Fabiano
de Cristo (Espírito)
Sem a caridade, tudo, na Terra que povoamos,
seria o caos do princípio.
A ciência ateará sempre a chama da palavra
nos lábios humanos, erguendo pedestais à inteligência; mas, sem a caridade de
Jesus, que alimenta o corpo e sustenta a vida, debalde se levantarão púlpitos e
monumentos.
Todos os patrimônios que enriquecem o homem
foram acumulados pela graça do Senhor, considerando o progresso em seus
alicerces profundos.
A caridade divina é tangível em toda parte.
Caridade é o ar que respiramos, a luz que nos
aclara os caminhos, o grão que nos supre de forças, o pano que nos envolve, a
afeição que nos acalenta, o trabalho que nos aperfeiçoa e a experiência que nos
aprimora.
O mundo inteiro é uma instituição de amor
divino, a que nos acolhemos para amealhar a riqueza do futuro. A caridade é a
coluna central que o mantém. Sem ela, que exprime paciência e humildade,
serviço e elevação, a máquina da vida paralisaria em todas as peças. Sem ela,
os santos mofariam no paraíso e os pecadores clamariam, desesperados, no
inferno; os fortes não se inclinariam para os fracos, nem os fracos vicejariam
ao contato dos fortes; os sábios apodreceriam na estagnação, por ausência de
exercício, e os ignorantes gemeriam, condenados indefinidamente às próprias
trevas.
Mas a bendita sentinela de Deus é o Anjo
Guardião do Universo, e nunca relega as criaturas ao desamparo, ensinando que a
vitória do bem, com ascensão para a luz, é sempre obra de cooperação,
interdependência e fraternidade.
A estátua não desfrutaria o louvor da praça
pública sem a caridade do material inferior que lhe assegura o equilíbrio na
base; a luz não nos livraria das sombras se a candeia acesa no velador não lhe
dirigisse os raios para o chão.
O solo aceita as exigências do rio que o
desgasta, incessantemente, e, com isto, a escola terrestre permanece viva e
fértil; a semente conforma-se com o negrume e a soledade na cova e, assim, a
mesa tem pão.
Sem obediência às normas da caridade, que
exalta o sacrifício de cada um para a bem-aventurança de todos, qualquer ensaio
de felicidade é impraticável.
Somos todos filhos da Graça Divina e
herdeiros dela, e, para santificarmos a vanguarda do progresso, é imprescindível
dar de nós mesmos, em oferta permanente ao bem universal.
Todo egoísmo está condenado de início.
A água, sem proveito, putrefaz-se. O arado
inativo é carcomido pela ferrugem. A flor estéril torna ao adubo. O espírito
permanentemente circunscrito ao estreito círculo de si mesmo é castigado com a
desilusão.
Recebendo as bênçãos do Céu, através de mil
vias, a cada instante da experiência no corpo, o homem que não aprendeu a dar,
em auxílio espontâneo aos semelhantes, é louco e infeliz.
Multipliquem-se palácios para a administração
e para a cultura do cérebro; mas, enquanto a porta do coração não se descerrar
ao toque do amor fraterno, a guerra será o vulcão espiritual do mundo,
devorando a Paz e a Vida.
Descubram-se preciosos segredos da matéria e
entoem-se cânticos de triunfo no seio das nações gloriosas da Terra; mas,
enquanto o homem não ouvir o apelo suave da caridade, para fazer-se verdadeiro
irmão do próximo, o solo do Planeta permanecerá empestado de vermes e
encharcado de sangue dos mártires, que continuarão tombando a serviço da divina
virtude em intérmina caudal.
Do livro Falando à Terra, obra
psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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