Uma leitora, reportando-se à passagem evangélica em que Jesus expulsa uma
legião de demônios e estes entram numa manada de porcos, diz-nos: “Gostaria de
entender melhor essa citação”.
O relato bíblico é narrado no Evangelho de Mateus, 8:28 a 8:34.
Ei-lo de forma resumida:
Dois endemoninhados, saindo dos túmulos, vieram ao
encontro de Jesus e protestaram, em altos gritos: “Que temos nós contigo, Filho
de Deus? vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” Perto dali, pastava uma
grande manada de porcos. Os demônios rogavam-lhe: “Se nos expeles, envia-nos
para a manada de porcos”. Disse-lhes Jesus: “Ide”. Tendo eles saído, passaram
para os porcos. Toda a manada precipitou-se pelo declive no mar e, então, os
porcos se afogaram. Os pastores fugiram e foram à cidade, onde contaram o que
havia acontecido. Então a cidade toda saiu ao encontro de Jesus e, ao vê-lo, o
povo rogou-lhe que se retirasse de suas terras.
No livro A
Gênese, cap. XV, item 34, Kardec fez ligeiras observações sobre o assunto.
Eis o que ele escreveu:
“O fato de serem alguns maus Espíritos mandados
meter-se em corpos de porcos é o que pode haver de menos provável. Aliás, seria
difícil explicar a existência de tão numeroso rebanho de porcos num país onde
esse animal era tido em horror e nenhuma utilidade oferecia para a alimentação.
Um Espírito, porque mau, não deixa de ser um Espírito humano, embora tão
imperfeito que continue a fazer mal, depois de desencarnar, como o fazia antes,
e é contra todas as leis da Natureza que lhe seja possível fazer morada no
corpo de um animal. No fato, pois, a que nos referimos, temos que reconhecer a
existência de uma dessas ampliações tão comuns nos tempos de ignorância e de
superstição; ou, então, será uma alegoria destinada a caracterizar os pendores
imundos de certos Espíritos”.
Corroborando o pensamento de que os Espíritos “não
entraram” efetivamente nos corpos dos porcos, mas simplesmente os assustaram,
fato que os levou a precipitar-se no mar, Irvênia Prada, em palestra realizada
no dia 10 de setembro de 2011 em São Bernardo do Campo-SP, ao tratar do tema
percepções anímicas dos animais, reproduziu o seguinte comentário assinado pelo
Espírito de Erasto:
"É certo que os Espíritos podem tornar-se
visíveis e tangíveis aos animais e, muitas vezes, o terror súbito que eles
denotam, sem que lhe percebais a causa, é determinado pela visão de um ou de
muitos Espíritos, mal-intencionados com relação aos indivíduos presentes, ou
com relação aos donos dos animais. Ainda com mais frequência vedes cavalos que
se negam a avançar ou a recuar, ou que
empinam diante de um obstáculo imaginário. Pois bem! tende como certo que o
obstáculo imaginário é quase sempre um Espírito ou um grupo de Espíritos que se
comprazem em impedi-los de mover-se. Lembrai-vos da mula de Balaão que, vendo
um anjo diante de si e temendo-lhe a espada flamejante, se obstinava em não dar
um passo. É que, antes de se manifestar visivelmente a Balaão, o anjo quisera
tornar-se visível somente para o animal”. (O
Livro dos Médiuns, cap. XXII, item 236.)
Na sequência da palestra, Irvênia Prada disse que por
este relato de Erasto e pela observação de muitas pessoas quanto ao
comportamento sugestivo de seus animais é possível concluir que os animais têm,
sim, a capacidade de perceber a presença espiritual, como certamente se deu no
caso da manada de porcos que se precipitou no mar e se afogou. Dessa forma, é
provável que, no mencionado episódio, os chamados “demônios” (Espíritos muito
necessitados) não propriamente “entraram” nos porcos, mas a eles dirigiram sua
necessidade de vampirização de fluido vital, de modo que os animais
“perceberam”, “sentiram” as características de suas pesadas vibrações e se
"descontrolaram”.
A palestra de Irvênia Prada a que nos referimos é
mencionada na reportagem Evidências
científicas da vida espiritual publicada na revista “O Consolador” no dia
18/9/2011. Eis o link que remete o leitor ao seu conteúdo: http://www.oconsolador.com.br/ano5/227/especial2.html
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