Revista Espírita de 1865
Allan Kardec
Parte 20 e
final
Concluímos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1865, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo foi baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção do
ano de 1865 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec,
que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada parte do
estudo, apresentado sempre às quartas-feiras, compõe-se de:
a) questões
preliminares;
b) texto para
leitura.
As respostas às
questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. O repouso eterno
após a morte é um fato ou uma quimera?
B. Pode-se
dizer que o Espiritismo é uma crença?
C. Os
incrédulos quando desencarnam mudam de opinião?
Texto para leitura
234. O Espírito
de São Bento, reportando-se ao assunto, confirmou o que acima foi dito, isto é,
que a punição de Nabucodonosor não é uma fábula. Sob o domínio de um
perseguidor invisível, ele ficava privado por algum tempo do livre exercício de
suas faculdades intelectuais e agia como um animal, o que transformou o
poderoso déspota em objeto de piedade para todos, porquanto a Providência o
tinha ferido no seu orgulho. (Págs. 337 e 338.)
235. Um
assinante de Paris, referindo-se à mediunidade do vidente de Zimmerwald, lembra
em carta dirigida à Revista a semelhança entre as faculdades do vidente e as de
José, o chanceler do Egito. “O gênero de mediunidade que assinalais – conclui o
leitor – existia, pois, entre os egípcios e os judeus.” Kardec concorda com a
observação e reitera sua afirmação de que o Espiritismo não descobriu, nem
inventou os médiuns, mas tão-somente as leis da mediunidade. Eis por que é ele
a verdadeira chave para a compreensão do Antigo e do Novo Testamento, onde
abundam fatos desse gênero. (Págs. 339 a 341.)
236. O Espírito
de Sonnez, falando sobre a vida dos Espíritos, diz que o repouso eterno que os
homens esperam encontrar após a morte é uma quimera. O repouso eterno não
existe; aliás, nada no mundo goza de repouso, nem as montanhas, que parecem
estar numa imobilidade eterna. Como a perfeição é o objetivo da criação, para
atingi-la, todos – átomos, moléculas, minerais, animais, planetas e Espíritos –
se empenham num movimento incessante. A vida espiritual é, assim, uma atividade
incessante. (Págs. 342 e 343.)
237. Na seção
de livros, a Revista informa que estava no prelo, para sair em poucos dias, a
3a edição de O Evangelho segundo o Espiritismo, revista, corrigida e
modificada. (Pág. 343.)
238. O número
de dezembro de 1865 começa com um apelo de Cárita, a eloquente e graciosa
pedinte, em favor dos pobres de Lyon. Depois de transcrever a mensagem assinada
por esse Espírito, Kardec acrescentou: “É com felicidade que nos fazemos
intérpretes da boa Cárita e esperamos que ela não tenha dito em vão: abri-me!
Se ela bate à porta com tanta insistência, é que o inverno aí bate por seu
lado”. (Págs. 345 a 347.)
239. Em
seguida, a Revista noticia a abertura de uma subscrição pública no escritório
da Revista Espírita em benefício dos pobres de Lyon e das vítimas do cólera. O
montante das somas recebidas e sua distribuição seriam submetidos ao controle
da Sociedade Espírita de Paris. (Pág. 347.)
240. Em um
artigo sobre romances espíritas, Kardec destaca dois deles: Espírita (traduzido
no Brasil como O Ignorado Amor), escrito por Théophile Gautier, e A Dupla
Vista, de Élie Berthet, no qual critica apenas o fato de haver apresentado a
faculdade da dupla vista como uma doença. “Podem fazer-se romances sobre o
Espiritismo, como sobre todas as coisas”, assevera Kardec. Quando o Espiritismo
for conhecido e compreendido em sua essência, fornecerá às letras e às artes
fontes inesgotáveis de deslumbrante poesia.
(Págs. 347 a 353.)
241. A Revista
transcreve duas cartas dirigidas por um de seus assinantes, o Sr. Blanc de
Lalésie, aos jornais Le Temps e Univers Illustré. Em ambas o
missivista protesta contra as críticas injustas que vinham sendo neles
publicadas reiteradamente contra o Espiritismo. A propósito dessas cartas,
Kardec tece algumas considerações inéditas que importa enfatizar: I – O
Espiritismo é uma crença. II - Quem quer que creia na existência e na
sobrevivência das almas e na possibilidade de relações entre os homens e o
mundo espiritual, é espírita, e muitos o são intuitivamente, sem jamais terem
ouvido falar de Espiritismo ou de médiuns. III – É-se espírita por convicção.
Por isso, não é necessário fazer parte de uma sociedade para sê-lo, e a prova é
que nem a milésima parte dos adeptos frequenta reuniões. (Págs. 353 a 356.)
