Existem pessoas que, apesar de
profitentes de outras crenças, apreciam as palestras espíritas e chegam mesmo a
frequentar com certa regularidade os Centros Espíritas. E o inverso também se
dá, pois ninguém ignora que alguns espiritistas costumam frequentar centros ou terreiros
de Umbanda. Dentre estes, há até os que entendem que certos atendimentos feitos
no meio umbandista são mais fortes e
produzem resultados mais rápidos do
que nas Casas Espíritas que adotam as obras de Allan Kardec.
Como encarar tais coisas?
A Umbanda acredita em fatos e
leis que o Espiritismo também apregoa: a comunicação entre nós e os mortos, a
reencarnação, a lei de causa e efeito, a crença em Deus, a imortalidade da alma
etc. Em alguns lugares, os núcleos de Umbanda utilizam até mesmo livros
espíritas, como por exemplo em Neves Paulista (SP), onde há um centro umbandista
dirigido até bem pouco tempo por uma médium extraordinária que, por sinal, lia
livros e periódicos espíritas.
Devemos ter pela Umbanda, como
aliás por todas as religiões sérias, o mesmo respeito que esperamos que todos
tenham para com o Espiritismo. É preciso, aliás, além disso, reconhecer que existem
pessoas que não conseguiriam trabalhar nas fileiras espíritas mas se
encaixariam perfeitamente na Umbanda e em suas práticas.
Reportando-se a esse assunto,
Chico Xavier dizia que, em relação à escolha da religião, a pessoa deve ficar
onde se achar melhor, onde tiver mais amplas condições de atender àquilo que é
o objetivo principal da religião: aproximar a criatura de Deus. Uns encontram
essa possibilidade nas igrejas evangélicas, outras no Catolicismo, outras na
Umbanda, o que depende de cada um e nada tem que ver com a evolução do
indivíduo, mas tão-somente com sua aptidão e o compromisso firmado na vida
espiritual no momento em que foi elaborada a chamada programação
reencarnatória.
No caso da mediunidade, é óbvio
que as pessoas que não conseguem livrar-se do tabaco ou do álcool nenhum
impedimento devem encontrar na Umbanda, o que no Espiritismo seria muito
difícil, visto que nas práticas umbandistas admitem-se tanto o fumo como o
álcool, o que não implica dizer que os guias espirituais que ali trabalham
sejam atrasados. São apenas indivíduos desencarnados que, tendo muitas
qualidades, ainda se encontram apegados a certos vícios, fato que pode ocorrer
com qualquer um.
A única coisa que é realmente,
para nós espíritas, inaceitável – e é isso que distingue claramente a prática
espírita da prática umbandista – é a forma como ali se encaram e se realizam os
trabalhos de desobsessão.
Na Umbanda, tradicionalmente
procura-se afastar o agente causador da perturbação, o chamado obsessor,
visando desse modo a proteger a pessoa que lhe sofre o assédio. No Espiritismo,
segundo a orientação emanada dos autores mais respeitados, procura-se atender
ambos os litigantes, não só o que sofre a perturbação mas também aquele que a
causa, porque ambos, obsessor e obsidiado, são enfermos que necessitam de
tratamento e atenção, não cabendo nesse processo nem os exorcismos, nem a
expulsão pelo medo.
Devemos, por
fim, ter sempre em mente a célebre lição dada por Kardec aos espíritas de Lyon
e Bordeaux (“Viagem Espírita em 1862” ,
2ª edição, Ed. O Clarim, págs. 69 e 70):
“O
Espiritismo está destinado àqueles para os quais o alimento intelectual, que
lhes é dado, não basta, e o número destas pessoas é tão grande que o tempo não
sobra para nos ocuparmos com as outras. (...) O Espiritismo não procura
ninguém, não se impõe a ninguém, limita-se a dizer: Aqui me tendes, eis o que
sou, eis o que trago. Os que julgam ter necessidade de mim, se aproximem, os
demais permaneçam onde se encontram.”
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