O mal que nos faz mal não é o mal que nos fazem
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Uma pessoa escreveu-nos o seguinte:
Em relação ao matrimônio e divórcio, tenho uma dúvida. Se
esta união no plano espiritual se refere a um resgate entre dois seres, pode
uma das partes dar um fim no relacionamento em qualquer altura, mesmo sabendo
que a outra parte ainda alimenta sentimentos em relação ao parceiro? O que pensar das
separações e divórcio? Como podemos aceitar melhor o fim de um relacionamento?
Como podemos saber que este débito já está quitado? E os outros membros da
família (filhos, pais, etc.) como ficam? Têm eles também que passar por esta
prova?
Para falarmos de
divórcio é necessário falar primeiramente de casamento, assunto sobre o qual nos
manifestamos oportunamente na seção O Espiritismo responde da revista O
Consolador. (Para ler o texto então publicado, clique aqui.)
Naquela
oportunidade, entre outras considerações acerca das ligações matrimoniais,
reproduzimos duas importantes informações que nos foram trazidas por Emmanuel,
a saber:
“O colégio familiar
tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos
aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa
construtiva de fraternidade real e definitiva.” (O Consolador, pergunta
175.)
“O matrimônio na
Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções tomadas na vida do
Infinito, antes da reencarnação dos Espíritos, razão pela qual os consórcios
humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das
provas expiatórias ou no acervo de valores das missões que regeneram e
santificam.” (O Consolador, pergunta 179.)
Toda vez que
ocorre uma separação quebra-se um compromisso, que ficará, então, adiado,
transferido, relegado para uma futura oportunidade. Esse é o entendimento dado
por André Luiz ao evento chamado divórcio:
"Divórcio,
edificação adiada, resto a pagar no balanço do espírito devedor. Isso
geralmente porque um dos cônjuges, sócio na firma do casamento, veio a esquecer
que os direitos na instituição doméstica somam deveres iguais.
Auxiliemos, na
Terra, a compreensão do casamento como sendo um consórcio de realizações e
concessões mútuas, cuja falência é preciso evitar.” (Sol nas Almas,
cap. 10.)
É evidente que nos
casos em que o divórcio tenha interrompido a programação que os cônjuges
fizeram antes de reencarnar, os compromissos não solvidos persistirão, visto
que a fuga ao dever não é capaz de liberar o devedor da responsabilidade
assumida.
Tal é, com
certeza, o motivo pelo qual os instrutores espirituais aceitam o divórcio, mas
não o incentivam, embora seja evidente que existem situações em que ele se
apresente como a única opção possível, adiando-se então a realização, que será
retomada oportunamente, quando isso se tornar possível.
Para Emmanuel,
coerentemente com esse entendimento, o divórcio deve ser cogitado como medida
de última instância. Eis o que ele escreveu:
"Ergueste o
lar por amor e tão só pelo amor conseguirás conservá-lo. Inegavelmente não se
te nega o direito de adiar realizações ou dilatar o prazo destinado ao resgate
de certos débitos, de vez que ninguém pode aceitar a criminalidade em nome do
amor. Entretanto, nos dias difíceis do lar recorda que o divórcio é justo, mas
na condição de medida articulada em última instância.” (Na Era do Espírito,
cap. 11.)
José Herculano
Pires, o sempre admirado e respeitado pensador espírita, trouxe-nos também sua
contribuição sobre o assunto:
“Quem ama sabe tolerar e perdoar. As
dificuldades serão superadas dia a dia pelo cultivo do amor. O cultivo do amor
é como o cultivo da arte. E quem romper um casamento de amor, por simples
intolerância, não encontrará mais remédio para a sua solidão." (Na Era
do Espírito, cap. 11.)
De forma resumida,
com fundamento no que os ensinos espíritas apresentam, podemos concluir:
1) O Espiritismo
aceita o divórcio quando os cônjuges já se encontram separados. O divórcio será
então uma forma jurídica de legalizar o que de fato já se consumou.
2) O divórcio deve
ser medida de última instância, quando não mais exista nenhum clima de convivência
entre os cônjuges.
3) Divórcio é, em
verdade, uma edificação adiada, resto a pagar no balanço do espírito devedor.
4) Todos os
problemas gerados a partir da separação conjugal pesarão na folha daquele que
lhe foi a causa.
Esperamos que
estas explicações satisfaçam à dúvida dos que nos leem.
Quanto à melhor
forma de aceitar o fim de um relacionamento, cremos que o cônjuge lesado deve
manter a esperança e a confiança em Deus, com a certeza de que na vida será
sempre melhor receber a ofensa ou a agressão do que sermos aquele que ofende ou
agride.
O mal que nos faz
mal – lembra-nos Divaldo Franco – não é o mal que nos
fazem, mas o mal que fazemos. Já o amor, quando verdadeiro, vencerá
sempre...
Nota do Autor:
Para ler o texto publicado no domingo anterior, clique em:
https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2025/11/para-onde-vao-ao-morrerem-as-criancas.html
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