O Tesouro dos
Espíritas
Miguel Vives y Vives
Parte 2
Damos sequência ao estudo do clássico O Tesouro dos Espíritas, de Miguel Vives y Vives, que será aqui
estudado em 16 partes, com base na tradução de J. Herculano Pires, conforme a
6ª edição publicada pela Edicel.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor
como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do
texto abaixo.
Questões preliminares
A. Que fato geralmente se dá na vida de alguém que adentra
o Espiritismo?
B. É correto pensar que nada devemos pedir a Deus e,
portanto, não existe razão para a prece?
C. Que é, segundo Miguel Vives, “Espiritismo mental”?
Texto para
leitura
14. Miguel Vives reconhece que lhe foi necessário passar
por uma grande e prolongada aflição, para receber a luz do Espiritismo. “Se
tivesse gozado de boa saúde - diz ele -, me engolfaria nas distrações do mundo
e, distraído e preocupado com as coisas da Terra, não teria dado importância ao
que hoje tanto estimo, tanto me há servido e tanto me servirá no futuro.” (PP.
28 e 29)
15. Num momento de meditação e prece, Vives diz ao Senhor
da vida: “Quando reflito no drama do Calvário, e vejo submetido a tanto sofrimento
e tanta dor o Ser maior que veio encarnar-se neste mundo, exclamo: Se Ele, que
era e é mais do que todos os que habitam a Terra, não veio cingir uma coroa e
empunhar um cetro, mas fazer-se o mais humilde, o servidor de todos, o que
curou as dores da Humanidade, o que sofreu todas as impertinências, todos os
suplícios, e deu tão grande exemplo de paciência, humildade e perdão, é que o
Pai, é que Vós, Senhor, não admitis categorias nem grandezas humanas, nem
ostentação, mas apenas virtude, amor, pureza, sacrifício e caridade. Assim,
concluo: a vossa lei exalta o abatido, consola o aflito, e o mais humilde é
para Vós o maior, se for virtuoso e bom”.
(PP. 29 e 30)
16. O capítulo inicial do livro fala de Deus. Miguel Vives
diz que quando o homem, venha de onde vier, entra no Espiritismo, abre-se ante
ele um campo tão vasto de investigações, cuja grandeza de momento ele não sabe
avaliar. À medida que vai ampliando seus estudos e suas experiências, mais
ampla se torna a perspectiva do que antes lhe era desconhecido, e em tudo
começa a ver a grandeza de Deus. (P. 33)
17. Vendo o que significa sua individualidade nesta
Criação, compreende que sua vida é eterna e que não se encontra aqui por acaso,
mas que sua existência está ligada ao concerto universal da Criação. (PP. 33 e
34)
18. Essa impressão, recebida ao converter-se ao
Espiritismo, deve todo espírita procurar guardar e até aumentar, porque –
assevera Miguel Vives – disso depende seu progresso. “Digo isso porque, passado
o momento das primeiras impressões, o espírita começa a esquecer-se do respeito
e da adoração que deve ao Pai, incorrendo numa falta de agradecimento, que vai
aos poucos separando-o de influências que lhe são muito necessárias, no curso
da sua vida no planeta.” (P. 35)
19. Alguns espíritas dizem que nada se deve pedir a Deus,
porque Ele não derrogará suas leis e porque tudo já nos deu. “Maneira errada de
pensar”, afirma Miguel Vives. (P. 35)
20. Da mesma maneira que um homem que tem maus pensamentos
atrai sobre ele influências que o impulsionam ao mal, o homem que formula bons
pensamentos e possui desejos bons atrairá sobre ele boas influências. É o que
se dá com a prece. (P. 36)
21. Ora, se os desejos e os pensamentos bons atraem boas
influências, quanto mais não deverá atraí-las aquele que saiba amar o Pai,
adorá-lo e procurar seguir seus mandamentos? Assim, aquele que ora pode, sem
derrogação das leis divinas e sem obtenção de privilégios, atrair influências
que lhe serão muito proveitosas no curso de sua existência. Aliás, se os
espíritas nos houvéssemos firmado nessa posição, buscando praticar o amor
divino, não estaríamos tão disseminados e desunidos como estamos. Poucos são os
Centros Espíritas em que não tenha havido dissensões, fato que não ocorreria se
o amor e a adoração do Pai reinassem no coração de cada espírita. (PP. 36 e 37)
22. Miguel Vives diz ter conhecido espíritas que tudo
confiavam ao seu critério e ao seu saber, esquecendo-se de manter vivo o amor a
Deus e de outras práticas adiante tratadas neste livro. Suas conversas, seus
procedimentos, suas maneiras, por causa disso, quase não se distinguem dos
