O Céu e o Inferno
Allan Kardec
Parte 11
Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.
Este estudo será publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o texto
consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari passu,
o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.
Eis as questões de hoje:
81. Orar sobre o túmulo
pode ajudar o desprendimento do Espírito?
Sim. O fato foi comprovado com o caso Augusto Michel, que insistiu para
que determinado médium orasse sobre seu túmulo. Feito isso, ele sentiu-se
liberto. A insistência do Espírito tinha sua razão de ser se levarmos em conta
a tenacidade dos laços que ao corpo o prendiam e a dificuldade do seu
desprendimento, em consequência da materialidade de sua existência.
Compreende-se que, mais próxima, a prece pudesse exercer uma espécie de ação
magnética mais poderosa no sentido de auxiliar o desprendimento. Kardec, aliás,
referindo-se a esse caso, deixou no ar esta pergunta: - O costume quase geral
de orar junto aos cadáveres não provirá da intuição inconsciente de um tal
efeito? (O Céu e o Inferno, Segunda
Parte, cap. IV, Augusto Michel.)
82. Que tipo de
arrependimento é mais profícuo e útil?
O arrependimento é inútil quando apenas produzido pelo sofrimento. O
arrependimento profícuo tem por base a mágoa de haver ofendido a Deus, e
importa no desejo ardente de uma reparação. Essa a razão pela qual o
arrependimento nem sempre acarreta a imediata libertação do Espírito. Mas o
predispõe para ela, sendo-lhe preciso, além disso, provar a sinceridade e a
firmeza de sua resolução, por meio de novas provações reparadoras do mal
praticado. (Obra citada, Segunda Parte, cap. IV, Lisbeth.)
83. Qual é o efeito do
orgulho sobre os indivíduos?
Orgulho, pai de todos os defeitos morais, gera a soberba, a tirania, o
egoísmo, e é, por isso mesmo, a fonte de todos os sofrimentos que acabrunham a
criatura, em decorrência da lei de causa e efeito, que rege os destinos
humanos. (Obra citada, Segunda Parte, cap. IV, Príncipe Ouran.)
84. O Espírito ainda
perturbado entende como é que se dá o fenômeno da manifestação mediúnica?
Não. O Espírito perturbado não tem liberdade de escolha e é conduzido
instintiva e atrativamente para o médium que demonstre aptidão especial para as
comunicações desse gênero. (Obra citada, Segunda Parte, cap. IV, F. Bertin, 2ª mensagem.)
85. Que acontece àqueles
que só pensam em si?
O depoimento de Clara é expressivo quanto a essa pergunta. Disse ela:
“Malditas sejam as horas de egoísmo e inércia, nas quais, esquecida de toda a
caridade, de todo o afeto, eu só pensava no meu bem-estar! Malditos interesses
humanos, preocupações materiais que me cegaram e perderam! Agora o remorso do
tempo perdido”. Comentando o caso, São Luís acrescentou: “Perguntar-se-á talvez
o que fez essa mulher para ser assim tão miserável. Cometeu ela algum crime
horrível? roubou? assassinou? Não; ela nada fez que afrontasse a justiça dos
homens. Ao contrário, divertia-se com o que chamais felicidade terrena; beleza,
gozos, adulações, tudo lhe sorria, nada lhe faltava, a ponto de dizerem os que
a viam: – Que mulher feliz! E invejavam-lhe a sorte. Mas, quereis saber? Foi
egoísta; possuía tudo, exceto um bom coração. Não violou a lei dos homens, mas
a de Deus, visto como esqueceu a primeira das virtudes – a caridade. Não tendo
amado senão a si mesma, agora não encontra ninguém que a ame e vê-se insulada,
abandonada, ao desamparo no Espaço, onde ninguém pensa nela nem dela se ocupa.
Eis o que constitui o seu tormento. Tendo apenas procurado os gozos mundanos
que hoje não mais existem, o vácuo se lhe fez em torno, e como vê apenas o
nada, este lhe parece eterno. Ela não sofre torturas físicas; não vêm
atormentá-la os demônios, o que é aliás desnecessário, uma vez que se atormenta
a si mesma, e isso lhe é mais doloroso, porquanto, se tal acontecesse, os
demônios seriam seres a ocuparem-se dela. O egoísmo foi a sua alegria na Terra;
pois bem, é ainda ele que a persegue – verme a corroer-lhe o coração, seu
verdadeiro demônio”. (Obra citada, Segunda Parte, cap. IV, Clara, itens 2 e 4.)
86. Que são as trevas?
Quando se diz que certos Espíritos estão imersos em trevas, deve-se
depreender daí uma verdadeira noite da alma comparável à obscuridade
intelectual do idiota. É uma inconsciência com relação a tudo que os rodeia, a
qual se produz quer na presença, quer na ausência da luz material. É,
principalmente, a punição dos que duvidaram do seu destino. Pois que
acreditaram em o nada, as aparências desse nada os supliciam, porque coisa
alguma percebem em torno de si, somente trevas. As trevas para o Espírito são,
em resumo, a ignorância, o vácuo, o horror ao desconhecido... (Obra citada, Segunda
Parte, cap. IV, Clara, Estudo sobre as comunicações de Clara, pergunta feita a
São Luís e mensagem assinada por Clara.)
87. Que estado sobrevém
aos suicidas?
A um suicida, Kardec perguntou se foi doloroso o momento em que a vida
dele se extinguiu. Ele respondeu: “Menos doloroso que depois”. Tal estado,
segundo São Luís, sobrevém sempre ao suicídio, porque o Espírito do suicida –
como regra geral – continua ligado ao corpo até o termo da vida que foi
abreviada. A decepção que daí advém é, portanto, muito grande. No caso do
suicida da Samaritana, ele experimentava, ainda, o suplício de sentir os vermes
a corroerem o corpo, um estado comum aos suicidas, embora nem sempre se
apresente em idênticas condições, variando de duração e intensidade conforme as
circunstâncias atenuantes ou agravantes da falta. (Obra citada, Segunda Parte,
cap. V, O suicida da Samaritana.)
88. Por que muitos
Espíritos têm dúvida sobre a própria desencarnação?
A dúvida com relação à morte é muito comum nas pessoas recentemente desencarnadas,
e principalmente naquelas que, durante a vida, não elevaram a alma acima da
matéria. É um fenômeno que parece singular à primeira vista, mas que se explica
naturalmente. Se a um indivíduo, pela primeira vez sonambulizado, perguntarmos
se dorme, ele responderá quase sempre que não, e essa resposta é lógica: o
interlocutor é que faz mal a pergunta, servindo-se de um termo impróprio. Na
linguagem comum, a ideia do sono prende-se à suspensão de todas as faculdades
sensitivas; ora, o sonâmbulo que pensa, que vê e sente, que tem consciência da
sua liberdade, não se crê adormecido, e de fato não dorme, na acepção vulgar do
vocábulo. Eis a razão por que responde “não”, até que se familiariza com essa
maneira de apreender o fato. O mesmo acontece com o homem que acaba de
desencarnar; para ele a morte era o aniquilamento do ser, e, tal como o
sonâmbulo, ele vê, sente e fala, e assim não se considera morto. E isso ele
afirmará até que adquira a intuição do seu novo estado. Essa ilusão é sempre
mais ou menos dolorosa, uma vez que nunca é completa e pode dar ao Espírito uma
ansiedade muito grande. (Obra citada, Segunda Parte, cap. V, O suicida da
Samaritana, nota de Kardec após a pergunta 18.)
Observação: Para
acessar a Parte 10 deste estudo, publicada na semana passada, clique
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