O melhoramento da Terra depende do esforço dos que nela habitam
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Um leitor enviou-nos
a seguinte mensagem:
“Uma boa noite, amigo. Nós não nos falamos, mas vejo
todas as notícias que nos chegam a toda hora. Estamos vivendo em um mundo de
caos; pai mata filho; filho mata mãe; estupros acontecem com frequência... O
que será o amanhã? o que acontecerá com os nossos filhos e netos? O que nos
espera?”
Em resposta ao
prezado amigo, diremos inicialmente que o quadro pintado em suas palavras nos lembra
muito bem o que Jesus disse aos seus discípulos, conforme é narrado no chamado
de Sermão Profético, adiante reproduzido:
“E, estando
assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em
particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da
tua vinda e do fim do mundo?
E Jesus,
respondendo, disse-lhes: Acautelai-vos, que ninguém vos engane; Porque muitos
virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. E ouvireis
falar de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é
mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará
nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e
terremotos, em vários lugares. Mas todas estas coisas são o princípio das
dores. Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e
sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos
serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se
odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se
multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar
até ao fim, esse será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o
mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim. (...) O céu e a
terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. Mas quanto àquele dia
e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai.” (O
Evangelho segundo Mateus, 24:3-36.)
Nós espíritas
sabemos perfeitamente por que tais coisas ocorrem.
A Terra, disse
certa vez Emmanuel, é uma “casa em reforma” – e todos sabemos bem o que é uma
casa em reforma.
No sermão que
reproduzimos fica evidente que depois da iniquidade, do escândalo, dos
conflitos, o mundo chegará a um momento em que o Evangelho do reino será
pregado e exemplificado em todos os lugares. É que o mundo velho dará então
lugar ao chamado Mundo de Regeneração, um tema tão comentado, mas pouco
compreendido entre nós.
Ora, para que tais
coisas ocorram, torna-se necessário primeiro que façamos a nossa parte, uma vez
que o planeta não vai melhorar só porque Deus assim o deseja. Não é isso que
aprendemos na doutrina espírita.
A Terra vai melhorar, sim, mas será indispensável nesse
processo o esforço daqueles que nela habitam, e esse é o
motivo que levou Jesus a dizer, no tocante ao chamado “final dos tempos”, que
quanto a esse dia só Deus sabe, porque não existe uma data, uma vez que ela
depende de uma série de fatores e, sobretudo, da cooperação efetiva de todos
nós, cristãos, muçulmanos, judeus, agnósticos etc.
Emmanuel escreveu
em uma de suas obras: “Todas as reformas sociais, necessárias em vossos tempos
de indecisão espiritual, têm de processar-se sobre a base do Evangelho. Como? –
podereis objetar-nos. Pela educação, replicaremos.” (Emmanuel, cap.
XXXV, obra psicografada por Chico Xavier.)
A tarefa de
iluminação da criatura humana deverá ser feita de pessoa a pessoa, de
consciência a consciência, como explicou Gabriel Delanne (Espírito) em oportuna
entrevista concedida a André Luiz em agosto de 1965 e publicada no livro Entre
Irmãos de Outras Terras, psicografado por Waldo Vieira e Chico Xavier.
André Luiz
estranhou: “De pessoa a pessoa?” E Delanne reafirmou: "Sim, de pessoa a
pessoa, de consciência a consciência. A verdade a ninguém atinge através da
compulsão. A verdade para a alma é semelhante à alfabetização para o cérebro.
Um sábio por mais sábio não consegue aprender a ler por nós".
Diante da resposta
de Delanne, André Luiz replicou perguntando se esse processo não seria moroso
demais, ao que Delanne respondeu: "Uma obra-prima de arte exige, por
vezes, existências e existências para o artista que persegue a condição do
gênio. Como acreditar que o esclarecimento ou o aprimoramento do Espírito
imortal se faça tão só por afirmações labiais de alguns dias?" (Obra
citada, pág. 108.)
Anos antes, Abel
Gomes (Espírito) se havia referido a isso: “Nem todos se retiram na Terra na
posição de heróis. A perfeita sublimação é obra dos séculos incessantes”. (Falando
à Terra, obra psicografada por Chico Xavier.)
A lição de Gabriel
Delanne confirmava assim, um século depois, o que Allan Kardec havia escrito em
1861:
"Se o
Espiritismo deve, como foi anunciado, realizar a transformação da humanidade,
só poderá fazê-lo pelo melhoramento das massas, o que só se dará gradualmente,
pouco a pouco, pelo melhoramento moral dos indivíduos". (O Livro dos
Médiuns, cap. 29, item 350.)
E, no mesmo livro
e capítulo, o Codificador do Espiritismo acrescentou:
“É para esse fim
providencial que devem tender todas as sociedades espíritas sérias. (...) Essa
é a via pela qual nos temos esforçado para levar o Espiritismo. A bandeira que
arvoramos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário..." (O
Livro dos Médiuns, cap. 29, item 350.)
Esperamos que as
explicações acima tranquilizem o leitor que nos escreveu e todos aqueles que,
com justa razão, têm dificuldade em compreender como pode a Terra dar lugar, em
pleno século 21, a tantos conflitos, a tantas mentiras, a tanta corrupção, a
tantas desigualdades, a tantas cenas de desrespeito, preconceito e
desumanidade.
Nota do Autor:
Para ler o texto
publicado no domingo anterior, clique em: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/11/o-mal-que-nos-faz-mal-nao-e-o-mal-que.html
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