CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
“Evento
cultural”. Era o escrito numa faixa na praça da cidade. O palco sustentava um
grupo de adolescentes com sapatilhas e roupas leves e apropriadas. Que lindos
bailarinos!
A música
clássica dava o andamento aos pequenos desejosos da realização e também do
sucesso. Para aquela ocasião, traziam o seu melhor após tantos ensaios e, como
sempre, as luzes avivavam o momento.
Um público
limitado aplaudia a trupe. Mas olha só... uma garotinha, vestida tão humildemente,
imitava os gestos daqueles bailarinos. Era pequenina, seus cabelos não
conheciam nem xampu, nem escova. Seu corpinho, realmente, precisava de um
banho.
Mas era além
disso; ela podia, sim, sentir o espetáculo como se fosse uma das bailarinas.
Até as piruetas, imitava lindamente. Os poucos espectadores já começavam a
dividir os olhares entre o palco iluminado e a pequena estrelinha da plateia.
Quanta graça
possuía. Quanto encanto de se ver.
– Dança,
bailarina. Você é luz disfarçada de menina – meu pensamento já a impulsionava.
Último ato.
Fim da apresentação. Os bailarinos agradecem os aplausos. Mais uma vez ganham o
reconhecimento por tanto treino e disciplina.
A garotinha
agradece como se o aplauso também para ela fosse; ao mesmo tempo bate palmas.
– Vem, Maria.
Vamos embora – a mãe, com tom severo, chamou a menina, pegou o carrinho de
reciclagem e, novamente, rumo ao horizonte incerto.
– Mas,
mamãe... só mais um pouquinho – implorou a estrelinha.
– Agora! Me
ajude aqui – a mãe concluiu a conversa.
A menina, com
um aceno, despediu-se do momento e correu para ajudar a mãe com o carrinho.
De longe, com
emoção, declamei um carinhoso poemeto para Maria:
Força,
estrelinha!
Você brilhará
eternamente.
A chama da
vida já te pertence.
Força,
estrelinha!
Observei-a
até ir sumindo pela descida da rua.
Um ser
desconhecido que, de repente, enche de luz o nosso coração.
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