homens vulgares. Embora creiam no Espiritismo, trata-se apenas de um
Espiritismo mental, que não domina o coração. Por isso, em muitos atos da vida,
pouco divergem dos que não conhecem a Doutrina. “Daí a razão de existirem
espíritas que não fazem nenhum mal, mas que também não praticam nenhum bem, e
que por um simples descuido caem no ridículo, prejudicando então a propaganda
da doutrina que sustentam.” (P. 38)
23. O amor a Deus
pode atrair certas influências para o espírita que o procure avivar em seu
coração e saiba transportar-se ao infinito através da prece, dessas expansões
da alma, da oração que é acompanhada pelo sentimento, que edifica, que consola,
que brota do mais fundo da alma. (PP. 39 e 40)
24. Essa forma de oração é tão necessária a todo espírita
que, segundo Miguel Vives, quem dela prescinde não se elevará às qualidades
morais necessárias a um bom espírita. E ainda mais: quem dela prescinde não
poderá alcançar, quando voltar ao mundo espiritual, a condição de Espírito de
luz, a menos que seus trabalhos na Terra tenham sido pautados pela caridade e
pelo amor ao próximo, o que é tão raro neste mundo. (P. 40)
25. A Humanidade está cheia de erros, de maldade, de
hipocrisia, de egoísmo, de orgulho. Cada um de nós despende alguma coisa de si
mesmo, daquilo que é, neste mundo. Coloquemos um espírita em meio de toda essa
imperfeição, e apesar de suas crenças ele se contagiará nessa atmosfera geral.
Se esse espírita não dispõe do meio de se livrar das más influências que o envolvem,
é impossível que se conserve prudente, circunspecto, tolerante, justiceiro. (P.
41)
26. É por isso que o espírita, para livrar-se dos vícios,
deve saturar-se de fluidos e influências superiores aos que nos rodeiam neste
mundo, e para que eles nos envolvam é preciso pôr-nos em condições de
recebê-los. (P. 41)
Respostas às
questões preliminares
A. Que fato
geralmente se dá na vida de alguém que adentra o Espiritismo?
Diz Miguel Vives que se abre diante dessa pessoa um campo
tão vasto de investigações cuja grandeza de momento ela não sabe avaliar. À
medida, porém, que vai ampliando seus estudos e suas experiências, mais ampla
se torna a perspectiva do que antes lhe era desconhecido e em tudo começa a ver
a grandeza de Deus. Vendo o que significa sua individualidade na obra da
Criação, compreende que sua vida é eterna e que não se encontra aqui por acaso,
mas que sua existência está ligada ao concerto universal da Criação. (O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia
Prático para a Vida Espírita, pp. 33 e 34.)
B. É correto
pensar que nada devemos pedir a Deus e, portanto, não existe razão para a
prece?
Alguns espíritas assim pensam, alegando que Deus não
derrogará suas leis e que Ele já nos deu tudo. “Maneira errada de pensar”,
afirma Miguel Vives. Da mesma maneira que um homem que tem maus pensamentos
atrai sobre ele influências que o impulsionam ao mal, o homem que formula bons
pensamentos e possui desejos bons atrairá sobre ele boas influências. É o que
se dá com a prece. Ora, se os desejos e pensamentos bons atraem boas
influências, quanto mais não deverá atraí-las aquele que saiba amar o Pai,
adorá-lo e procurar seguir os seus mandamentos? Assim, aquele que ora pode, sem
derrogação das leis divinas e sem obtenção de privilégios, atrair influências
que lhe serão muito proveitosas no curso de sua existência. (Obra citada, pp.
35 a 37.)
C. Que é,
segundo Miguel Vives, “Espiritismo mental”?
Diz ele ter conhecido espíritas que tudo confiavam ao seu
critério e ao seu saber, esquecendo-se de manter vivo o amor a Deus e de
observar outras práticas adiante tratadas em seu livro. Suas conversas, seus
procedimentos, suas maneiras, por causa disso, quase não se distinguem dos
homens vulgares. Embora creiam no Espiritismo, esse é apenas um Espiritismo
mental, que não domina o coração. Por isso, em muitos atos da vida, pouco
divergem dos que não conhecem a Doutrina. “Daí a razão de existirem espíritas
que não fazem nenhum mal, mas que também não praticam nenhum bem, e que por um
simples descuido caem no ridículo, prejudicando então a propaganda da doutrina
que sustentam.” É a isso que Miguel Vives chama de “Espiritismo mental”, que
não produz frutos nem obras. (Obra citada, pp. 38 e 39.)
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