terça-feira, 13 de maio de 2014

A menina com flores coloridas nas mãos


CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR

Os olhos que avistavam o horizonte, também admiravam as flores no campo, bem perto das mãos que podiam tocá-las. Grandezas diferentes despertavam o olhar da pura menina querendo apenas conhecer mais cores e formas de vida.
Então se interessou pelo infinito e foi, mas percebeu que não se aproximava; começou daí a observar que se distanciava também do que já tinha: as flores coloridas.
A menina parou. Olhou firme adiante: horizonte. Talvez tomava conhecimento de quanto faltava para chegar até lá, onde se podia vislumbrar, no entanto, ainda não se era possível viver. Virou-se apenas um pouquinho e, abeiradas, estavam as mais lindas flores, tão próximas de seu toque, de sua contemplação.
Buscou novamente o horizonte e, mais uma vez, o campo florido que recebia as mais lindas e vivazes borboletas, joaninhas, cavalinhos-de-deus, insetos pequeninos como o menor dedinho da menina.
Recuou e voltou para a certeza dos seus dias, para o chão que a sustentava, para o aroma que a regenerava, para as cores que imensamente a alegravam, voltou para o que tinha de real e conquistado ao longo dos seus dias. A menina, desde tenra estação, ajudava os pais com o plantio de flores ornamentais.
E esses campos eram maravilhosos.
Olhando com pura admiração e reconhecimento, a menina percebeu quantas riquezas já tinha tão próximas, tão suas. O horizonte também lhe interessava, mas não mais sob o impulso de quem tanto quer sem ainda compreender.
Olhou para o pôr do sol apreciando o seu brilho, mas em suas mãos tão puras, mãos de meninas, pairavam as mais preciosas, coloridas e com formas tão particulares e únicas, as flores de sua vida.
Seus olhinhos, rasos de alegria, só queriam enxergar esse jardim, as pessoas amadas, o céu sobre a plantação, os amigos da escola, a avó e o avô, os animais da terra onde crescera, o carinho do pai e o beijo da mãe. E a menina constatou:
- Senhor, quantas felicidades já possuo! E minha riqueza está aqui, comigo, junto de mim, aqui... em meu coração.
A menina passou suavemente os dedinhos nas flores; até uma borboleta azul pousou, assim, em sua mão, querendo saudá-la. Tantos amores, tesouros, cores estavam ao seu redor, tudo o que era seu, tão perto.
- Filha, venha, minha querida!
A mãe chamou a pequena. E esta, saltitante, foi em direção à voz materna. Deixou o horizonte onde ele estava; no tempo certo avançaria passo a passo à linha do infinito, mas com segurança, decisão e verdadeira alegria com a calma dos dias para a sua conquista.
Ainda olhou para o horizonte, mandou-lhe um beijinho soprado, mas seu sorriso se iluminou de fato quando, correndinho, foi para casa abraçar a vida que já desfrutava, pois essa riqueza estava ao alcance de suas mãos, de seu coração.
E o horizonte estará lá à espera da menina, que bem segura deve dele se aproximar, por meio de seu merecimento e conquista.
As flores nas mãos se é capaz de sentir o perfume, a textura, o encanto; já as no horizonte, dificilmente se distinguem as cores, não se sente o perfume e nem se verifica a grandeza de sua peculiaridade.
Os jardins mais próximos devem ser cuidados e valorizados, pois são suas flores que enfeitam os presentes dias e é a sua fragrância que se espalha pelo lugar deixando o entusiasmo de mais querer viver a vida.

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