quinta-feira, 29 de abril de 2021

 



O Céu e o Inferno

 

Allan Kardec

 

Parte 5

 

Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.

Este estudo será publicado sempre às quintas-feiras.

Caso o leitor queira ter em mãos o texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.

Eis as questões de hoje:

 

33. Há incoerências na doutrina da Igreja acerca dos demônios?

Sim, incoerências há e são inúmeras.

Eis algumas delas:

1ª - Se Satã e os demônios eram anjos, eles eram perfeitos; como, sendo perfeitos, puderam falir a ponto de desconhecer a autoridade desse Deus, em cuja presença se encontravam? A conclusão é óbvia: Deus quis criar seres perfeitos, porquanto os favorecera com todos os dons, mas enganou-se; logo, segundo a Igreja, Deus não é infalível.

2ª - Pois que nem a Igreja nem os sagrados anais explicam a causa da rebelião dos anjos para com Deus e apenas dão como problemática a relutância deles no reconhecimento da futura missão do Cristo, que valor pode ter o quadro tão preciso e detalhado da cena então ocorrente? A que fonte recorreram, para inferir se de fato foram pronunciadas palavras tão claras e até simples colóquios?

3ª - As palavras que a Igreja atribui a Lúcifer revelam uma ignorância admirável num arcanjo. Com efeito, como poderia Lúcifer ter dito que fixaria residência acima dos astros, dominando as mais elevadas nuvens? (O Céu e o Inferno, Primeira Parte, cap. IX, itens 9 a 19.)

34. Segundo o Espiritismo, há demônios? 

No sentido que a Igreja dá a essa palavra, não há demônios. Melhor dizendo: os anjos e os demônios não são entidades distintas. Trata-se tão somente de Espíritos que, quando unidos a corpos materiais, constituem a Humanidade que povoa a Terra e outras esferas habitadas, e que, libertos do corpo material, constituem o mundo espiritual e assim povoam os Espaços. Deus criou-os perfectíveis e deu-lhes por meta a perfeição, com a felicidade que dela decorre. Em todos os graus existem, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade. Nas classes inferiores destacam-se Espíritos ainda profundamente propensos ao mal e que se comprazem com o mal. A estes pode-se denominar demônios, pois são capazes de todos os malefícios aos ditos atribuídos. O Espiritismo não lhes dá tal nome por se prender ele à ideia de uma criação distinta do gênero humano, como seres de natureza essencialmente perversa, votados ao mal eternamente e incapazes de qualquer progresso para o bem. Aqueles a quem chamamos anjos conquistaram a sua graduação, passando, como os demais, pela rota comum pela qual todos haveremos de passar. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, itens 20 e 21.)

35. Os Espíritos realizam alguma missão na obra da Natureza? 

Sim. Chegados a certo grau de pureza, os Espíritos têm missões adequadas ao seu progresso; preenchem assim todas as funções atribuídas aos anjos de diferentes categorias. (Obra citada, Primeira Parte, cap. IX, item 22.)

36. As manifestações espíritas são atribuídas pela Igreja a qual agente? 

A Igreja as atribui à intervenção dos demônios. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 4 a 6.)

37. Como foi que a Igreja deduziu que as manifestações espíritas são provocadas não por Espíritos, mas por demônios? 

A Igreja entende que são os demônios que se manifestam porque, segundo o dogma católico, as almas dos mortos demoram no lugar que lhes designa a sua justiça, e não podem colocar-se às ordens dos vivos. Assim, os seres misteriosos que acodem ao primeiro apelo do herege, do ímpio ou do crente não são enviados de Deus, nem apóstolos da verdade e da salvação, porém fatores do erro e agentes do inferno. Trata-se, como se vê, de uma conclusão baseada numa premissa jamais comprovada pelos fatos e desmentida pelos inúmeros fenômenos registrados na própria Bíblia. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 4 e 5.)

38. Como a Doutrina Espírita responde à tese da Igreja de que as manifestações espíritas são provocadas por demônios?

A melhor resposta a tais ideias é o exame das mensagens espíritas, que recomendam invariavelmente aos homens rogar a Deus, submeter-se à vontade do Pai, renunciar ao mal e praticar o bem. Ora, que espécie de demônio é esse que labora contrariamente aos seus próprios interesses? Como compreender que exalte ele, nas mensagens, a vida deliciosa dos bons Espíritos e pinte a horrorosa posição dos maus? Jamais se viu negociante realçar aos seus fregueses a mercadoria do vizinho em detrimento da sua, aconselhando-os a ir à casa dele. Nunca se viu um arrebanhador de soldados depreciar a vida militar, decantando o repouso da vida doméstica!

Dessa forma, atribuir ao demônio tão benéfica propaganda e salutar resultado é conferir-lhe diploma de tolo. E, como não se trata de simples suposição, mas de fato experimental contra o qual não há argumento, havemos de concluir que o demônio ou é um desazado de primeira ordem, ou não é tão astuto e mau como se pretende e, conseguintemente, tão temível quanto dizem, ou, então, que as manifestações espíritas não partem dele. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, itens 7 a 9.)

39. Para evocar os Espíritos, quais as condições necessárias?

Não há fórmulas sacramentais para evocar Espíritos. Quem quer que pretendesse estabelecer uma fórmula poderia ser tachado de usar de charlatanismo, visto que para os Espíritos puros a fórmula nada vale. A evocação deve ser feita sempre em nome de Deus. A mais essencial de todas as disposições para evocar é o recolhimento, quando desejarmos tratar com Espíritos sérios. Com a fé e o desejo do bem, mais aptos nos tornamos para evocar Espíritos superiores. Elevando nossa alma por alguns instantes de concentração no momento de evocá-los, identificamo-nos com os bons Espíritos, predispondo a sua vinda. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, item 10.)

40. Como se pode saber qual a categoria de um Espírito comunicante se não podemos vê-lo nem tirar informações a seu respeito?

A categoria do Espírito se reconhece por sua linguagem: os verdadeiramente bons e superiores têm-na sempre digna, nobre, lógica, imune de qualquer contradição. Sua linguagem revela sabedoria, modéstia, benevolência e a mais pura moral. Além disso, é concisa, clara e sem redundâncias inúteis. (Obra citada, Primeira Parte, cap. X, item 13.)

 

 

Observação: Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/04/blog-post_22.html

 

 

 

 

 

 

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