O sentido da vida na concepção ateísta
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Anos
atrás, chamou a atenção de todos nós no Brasil uma interessante entrevista
apresentada pela Rede Globo de Televisão em seu principal programa de
variedades levado ao ar nas noites de domingo, na qual um conhecido cultor da
boa leitura e dono de uma respeitável biblioteca se declarou ateu.
Embora
já tivesse ultrapassado a faixa dos 90 anos de idade, o entrevistado disse que
considerava lamentável a diminuta duração da vida, finda a qual, como ele
entende, tudo se reduz a nada, a um monte de ossos, algo que realmente não tem
a menor graça ou o menor sentido.
Por
que um indivíduo tão culto, que já leu, segundo suas próprias palavras, cerca
de 7 mil livros, pode cultivar tal ceticismo? Será que ele imagina que a
complexa estrutura do Universo e o fabuloso mundo subatômico se devem ao acaso?
Não verá ele na exuberância do reino vegetal e na multidiversidade do reino
animal um valor mais alto do que a matéria?
O
ateísmo, como sabemos, apresenta no mundo um número ínfimo de partidários, mas
eles existem.
Certamente,
nas condições em que vivemos, não deveria haver espaço para tão acanhada e
pobre concepção das coisas, mas que se há de fazer?
Dissemos
que não deveria haver defensores do ateísmo, porque essa concepção constituiu
tão somente uma das fases – e logo a primeira – da história religiosa da
Humanidade, a qual, segundo John Lubbock, divide-se em seis períodos: 1º – o
ateísmo; 2º – o fetichismo ou feiticismo (vocábulo que veio do português
feitiço, sortilégio); 3º – o culto da natureza; 4º – o xamanismo (religião dos
xamãs, feiticeiros profissionais); 5º – o antropomorfismo; 6º – a crença em um
Deus criador e providencial.
Dizer-se
ateu e, desse modo, cultivar o ateísmo constitui postura antiquada e não condiz
com as pessoas supostamente cultas, que deveriam entender, de conformidade com
a ciência, que todo efeito tem uma causa e que, portanto, o homem, como efeito
que é, não poderia existir sem haver sido criado. A existência de um Criador,
portanto, se impõe, seja qual for o nome que se lhe dê.
Considerar
diminuta a duração da existência humana é outro equívoco cometido na entrevista
a que nos referimos, fruto da insuficiente observação das coisas, visto que a
morte é um fato de natureza física que diz respeito apenas ao corpo material,
mas não atinge a alma. Esta, como tem sido atestado por depoimentos dos
próprios “mortos”, continua a viver, a estudar, a progredir, o que foi revelado
em pesquisas realizadas por sábios ilustres do porte de William Crookes,
Ernesto Bozzano, César Lombroso, Alexandre Aksakof e tantos outros.
Se
o preconceito cultural impede o indivíduo de tomar conhecimento dessas
pesquisas e das obras que as apresentam, seria conveniente que os ateus
tivessem, pelo menos, o bom senso de dizer: “Como eu gostaria de crer na
imortalidade, mas infelizmente não tive acesso a tal informação”, acrescentando
os motivos que lhe impediram esse acesso. Afinal, numa biblioteca de 35 mil
títulos, como mostrado na entrevista veiculada pela Rede Globo, é inconcebível
que nenhuma das obras pertinentes ao chamado Espiritismo científico ali se
encontrasse.
É
compreensível que, ao não admitirem nada além da matéria, os cultores do
ateísmo considerem um despropósito a vida humana e sem nenhum sentido seus
desdobramentos, porquanto – verdade seja dita – se a morte constituísse o fim
de tudo, nenhuma razão haveria para que aqui estivéssemos.
A
morte não é, porém, o fim de tudo. Ela não passa de um episódio necessário que faz
parte das inúmeras existências que tivemos e certamente teremos neste e em
outros planetas que rolam pelo espaço infinito.
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