quinta-feira, 13 de agosto de 2020



O Livro dos Médiuns

Allan Kardec

Parte 9

Continuamos o estudo metódico de “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:

65. Os Espíritos voltam ao local onde foram enterrados?
Geralmente, não. O corpo era apenas uma vestimenta e eles não se importam, com o invólucro que os fez sofrer, mais do que o prisioneiro com suas cadeias. A lembrança das pessoas que lhes são queridas é a única coisa à qual eles dão valor. (O Livro dos Médiuns, item 132, parágrafo 8.)
66. Que é tiptologia?
É a linguagem das pancadas. As primeiras manifestações inteligentes foram obtidas por pancadas, que ofereciam recursos muito limitados à comunicação com os Espíritos. As pancadas eram obtidas de dois modos por médiuns especiais. O primeiro, a que se deu o nome de tiptologia pelo básculo, consistia no movimento da mesa que se levanta de um lado e depois cai, batendo com o pé. Bastava para isso que o médium pousasse as mãos nos bordos da mesa. Uma pancada significava sim e duas, não. O inconveniente estava na brevidade das respostas e na dificuldade de se formular perguntas de modo a conseguir-se um sim ou um não. Depois surgiu a tiptologia alfabética, em que cada letra do alfabeto era designada por um certo número de pancadas, isto é, uma pancada para o a, duas para o b, e assim por diante. Esse método é também muito moroso e, por isso, surgiu um modo de uso mais corrente, em que a pessoa tinha diante de si um alfabeto inteiramente escrito, bem como a série de números marcando as unidades. Enquanto o médium está na mesa, uma outra pessoa percorre sucessivamente as letras do alfabeto, se se trata de uma palavra, ou a dos números; ao chegar à letra necessária, a mesa bate por si mesma uma pancada e se escreve a letra, e por aí prosseguia a experimentação. Mais tarde utilizou-se a chamada Mesa-Girardin, em lembrança ao uso que dela fazia a senhora Emília de Girardin. Esse instrumento consiste em uma tampa de mesa móvel, de 30 a 40 centímetros de diâmetro, girando livre e facilmente sobre seu eixo, como uma roleta. Ao seu redor, na superfície, estão desenhados os números, as letras e as palavras sim e não. No centro há uma agulha fixa. Ao pousar o médium seus dedos no bordo da mesinha, esta gira e para quando a letra desejada está sob a agulha. (Obra citada, itens 139 a 144.)
67. Os Espíritos que se comunicam por meio de pancadas são chamados Espíritos batedores?
Não. A tiptologia é um meio de comunicação como qualquer outro e não é menos digno dos Espíritos elevados do que a escrita ou a palavra. Os Espíritos que se valem de pancadas não são, por esse motivo, Espíritos batedores. Este nome deve ser reservado para aqueles que se podem chamar batedores de profissão e que por esse meio gostam de fazer coisas para divertir um grupo. São Espíritos inferiores, a que se aplica muito bem a designação de charlatães ou saltimbancos do mundo espiritual. (Obra citada, item 145.)
68. As comunicações espíritas dividem-se em quantas categorias?
Tendo em vista a variedade infinita que existe entre os Espíritos, sob o duplo aspecto de inteligência e de moralidade, as comunicações por eles transmitidas podem agrupar-se em quatro categorias principais. Segundo suas características mais pronunciadas, elas são: grosseiras, frívolas, sérias ou instrutivas. (Obra citada, item 133.)
69. Que são comunicações instrutivas?
Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente linguagem. Aí, nessa categoria, não podemos incluir certos ensinos que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada e enfática, com que os Espíritos que os ditam, mais presunçosos do que instruídos, contam iludir os que os recebem. (Obra citada, item 137.)
70. Deve-se criticar as comunicações espíritas?
Sim. Uma comunicação espírita pode ser séria, isto é, ponderosa quanto ao assunto e elevada quanto à forma, e no entanto ser falsa. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam, de contínuo, que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica. (Obra citada, item 136.)
71. Que é médium?
Toda pessoa que sente num grau qualquer a influência dos Espíritos é médium, isto é, intermediário entre aqueles e o mundo corpóreo. Essa faculdade é inerente ao homem e, por isso, não constitui um privilégio exclusivo. Poucas pessoas há que não revelem rudimentos da faculdade. Pode-se dizer, pois, que todos somos médiuns. Aplica-se, porém, o qualificativo de médium somente àqueles cuja faculdade medianímica é claramente caracterizada e se traduz por efeitos patentes e uma certa intensidade, o que requer um organismo mais ou menos sensitivo. É de notar, ainda, que essa faculdade não se revela em todos da mesma maneira; os médiuns têm geralmente uma aptidão especial para esse ou aquele gênero de fenômenos, o que dá tantas variedades de médiuns quantas são as espécies de manifestações. (Obra citada, item 159.)
72. Que se deve fazer quando surja espontaneamente a faculdade mediúnica num indivíduo qualquer?
O correto neste caso é deixar o fenômeno seguir seu curso normal: a natureza é mais prudente do que os homens e a Providência é sábia, porquanto, tendo seus objetivos, o menor deles poderá ser o instrumento das maiores realizações. É sempre útil, por isso, procurar pôr-se em relação com o Espírito para saber-se dele o que ele deseja. Os seres invisíveis que revelam sua presença por efeitos sensíveis são, em geral, de categoria inferior e que podemos dominar pelo ascendente moral; é este ascendente moral que é preciso adquirir-se. Para obtê-lo, faz-se necessário passar o indivíduo do estado de médium natural ao de médium facultativo, que tem plena consciência do seu poder e produz os fenômenos espíritas pelo ato de sua vontade. Desse modo, em lugar de entravar os fenômenos, o que se consegue raramente e nem sempre sem perigo, é preciso levar o médium a produzi-los por sua vontade, impondo-se ao Espírito, ao invés de ser por ele dominado. Por este meio, o médium chega a controlar o Espírito e de um dominador às vezes tirânico ele poderá fazer um ser obediente e frequentemente muito dócil. A moralização do Espírito pelos conselhos de uma terceira pessoa influente e experimentada, se o médium não reúne condições de fazê-lo, é também um meio muito eficaz. (Obra citada, item 162.)

Observação:
Para acessar a Parte 8 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/08/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte.html




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