CÍNTHIA CORTEGOSO
cinthiacortegoso@hotmail.com
De Londrina-PR
Os olhos que avistavam o
horizonte, também admiravam as flores no campo, bem perto das mãos que podiam
tocá-las. Grandezas diferentes despertavam o olhar da pura menina querendo
apenas conhecer mais cores e formas de vida.
Então se interessou pelo
infinito e foi, mas percebeu que não se aproximava; começou daí a observar que
se distanciava também do que já tinha: as flores coloridas.
A menina parou. Olhou firme
adiante: horizonte. Talvez tomava conhecimento de quanto faltava para chegar
até lá, onde se podia vislumbrar, no entanto, ainda não se era possível viver.
Virou-se apenas um pouquinho e, abeiradas, estavam as mais lindas flores, tão
próximas de seu toque, de sua contemplação.
Buscou novamente o horizonte e,
mais uma vez, o campo florido que recebia as mais lindas e vivazes borboletas,
joaninhas, cavalinhos-de-deus, insetos pequeninos como o menor dedinho da
menina.
Recuou e voltou para a certeza
dos seus dias, para o chão que a sustentava, para o aroma que a regenerava,
para as cores que imensamente a alegravam, voltou para o que tinha de real e
conquistado ao longo dos seus dias. A menina, desde tenra estação, ajudava os
pais com o plantio de flores ornamentais.
E esses campos eram
maravilhosos.
Olhando com pura admiração e
reconhecimento, a menina percebeu quantas riquezas já tinha tão próximas, tão
suas. O horizonte também lhe interessava, mas não mais sob o impulso de quem
tanto quer sem ainda compreender.
Olhou para o pôr do sol
apreciando o seu brilho, mas em suas mãos tão puras, mãos de meninas, pairavam
as mais preciosas, coloridas e com formas tão particulares e únicas, as flores
de sua vida.
Seus olhinhos, rasos de alegria,
só queriam enxergar esse jardim, as pessoas amadas, o céu sobre a plantação, os
amigos da escola, a avó e o avô, os animais da terra onde crescera, o carinho
do pai e o beijo da mãe. E a menina constatou:
- Senhor, quantas felicidades já
possuo! E minha riqueza está aqui, comigo, junto de mim, aqui... em meu
coração.
A menina passou suavemente os
dedinhos nas flores; até uma borboleta azul pousou, assim, em sua mão, querendo
saudá-la. Tantos amores, tesouros, cores estavam ao seu redor, tudo o que era
seu, tão perto.
- Filha, venha, minha querida!
A mãe chamou a pequena. E esta,
saltitante, foi em direção à voz materna. Deixou o horizonte onde ele estava;
no tempo certo avançaria passo a passo à linha do infinito, mas com segurança,
decisão e verdadeira alegria com a calma dos dias para a sua conquista.
Ainda olhou para o horizonte,
mandou-lhe um beijinho soprado, mas seu sorriso se iluminou de fato quando,
correndinho, foi para casa abraçar a vida que já desfrutava, pois essa riqueza
estava ao alcance de suas mãos, de seu coração.
E o horizonte estará lá à espera
da menina, que bem segura deve dele se aproximar, por meio de seu merecimento e
conquista.
As flores nas mãos se é capaz de
sentir o perfume, a textura, o encanto; já as no horizonte, dificilmente se
distinguem as cores, não se sente o perfume e nem se verifica a grandeza de sua
peculiaridade.
Os jardins mais próximos devem
ser cuidados e valorizados, pois são suas flores que enfeitam os presentes dias
e é a sua fragrância que se espalha pelo lugar deixando o entusiasmo de mais
querer viver a vida.
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