Há pessoas preparadas para qualquer desafio, até mesmo
quando ele se manifesta na enfermidade de um filho ou nas deficiências que o
nosso rebento possa trazer desde o berço. Evidentemente nem todos são assim,
havendo criaturas que não apenas lastimam ter gerado filhos fisicamente
deficientes como têm vergonha de mostrá-los à sociedade.
Nancy Puhlmann di Girolamo reporta-se a isso em seus dois
primeiros livros dedicados ao tema crianças excepcionais.
Uma revista de grande circulação nacional mostrou, anos
atrás, alguns exemplos comoventes de postura oposta, em que pais mostraram o
carinho, a dedicação e o afeto real que nutriam por seus filhos,
independentemente da condição em que vieram ao mundo ou do grau de
excepcionalidade que apresentam.
A vida de uma criança com retardamento mental, diz Nancy
Puhlmann, é muito mais rica do que imaginamos.
Allan Kardec demonstrou, ao estudar o caso do menino
Charles Saint-G... (Revista Espírita de 1860, pp. 181 a 183), que as crianças que
até pouco tempo chamávamos de excepcionais
têm consciência do seu estado e compreendem por que nasceram assim. A imperfeição
de seus órgãos constitui somente um obstáculo à livre manifestação de suas
faculdades, mas não as aniquila, esclareceu o Codificador do Espiritismo,
antecipando-se ao que hoje é sabido, ou seja, que a criança especial entende
perfeitamente se é bem ou maltratada e reage à atenção e ao afeto que lhe damos.
Nancy Puhlmann menciona a respeito do assunto um caso
bastante elucidativo que se passou com um menino portador da síndrome de Down.
Num momento de desprendimento da alma em virtude do sono corporal, o jovenzinho
lhe disse que sua desencarnação estava próxima, por lhe faltar o alimento
indispensável à vida. Nancy imaginou que ele falasse de comida, mas não era
disso que o garoto tratava. O alimento era o apoio, o incentivo, que ele
percebia faltar em seu próprio lar, onde as pessoas, com pena do seu estado,
intimamente rogavam a Deus lhe encurtasse os dias.
Coisa curiosa! O pequenino entendia até o que nas
entrelinhas era dito em casa, o que torna claro que o excepcional não é um ser
condenado à vida vegetativa e que o amor por nossos filhos, em qualquer
situação, é alimento indispensável à vida e à saúde da alma.
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