Os caracteres da perfeição
e seus obstáculos
Este é o módulo 140 de uma série que
esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita.
Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para
leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para
leitura.
Questões para debate
1. Em que consiste a perfeição humana, segundo os ensinamentos de Jesus?
2. Qual é a virtude mais meritória?
3. Qual é, dos sinais característicos da imperfeição, o mais grave?
4. Há diferença entre vício e paixão?
5. A educação pode exercer um papel importante no progresso moral do
indivíduo?
Texto para leitura
O apego às coisas
materiais é sinal notório de inferioridade
1. Quando se fala em perfeição humana, cogita-se de uma perfeição
relativa e não absoluta, porque somente Deus possui a perfeição infinita em
todas as coisas. Se fosse dado à criatura humana ser tão perfeita quanto o
Criador, ela tornar-se-ia igual a este, o que é obviamente inadmissível.
2. A perfeição humana consiste, segundo os ensinamentos de Jesus, em
amarmos os nossos inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos
pelos que nos perseguem, o que deixa claro que a essência da perfeição é a
caridade na sua mais ampla acepção, visto que implica a prática de todas as
outras virtudes.
3. Evidentemente, segundo o Espiritismo, toda a virtude tem seu mérito
próprio, porquanto indica progresso do indivíduo na senda do bem. Há virtude
sempre que resistimos voluntariamente ao arrastamento ao mal e às más inclinações;
contudo, a sublimidade da virtude é o sacrifício do interesse pessoal em
benefício do próximo, sem nenhum pensamento oculto. A mais meritória é a que
assenta na mais desinteressada caridade.
4. Reconhece-se a imperfeição espiritual por alguns sinais. O mais grave
deles é o interesse pessoal. Aliás, o desinteresse real, verdadeiro, é algo tão
raro na Terra que, quando ele se patenteia, todos o admiram como se fosse um
fenômeno.
5. O apego às coisas materiais constitui sinal notório de inferioridade.
E quanto mais se aferra aos bens deste mundo, tanto menos compreende o homem o seu
destino. Com o desinteresse, ao contrário, ele demonstra que encara de um ponto
mais elevado o futuro. É, no entanto, indispensável não confundir desinteresse
com prodigalidade. Se o desinteresse é uma virtude, a prodigalidade irrefletida
constitui sempre falta de juízo.
A paixão não é, em
sua origem e em sua essência, um mal
6. Tornar-se um homem de bem é o primeiro passo para quem deseja
alcançar a perfeição, tendo-se em vista que homem de bem é aquele que pratica a
lei de justiça, amor e caridade na sua maior pureza e usa sempre de compreensão
e de misericórdia para com o próximo.
7. O egoísmo, qual verme roedor, continua a ser um mal que se alastra
por toda a parte e do qual cada pessoa é mais ou menos vítima. É preciso, pois,
combatê-lo, como se combate uma enfermidade epidêmica.
8. Além de combater os vícios que porventura ainda apresente, deve o
Espírito imperfeito lutar também contra qualquer subjugação pelas paixões.
9. Nesse sentido, uma distinção entre vício e paixão torna-se aqui
necessária. Vício é tudo o que é contrário à virtude, como o egoísmo, o
orgulho, a vaidade, o exibicionismo, a ira, a maledicência, a hipocrisia, a
avareza, o ciúme, a inveja, a preguiça, além dos hábitos que geram dependência
física e psíquica.
10. A paixão não é, em sua origem e em sua essência, um mal, porquanto o
princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem e pode levá-lo à
realização de grandes coisas. As paixões são como um corcel, que só tem
utilidade quando governado e que se torna perigoso quando passa a governar. O
abuso delas é, por conseguinte, o que causa o mal.
A educação constitui
a chave do progresso moral
11. As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o
auxiliam na execução dos desígnios da Providência; mas o homem desavisado, em
vez de as dirigir, permite que elas o dirijam e cai desse modo nos excessos,
fato que pode esmagá-lo, porque se verifica então, em última análise, a
exageração de uma necessidade ou de um sentimento.
12. Combatendo os vícios e não se deixando dominar pelas paixões, o
indivíduo caminhará de modo firme em direção à perfeição, o que, evidentemente,
não se realizará de um momento para outro.
13. Conhecidas as causas e identificado o mal a combater, o remédio se
apresentará por si mesmo, cabendo a ele tão somente destruí-lo, se não
totalmente, ao menos parcialmente.
14. Poderá ser longo o processo, desde que numerosas sejam as causas,
mas não infinito. A cura, no entanto, só se obterá se o mal for atacado em sua
raiz, ou seja, pela educação, não por essa espécie de educação que se preocupa apenas
em tornar os homens instruídos, mas pela que tende a fazê-los homens de bem.
15. A educação convenientemente entendida constitui a chave do progresso
moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a
arte de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que
se aprumam as plantas novas. Essa arte exige, porém, muito tato, muita
experiência e profunda observação.
Respostas às questões
propostas
1. Em que consiste a
perfeição humana, segundo os ensinamentos de Jesus?
A perfeição humana consiste, segundo Jesus, em amarmos os nossos
inimigos, em fazermos o bem aos que nos odeiam, em orarmos pelos que nos
perseguem, o que deixa claro que a essência da perfeição é a caridade na sua
mais ampla acepção, visto que implica a prática de todas as outras virtudes.
2. Qual é a virtude
mais meritória?
Toda virtude tem seu mérito próprio, porquanto indica progresso do
indivíduo na senda do bem, mas a mais meritória é a que assenta na mais
desinteressada caridade.
3. Qual é, dos sinais
característicos da imperfeição, o mais grave?
O mais grave desses sinais é o interesse pessoal. O apego às coisas
materiais constitui sinal notório de inferioridade.
4. Há diferença entre
vício e paixão?
Sim. Vício é tudo o que é contrário à virtude, como o egoísmo, o
orgulho, a vaidade, o exibicionismo, a ira, a maledicência, a hipocrisia, a
avareza, o ciúme, a inveja, a preguiça, além dos hábitos que geram dependência
física e psíquica. A paixão não é, em sua origem e em sua essência, um mal,
porquanto o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem. As
paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se
torna perigoso quando passa a governar. O abuso delas é, por conseguinte, o que
causa o mal.
5. A educação pode
exercer um papel importante no progresso moral do indivíduo?
Evidentemente. A educação convenientemente entendida constitui a chave
do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se
conhece a arte de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do
mesmo modo que se aprumam as plantas novas.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
questões 893 a 896, 907, 908, 917 e 918.
O Evangelho segundo o
Espiritismo, de Allan Kardec, cap. XVII, itens 2, 3 e 8.
Religião dos
Espíritos, de Emmanuel, psicografado por Francisco Cândido Xavier, p. 124.
Observação:
Eis os links que
remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 137 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/06/a-caridade-este-e-o-modulo-137-de-uma.html
Módulo 138 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/06/amor-materno-e-amorfilial-este-e-o.html
Módulo 139 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/07/conduta-com-relacaoao-proximo-em-face.html
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Esse estudo é indispensável por todos nós caminhantes pela estrada evolutiva. Vou ler de novo e estudar também, é claro.
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