GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
De Goiânia-GO
Copiando o Astolfo Olegário
– que ele me perdoe! – digo que, entre “as mais belas canções que ouvi”, figura
“Juízo final”, de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares. Ei-la:
"O sol há de brilhar mais
uma vez;
A luz há de chegar aos
corações;
Do mal será queimada a
semente:
O amor será eterno
novamente!
E o juízo final
– A história do Bem e do
Mal –,
Quero ter olhos pra ver:
A maldade desaparecer!”
Esta síntese belíssima,
de pura poesia, fala de esperança, de um amanhã de plena paz, tal como
preconizado por Jesus!
As interpretações de D.
Ivone Lara, de Clara Nunes e do próprio Nelson são minhas preferidas e podem
ser ouvidas no You Tube. Muitas outras, apesar de excelentes, deturpam a letra.
Além dessa, há inúmeras
outras obras-primas de Nelson Cavaquinho com diversos parceiros, entre as quais
destaco “A Flor e o Espinho”, “Rugas”, “Folhas Secas”, “Quando eu me chamar
saudade”, “O Bem e o Mal”, “Minha Festa”; e há muitas mais!
Reproduzimos excertos de um texto do pesquisador José Ramos Tinhorão, escrito para sua coluna no Caderno B
do Jornal do Brasil (4/1/1974), quando do lançamento do disco de Nelson:
“A boa palavra de Nélson Cavaquinho
Nos últimos anos, com a
descoberta dos grandes criadores das camadas populares por parte da juventude
de nível universitário, o compositor Nelson Cavaquinho passou a ser reconhecido
oficialmente como gênio.
Essa fama, porém,
começava a perigar porque, apesar da legenda criada em torno da figura do
curioso trovador de cabelos brancos, faltava uma prova em disco. É essa prova
que a Odeon vem oferecer agora com o seu LP Nelson Cavaquinho (smofb-8 809), e
que constitui, mais do que um documento de genialidade, uma obra de amor. Pela
primeira vez em seus quarenta anos de compositor, Nelson Cavaquinho é tratado
com a compreensão e o respeito que o seu rústico talento merecia – e estava
precisando.
(...)
Logo na primeira faixa
do disco (samba Juízo Final em parceria com Élcio Soares), o compositor oferece
uma prova disso quando canta – com um otimismo que situa simbolicamente o povo
muito acima do medo e da falta de horizontes que assustam as estruturas – “O
sol há de brilhar mais uma vez/A luz há de chegar aos corações/Do mal será
queimada a semente/O amor será eterno novamente”. Com um profundo sentido
metafísico da necessidade de viver – pois que viver é, afinal, o ofício do
homem – Nelson Cavaquinho mostra que nessa tarefa é sempre preciso fazer uma
escolha, e mesmo quando ela deve ser feita entre o bem e o mal, enquanto houver
esperança, ninguém se perderá: “Nunca é tarde pra quem sabe esperar/O que se
espera há de se alcançar/Eu plantei o bem e vou colher o que mereço/A
felicidade deve ter meu endereço”. (O Bem e o Mal em parceria com Guilherme de
Brito). E o impressionante em Nelson Cavaquinho é que todas essas coisas são
ditas musicalmente com uma extraordinária coerência: se a sua melodia é quase
sempre repassada de nostalgia, o ritmo em que se apoia é invariavelmente
vigoroso, como se estivesse querendo demonstrar, também em sons, que acima das
incertezas da alma, ainda uma vez, está a necessidade da vida.” (Texto
publicado originalmente no Jornal do Brasil, Caderno B, Rio de Janeiro,
sexta-feira, 4/1/1974, p. 2; extraído do livro “Tinhorão, o legendário” - Anexo
X – p. 227 a
230, de Elizabeth Lorenzotti, Editora IMESP, São Paulo, 2010.)
Para finalizar, eis
pequeno trecho de Sérgio Cabral, na contracapa do LP “Depoimento do Poeta” –
gravado em 1970 e relançado em 1974:
“(...) Aqui, vocês
ouvirão a voz, as melodias e as letras de (não é modo de falar, não. É verdade)
um gênio. A obra de um cara que não sofre da neurose da sobrevivência
profissional. De um artista puro e integral.”
É obra, pois, que deve
ser divulgada e conhecida por todos que amam a música em geral e, em especial,
a verdadeira música brasileira, tão rica, harmoniosa e bela e que – pasmem! –
não é divulgada como merecem, ela e a nossa gente!
RATIFICANDO SÓ A QUESTÃO DA PARTE DA LETRA DA COMPOSIÇÃO ESTA É MÉRITO DO COMPOSITOR ÉLCIO SOARES QUAL COMPÔS A LETRA DESTA OBRA PRIMA SEMPRE ATUAL .E QUEM COMPÔS COLOCOU A CANÇÃO (SAMBA CANÇÃO)
ResponderExcluirFOI NELSON CAVAQUINHO (PARCEIRO DA AUTORIA)DE ÉLCIO SOARES .EU ELCINAR ROSA SOARES FILHA DO AUTOR .