quarta-feira, 12 de novembro de 2025

 



A erosão

 

Casimiro Cunha (Espírito)

 

Quem busca na paz do campo

Os bens da contemplação,

Costuma encontrar, por vezes,

As surpresas da erosão.

 

Dos acumes da paisagem,

Eis que a visão descortina

Horizontes luminosos

Na vastidão peregrina!

 

Em torno rebentam flores

Nas folhagens perfumosas,

Entre as árvores e os ninhos

Sopram brisas buliçosas.

 

Misturando-se à verdura,

Há caminhos de enxurrada,

Formando abismos escuros

Na terra dilacerada.

 

Em derredor, tudo é glória

Do campo verde e florido;

Céu de anil, promessa e luz,

Mas o solo está ferido.

 

Somente à custa de esforço,

De luta excessiva e estranha,

É possível reparar

As úlceras da montanha.

 

É um quadro que faz lembrar

As almas de grande altura,

Que, embora a ciência e o brilho,

Têm abismos de amargura.

 

São montes iluminados

De sonho e conhecimento,

Mas degradados, por vezes,

Nos planos do pensamento.

 

Recebem, da luz de Deus,

Dons sublimes e infinitos,

Mas se deixam avassalar

De enxurradas e detritos.

 

Quem guarde na intimidade

Tais feridas de erosão,

É que vive sem defesa

Nos campos do coração.


Do livro Cartilha da Natureza, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

 

 

 

 

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