da Humanidade divide-se em seis períodos. Quais
são eles?
Eis os seis períodos, conforme J. Lubboch: 1º – ateísmo; 2º – fetichismo
ou feiticismo (vocábulo que veio do português feitiço, sortilégio); 3º – culto
da natureza; 4º – xamanismo (religião dos xamãs, feiticeiros profissionais); 5º
– antropomorfismo; 6º – crença em um Deus criador e providencial.
5. Onde, segundo
Emmanuel, se encontra a gênese das religiões da Humanidade?
A gênese de todas as religiões da Humanidade teve origem no coração
augusto e misericordioso do Cristo, em face de ser ele o diretor espiritual do
orbe terrestre e, à vista disso, por haver enviado, de tempos em tempos,
mensageiros à Terra para ensinar e difundir as verdades evangélicas, que foram
recepcionadas e interpretadas segundo o nível evolutivo de cada época.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
questões 667 a 669.
A Caminho da Luz, de Emmanuel,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, pp. 17 a 33, 83 e 84.
Enciclopédia Delta
Larousse, 2ª edição, 1967, volume 4, pp. 1733 e 1780.
Dicionário de
Ciências Sociais, FGV, 1986, pág. 921.
Observação:
Eis os links que
remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 120 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/02/a-obsessao-infantil-eos-ovoides-este-e.html
Módulo 121 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/02/obsessao-e-loucura-este-e-o-modulo-121.html
Módulo 122 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/03/a-obsessao-e-seutratamento-este-e-o.html
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