O Céu e o Inferno
Allan Kardec
Parte 10
Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 1ª edição da tradução de João Teixeira de Paula publicada pela Lake.
Este estudo será publicado sempre às
quintas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o
texto consolidado dos estudos relativos à presente obra, para acompanhar, pari
passu, o presente estudo, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#ALLAN
e, em seguida, no verbete "O Céu e o Inferno”.
Eis as questões de hoje:
73. A aflição dos pais
prejudica os filhos recém-desencarnados?
Sim. Foi exatamente isso que revelou o Espírito de Maurício Gontran, que,
no entanto, explicou que a dor de seus pais se acalmaria quando tivessem a
certeza de que a vida continua e de que ninguém, de fato, morre. (O Céu e o Inferno, Segunda Parte, cap.
II, Maurício Gontran, 1ª pergunta.)
74. Os guias ou
Espíritos protetores nos auxiliam nos momentos difíceis?
Sim. O Espírito da Srta. Emma Livry revelou que foram seu guia e os
benfeitores espirituais que deram ao seu ânimo abatido a força de suportar as
angústias e lhe refrescaram os lábios sedentos e escaldantes, além de
murmurar-lhe ao ouvido palavras de esperança e de amor. (Obra citada, Segunda
Parte, cap. II, A senhorita Emma.)
75. Há diferenças entre o desprendimento do desencarnante e o
desprendimento de um encarnado em desdobramento?
Há grande diferença entre o desprendimento do desencarnante e o de um
encarnado durante o desdobramento. Neste último caso, a matéria ainda oprime a
alma, que não pode, desse modo, desembaraçar-se radicalmente. Já o Espírito
desencarnado encontra-se livre e um vasto campo desconhecido se lhe depara,
porque não existe nada que o prenda à matéria. Essa, a explicação dada pelo
Doutor Vignal, que relatou a Kardec, anos antes, as impressões do desdobramento
por ele mencionado. (Obra citada, Segunda Parte, cap. II, Antônio Costeau,
última mensagem, e Doutor Vignal.)
76. Há diferença entre a
honestidade perante os homens e a honestidade perante Deus?
Sim; existe um abismo entre a honestidade perante os homens e a
honestidade perante Deus. Entre os homens, é reputado honesto aquele que
respeita as leis do seu país, que não prejudica o próximo ostensivamente,
embora lhe arranque muitas vezes a felicidade e a honra, visto o código penal e
a opinião pública não atingirem o culpado hipócrita. Não basta, porém, para ser
honesto perante Deus, ter respeitado as leis dos homens; é preciso antes de
tudo não haver transgredido as leis divinas. Honesto aos olhos de Deus será
aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso
dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na
vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando
aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de
servo ao qual o Senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo
finalmente na prática do amor de Deus e do próximo. (Obra citada, Segunda
Parte, cap. III, José Bré, 2ª pergunta.)
77. Poderá uma pessoa,
por esforço da própria vontade, retardar o momento da separação da alma do
corpo?
Em dadas condições, sim, pode um Espírito encarnado prolongar a
existência corporal a fim de terminar instruções indispensáveis ou por ele como
tais julgadas. Trata-se de uma concessão que se lhe pode fazer, mas essa
dilação de vida não pode deixar de ser breve, visto como não é permitido ao
homem inverter a ordem das leis naturais, bem como retornar de moto próprio à
vida, desde que ela tenha atingido o seu termo. Trata-se, pois, de uma sustação
momentânea apenas. Preciso é, no entanto, que da possibilidade do fato não se
conclua ser ele generalizado, tampouco que dependa de cada qual prolongar por
esse modo a sua existência. Como provação para o Espírito ou no interesse de
missão a concluir, os órgãos depauperados podem receber um suplemento de fluido
vital que lhe permita prolongar de alguns instantes a manifestação material do
pensamento. Esses casos são, pois, excepcionais e não fazem regra. (Obra
citada, Segunda Parte, cap. III, Senhora Anna Belle-Ville, resposta dada por
São Luís.)
78. Como situar dor e
resignação?
A resignação suaviza a dor e torna aproveitável o sofrimento; em face
disso, a pessoa acometida de dor sofre menos. Contrariamente a isso, a falta de
resignação esteriliza o sofrimento, que terá, por isso mesmo, de ser
recomeçado. (Obra citada, Segunda Parte, cap. III, Cardon e Senhora Anna
Belle-Ville; ver também cap. VIII, Um sábio ambicioso.)
79. Que ocorre, após a
morte, com as pessoas usurárias, endurecidas, egoístas ou más?
Depois da morte, os Espíritos endurecidos, egoístas ou maus são logo
presas de uma dúvida cruel a respeito do seu destino, no presente e no futuro.
Olham em torno de si e nada veem que possa aproveitar ao exercício da sua
maldade – fato que os desespera, visto como o insulamento e a inércia são
intoleráveis aos maus Espíritos. Não elevam o olhar às moradas dos Espíritos
elevados, consideram o que os cerca e, então, compreendendo o abatimento dos
Espíritos fracos e punidos, se agarram a eles como a uma presa, utilizando-se
da lembrança de suas faltas passadas, que põem continuamente em ação pelos seus
gestos ridículos. (Obra citada, Segunda Parte, cap. IV, parte inicial de
"O castigo" e Francisco Riquier.)
80. Ante a eternidade
que nos aguarda, como proceder em relação aos bens que possuímos?
O homem deve utilizar-se sobriamente dos bens de que é depositário,
habituando-se a visar a eternidade que o espera, abrindo mão, por consequência,
dos gozos materiais. Sua alimentação deve ter por exclusivo fim a vitalidade; o
luxo deve apenas restringir-se às necessidades da sua posição; os gostos, os
pendores, mesmo os mais naturais, devem obedecer ao mais sadio raciocínio; sem
isso, ele se materializa em vez de se purificar. As paixões humanas são
estreitos grilhões que se enroscam na carne e, assim, não devemos dar-lhes
abrigo. Os encarnados não sabem qual será o preço disso quando regressarem à
pátria espiritual! (Obra citada, Segunda Parte, cap. IV, Exprobrações de um
boêmio.)
Observação: Para
acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/05/blog-post_27.html
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