242. O relato
de como a mediunidade da psicografia eclodiu numa jovem camponesa, quase
iletrada, da pequena aldeia de E..., departamento de Aube, levou Kardec a
revelar uma informação até então inédita. “Não conhecemos – disse o Codificador
– um único gênero de mediunidade que não se tenha revelado espontaneamente,
mesmo o da escrita.” (Págs. 357 a 359.)
243. Sob o
título “Um camponês filósofo”, a Revista publica o relato que o Sr. Delanne fez
a respeito de duas brochuras escritas e publicadas por um vinhateiro do
interior da França, as quais têm por objeto: Deus, os anjos, as almas dos
homens, a alma animal, as forças físicas, os elementos, a organização e o
movimento. O autor era um humilde artesão que vivia da venda de legumes e
outros produtos agrícolas. Examinando trechos das duas obras, reproduzidos pela
Revista, Delanne chama a atenção para as ideias de alto alcance filosófico
nelas contidas, o que demonstra que seu autor era alguém possuidor de bagagem
cultural formada em existências anteriores, visto que nesta ele mal cursara a
escola de sua aldeia. (Págs. 359 a 365.)
244. Tendo
esses fatos sido discutidos na Sociedade Espírita de Paris, um Espírito que se
intitulou Luís de França confirmou o pensamento de Delanne e, reportando-se a
uma conhecida frase de Jesus, revelou que, como ao tempo do Cristo, que quis
honrar e erguer o trabalhador escolhendo nascer entre os artífices, os anjos do
Senhor recrutavam agora seus auxiliares entre os corações simples e honestos e
os homens de boa vontade que exercem as mais humildes profissões. (Págs. 365 e
366.)
245. Quando os
mais incrédulos e obstinados desencarnam, são evidentemente forçados a
reconhecer que ainda vivem, que a vida continua e que, como Espíritos que são,
podem comunicar-se com os homens. Sua apreciação do mundo espiritual varia,
porém, em razão de seu desenvolvimento moral, de seu saber, da elevação de sua
alma. Após essas considerações, Kardec transcreve na Revista quatro
comunicações de pessoas bastante esclarecidas, embora incrédulas quando
encarnadas, e que, situadas agora no mundo espiritual, reconhecem o erro em que
incidiram na existência recém-finda. (Págs. 366 a 372.)
246. Duas
comunicações do Espírito de Baluze sobre o estado social da mulher e a
influência que o Espiritismo exerce e exercerá sobre a família encerram a Revista
de 1865. “As mães – diz Baluze – serão realmente mães; penetradas do espírito
espírita, serão a salvaguarda das filhas amadas. Ensinando-lhes o papel
magnífico que estão chamadas a desempenhar, dar-lhe-ão a consciência de seu
valor.” (Págs. 373 a 377.)
Respostas às questões propostas
A. O repouso eterno após a morte é um fato ou uma quimera?
Dissertando sobre a vida dos Espíritos, o Espírito
de Sonnez afirma que o repouso eterno que os homens esperam encontrar após a
morte é uma quimera. O repouso eterno não existe; aliás, nada no mundo goza de
repouso, nem as montanhas, que parecem estar numa imobilidade
eterna. Como a perfeição é o objetivo da criação, para atingi-la, todos –
átomos, moléculas, minerais, animais, planetas e Espíritos – se empenham num
movimento incessante. A vida espiritual é, assim, uma atividade incessante. (Revista
Espírita de 1865, pp. 342 e 343.)
B. Pode-se
dizer que o Espiritismo é uma crença?
Sim; pelo menos
é isso que Kardec dizia. O Codificador escreveu que o Espiritismo é uma crença,
e quem quer que creia na existência e na sobrevivência das almas, e na
possibilidade de relações entre os homens e o mundo espiritual, é espírita.
Muitos o são intuitivamente, sem jamais terem ouvido falar de Espiritismo ou de
médiuns. É-se espírita por convicção; assim, não é necessário fazer parte de
uma sociedade para sê-lo, e a prova disso é que nem a milésima parte dos
adeptos frequenta reuniões. (Obra citada, pp. 353 a 356.)
C. Os
incrédulos quando desencarnam mudam de opinião?
Segundo Kardec,
quando os incrédulos desencarnam são evidentemente forçados a reconhecer que
ainda vivem, que a vida continua e que, como Espíritos que são, podem
comunicar-se com os homens. Mas sua apreciação do mundo espiritual varia, em
razão de seu desenvolvimento moral, de seu saber e da elevação de sua alma.
(Obra citada, pp. 366 a 372.)
Observação:
Para
acessar a Parte 19 deste estudo, publicada na semana passada, clique
aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/07/revista-espirita-de-1865-allan-kardec_0105004552.html
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