sábado, 6 de julho de 2019




Pássaros sem asas

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Enquanto eu corria no Eixão de Brasília, como acontece todos os domingos pela manhã, refletia no quanto é sofrida a vida de milhões de cidadãos... Esse sentimento surgiu, no âmago do meu ser, após minha visão renovada de pessoas morando debaixo das pontes da Capital Federal, algumas delas com filhos pequenos.
O tempo passa, e pouca coisa muda, em relação a políticas públicas benéficas aos cidadãos mais sofridos do nosso país, que vêm, em grande parte, do Nordeste para as grandes capitais, como Brasília, Rio, Minas e São Paulo. Por isso, lembrei-me de poema que escrevi há 29 anos: Maria da Ponte, publicado na antologia Poemas & Poetas II, da Litteris Editora, em 1990, e na crônica “Em dia com o Machado 199”, de 17/2/2016.
O poema relata o drama de uma jovem de menos de trinta anos,  despejada de seu barracão por uma empresa brasiliense, que ficou sem outra saída a não ser ir morar com seus seis filhos debaixo de uma das pontes da Capital.
Com esse mesmo sentimento compassivo, o padre Zezinho gravou a música Oração pela família, que também aborda seu desejo de não ver nenhuma família morar “debaixo da ponte”. O link de acesso à letra e música está no final desta crônica.
O Brasil está “quebrado” economicamente. Nossos governantes precisam minimizar sua ambição pelo poder e pela riqueza e atender aos anseios da população. Para isso, grande parte do nosso povo saiu às ruas, novamente, neste dia 30 de junho de 2019, apoiando a aprovação, pelo Congresso Nacional, da Reforma da Previdência, entre outras medidas, como a do combate à corrupção e à criminalidade.
Então, como cidadão cristão-espírita, desejei que o Cristo se fizesse presente em todas as famílias. Mais ainda, almejei que os adeptos de outras crenças e os ateus fossem respeitados em seus direitos de livre manifestação do pensamento, desde que a recíproca seja verdadeira.
Como todo poeta, idealizei uma administração honesta e eficiente do governo brasileiro. Imaginei o dia em que os gestores da verba pública a utilizarão em melhorias das condições de nossos hospitais, escolas, ruas, saneamento básico e segurança sem desvio de um centavo.
Sonhei com um Brasil em que cada prefeito dos 5.570 municípios, subdivididos em 10.496 distritos e 683 regiões administrativas dava conta, com honestidade e amor ao povo, da verba recebida para proporcionar serviços públicos eficientes e concluídos em sua gestão.
Aspirei a uma instrução escolar em que todos os brasileiros e estrangeiros aqui residentes obtivessem formação baseada nos princípios espirituais milenares e formação intelecto-moral. Que os professores fossem respeitados e valorizados, com oportunidades permanentes de aperfeiçoamento e atualização de seus conhecimentos técnicos, além de salários compatíveis com o alto nível de seu apostolado.
Visualizei nossos vastos campos ocupados por agricultores felizes, multiplicando por cem nossa produção agrícola, e o Brasil se tornando o “celeiro do mundo”. Também, em meus devaneios, sonhei que nossa indústria e tecnologia estavam à altura das nações mais desenvolvidas do planeta. E, oh, maravilha! vi nossas estradas, ferrovias, espaço aéreo e marítimo amplos e perfeitos, escoando, sem prejuízo, nossa produção interna e externa; além de facilitar o direito de ir e vir de todo cidadão.
Desejei que nossos médicos e especialistas da área médica e correlatas tivessem acesso, igualmente, à permanente atualização de seus conhecimentos, além da residência médica. E que seus salários e condições de trabalho fossem compatíveis com sua atividade missionária.
Almejei oportunidades justas de formação, trabalho, qualificação e remuneração a todos. Que cada pessoa, independentemente da profissão exercida, guardadas as diferenças pessoais, resultantes dos esforços nos estudos e na produtividade, tivesse ocupação e salário compatível com a aquisição de sua moradia, alimentação, vestuário e lazer.
Sobretudo, ainda sonho com o dia em que a fé de todos seja grande, sincera, e os missionários cristãos pautem suas existências pelo fiel cumprimento, na prática diária, dos elevados conceitos que recomendam do alto dos púlpitos. E que ninguém precise morar debaixo das pontes e marquises de edificações públicas. 
O Brasil precisa olhar piedosamente essas pessoas. O ideal seria, também, que a reforma da Previdência, em nosso país, começasse pela reforma do caráter de muitos políticos, que deveriam contentar-se com um teto salarial justo, que começa pela redução dos seus altos proventos.
Por enquanto, ainda vemos nas ruas nossos irmãos desprovidos de quase tudo. São como aves sem asas. Algumas delas jazem nas ruas da Asa Norte; outras, na Asa Sul do chamado Plano Piloto de Brasília. Por isso, fiz sua analogia metafórica com pássaros desprovidos de asas... 
Para acabar com a miséria dos párias sociais, é preciso que nos cristianizemos. E isso só será possível quando, não somente os agentes públicos, como todos nós nos conscientizarmos de que somos,  igualmente, responsáveis pela exclusão social desses nossos irmãos...
De início, os que temos lares, ouçamos, reflitamos e vivenciemos o clamor das artes que abordam temas espirituais e sociais, como o desta música: https://www.letras.mus.br/padre-zezinho/205789/







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2 comentários:

  1. Obrigado, amigo, bom domingo. Revisei minha postagem, nesta madrugada, em meu blog, da tradução dos 19 a 23 d'O Evangelho Segundo o Espiritismo.

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