Roteiro
Emmanuel
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Sabendo que a força mental é energia atuante e que os pensamentos são recursos objetivos, é imperioso reconhecer que a experimentação nos domínios do psiquismo exige noção de responsabilidade, perante a vida, para que o êxito seja a resposta justa às indagações sinceras.
Um
lavrador bem avisado investiga o solo, plantando com devoção e confiança. Não
se ri do pedregulho. Afasta-o, atencioso. Não ironiza o espinheiro. Remove-o, a
benefício da lavoura que lhe é própria. Não goza com o duelo entre os grelos
tenros e os vermes destruidores. Combate os insetos devoradores com vigilância
e serenidade, defendendo o futuro do bom grão.
Não
acontece assim, na Terra, com a maioria dos pesquisadores da espiritualidade.
A
pretexto de se garantirem contra a mistificação, espalham duros obstáculos
sobre a gleba moral onde operam com a charrua da observação e, por isso, muitas
vezes inutilizam seus próprios instrumentos de trabalho, antes de qualquer
resultado.
Transformam
companheiros em cobaias, exigem dos outros qualidades que eles mesmos não
possuem, tratam com deliberado desprezo o pequenino embrião da realidade e
acabam, habitualmente, na negação, incapazes de penetrar o templo do espírito.
Importa
reconhecer que o fruto é sempre a vitória do esforço de equipe. Sem a árvore
que o mantém, sem a terra que sustenta a árvore, sem as águas que alimentam o
solo e sem as chuvas que regeneram a fonte, jamais ele apareceria.
Sem
trilhos, não corre a locomotiva.
O
avião não prestaria serviço ao homem, sem campo de aterrissagem.
As
revelações do Céu reclamam base para se fixarem na Terra.
Geralmente,
quem procura notícias da vida invisível integra-se num círculo de pessoas, com
as quais se devota ao cometimento. Quase sempre, no entanto, espera a
colaboração alheia, sistematicamente, sem oferecer de si mesmo senão reiteradas
reclamações.
A
natureza, todavia, revela a necessidade de colaboração em suas mais humildes
atividades.
Um
simples bolo pede ingredientes sadios para materializar-se com proveito. Se
diminuta porção de veneno aparece ligada à farinha, o conjunto intoxica ao
invés de nutrir.
Quem
deseja inundar-se de claridade espiritual traga consigo o combustível
apropriado.
Não
adquirimos a confiança, usando o sarcasmo, nem compramos a simpatia,
distribuindo marteladas, indiscriminadamente.
O
grande rio é a reunião de córregos pequeninos.
A
cidade não se levanta de improviso.
Todas
as realizações pedem começo com segurança.
Um
erro quase imperceptível de cálculo pode comprometer a estabilidade de um
edifício.
A
experimentação psíquica, realmente, não caminha com firmeza, sem os alicerces
morais da consciência enobrecida.
Cada
Espírito humano — microcosmo do Universo — irradia e absorve. Emitir a
leviandade e a cobiça, o ciúme e o egoísmo, a vaidade e a ferocidade, através
da atitude menos digna ou da crítica destruidora, é amontoar trevas em torno
dos próprios olhos.
Ninguém
fará luz dentro da noite, estragando a lâmpada, embora o centro de força
continue existindo.
Ninguém
recolherá água pura num poço terrestre, trazendo à tona o lodo que descansa no
fundo.
Não
se colhe a verdade, na vida, como quem engaiola uma ave na floresta.
A
verdade é luz. Somente o coração alimentado de amor e o cérebro enriquecido de
sabedoria podem refletir-lhe a grandeza.
[1]
O Livro dos Médiuns, 200-218.
Nota:
O livro Roteiro, psicografado pelo médium Chico Xavier, foi publicado
inicialmente pela editora da FEB em 1952.
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