Continuamos a
publicar o roteiro e o texto que serviram de base aos estudos que fazemos
semanalmente no Centro Espírita Nosso Lar (Londrina, PR), relativamente ao livro
Ação e Reação, de André Luiz, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1957
pela Federação Espírita Brasileira.
A seguir, o
texto desta semana:
Questões para debate
A. Quando é que, após experimentar o processo expiatório, um Espírito se
encontra efetivamente quitado do débito do passado?
B. Como chegou à Mansão a notícia relativa à queda de um avião em que
faleceram 14 pessoas?
C. Por que pessoas perecem em desastres de grandes proporções, como os
acidentes com aviões?
Texto para leitura
115. Leo
desencarna - Foi com o nome de Leo que Ernesto retornou ao campo físico
carreando na própria alma os desequilíbrios que assimilou além-túmulo, com os
quais renasceu alienado mental, tendo amargado todos os infortúnios impostos a
seu irmão debilitado e infeliz, sem faltar nem mesmo as agruras da profissão de
guarda-noturno e a prisão num manicômio. Sua humildade e paciência lhe permitiram,
no entanto, conquistar a felicidade de encerrar em definitivo o débito do
passado. Hilário quis saber como Silas podia ter certeza de que Leo estava
realmente quitado do débito do pretérito. Silas esclareceu: "Pois não
veem? Qual Fernando, que desencarnou com o tórax perfurado por lâmina
assassina, Leo igualmente se despede do corpo com os pulmões em frangalhos. Contudo ,
pelo procedimento correto que adotou perante a Lei, atravessa o mesmo suplício,
mas no leito, sem escândalos destrutivos, embora esteja vertendo o próprio
sangue pela boca, tal qual sucedeu ao mano espezinhado e vencido. Cumpre-se o
aresto da Justiça, apenas com a diferença de que, em vez do gládio de ferro, temos
aqui batalhões de bacilos assassinos..." Diante dos amigos surpresos,
Silas complementou: "Quando a nossa dor não gera novas dores e nossa
aflição não cria aflições naqueles que nos rodeiam, nossa dívida está em
processo de encerramento. Muitas vezes, o leito de angústia entre os homens é o
altar bendito em que conseguimos extinguir compromissos ominosos, pagando
nossas contas, sem que o nosso resgate a ninguém mais prejudique. Quando o
enfermo sabe acatar os Celestes Desígnios, entre a conformação e a humildade,
traz consigo o sinal da dívida expirante..." (N.R.: Aresto: decisão de
um tribunal, acórdão. Ominoso: nefasto, funesto, execrável, agourento,
detestável.) O Assistente não pôde continuar, porque Leo, em oração,
debatia-se nos estertores da morte. Silas então o enlaçou, rogando o Amparo
Divino, e Leo, envolvido nas suaves irradiações da prece, adormeceu. André
imaginou que Silas o transportaria de imediato à Mansão, mas o Assistente informou
não dispor de autoridade para desligá-lo. "Semelhante responsabilidade
não nos compete", acrescentou. (Cap. 17, pp. 237 a 239)
116. Um
desastre aviatório - No gabinete de Druso fora registrado apelo urgente da
Terra em favor das vítimas de um desastre aviatório. Sinais algo semelhantes
aos do telégrafo de Morse se fizeram notados em curioso aparelho. Druso ligou
tomada próxima e viu-se um pequeno televisor em ação, sob vigorosa lente,
projetando imagens movimentadas em tela próxima, cuidadosamente encaixada na
parede, a pequena distância. Qual se acompanhassem curta notícia em cinema
sonoro, André e os demais contemplaram, surpreendidos, a paisagem terrestre.
Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave
guardavam consigo as vítimas do acidente. Naquele quadro inquietante, um ancião
desencarnado, de semblante nobre e digno, formulava requerimento comovedor,
rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a remoção de seis das 14
entidades desencarnadas no sinistro. André e Hilário olhavam espantados o
espetáculo inédito para ambos. (N.R.: Sua última existência na Terra
fora anterior à era da televisão.) A cena aflitiva parecia desenrolar-se
ali mesmo. Oito dos desencarnados jaziam em posição de choque, algemados aos
corpos; quatro gemiam, jungidos aos próprios restos, e dois deles, embora
enfaixados às formas físicas, gritavam desesperados, em crises de
inconsciência. Ao lado deles, amigos espirituais, abnegados e valorosos,
velavam, calmos e atentos. Figurando-se cascata de luz vertendo do Céu, o
auxílio do Alto vinha, solícito, em abençoada torrente de amor. O quadro era
tão real que se podiam ouvir os gemidos, as preces e as conversações dos
enfermeiros... (Cap. 18, pp. 241 e 242)
117. Morte
física não significa emancipação espiritual - Em instantes, diversos
trabalhadores da Mansão puseram-se em marcha. Hilário e
André queriam participar da obra de socorro, mas Druso explicou-lhes que o
trabalho era de natureza especialíssima, requisitando colaboradores
rigorosamente treinados. Com relação aos seis desencarnados que seriam
recolhidos, Druso explicou que o socorro no avião sinistrado seria distribuído
indistintamente, mas, se o desastre era o mesmo para todos, a morte era
diferente para cada um. "No momento – informou o diretor – serão retirados
da carne tão somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata
liberação. Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o
afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo,
aos despojos que lhes dizem respeito." A duração dependeria do grau de
animalização dos fluidos que lhes retinham o Espírito à atividade corpórea.
"Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias...
Quem sabe? Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero de
vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa
morte", asseverou Druso. "Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes
de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos
aprisionam à matéria pesada... <...> E quanto mais nos submetamos às
disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio e sublimação, mais
amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer
emergências de que não possamos fugir por forças dos débitos contraídos
perante a Lei." Por isso, "morte física" não é o mesmo que
"emancipação espiritual". Os outros companheiros, embora detidos na
carne, seriam também assistidos, porque ninguém vive desamparado e o amor
infinito de Deus abrange o Universo, mas poderiam ser atraídos por elementos
perversos do plano espiritual, na hipótese de serem surdos ao bem... "No
assunto, entretanto, é preciso considerar – explicou Druso – que a tentação é
sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de
nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que
já trazemos dentro de nós." (Cap. 18, pp. 243 e 244)
118. Causas
dos resgates coletivos - Hilário perguntou diretamente a Druso por que ele
e André não poderiam colaborar nos serviços de resgate. O diretor da Mansão
informou: "É imperioso observar <...> que vocês coletam material
didático para despertamento de nossos irmãos encarnados, quase todos eles em
fase importante de luta, no acerto de contas com a Justiça Divina. Analisando
os resgates dessa ordem, vocês fatalmente seriam compelidos à autópsia de
situações e problemas suscetíveis de plasmar imagens destrutivas no ânimo de
muitos daqueles que ambos se propõem auxiliar". Esboçando leve sorriso em
que deixava transparecer a humildade que lhe adornava o Espírito, Druso aditou:
"Parece-me que não seríamos capazes de comentar um desastre de grandes
proporções, no campo dos homens, sem lhes insuflar o vírus do medo, tanta vez
portador do desânimo e da morte". A palavra do diretor era esclarecedora.
De fato, muitas pessoas há na Terra carentes de ação contínua para o
necessário reequilíbrio e não seria justo atormentá-las com pensamentos de
temor e flagelação... "Imaginemos – observou Druso – que fossem analisar
as origens da provação a que se acolheram os acidentados de hoje...
Surpreenderiam, decerto, delinquentes que, em outras épocas, atiraram irmãos
indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no
chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o
dorso do mar, pondo a pique existências preciosas, ou suicidas que se
despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo atestado
de rebeldia..." O dirigente lembrou-lhes, contudo, que a Lei nos permite
melhorar nossos créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos são
amparados devidamente para que a morte não lhes assalte o corpo, em razão dos
atos louváveis a que se afeiçoam!... Quantas intercessões da prece ardente
conquistam moratórias oportunas para pessoas que se encontravam à beira do
túmulo!... "Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje,
podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e
reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio", explicou o diretor.
"Desse modo, creio mais justo incentivarmos o serviço do bem, através de
todos os recursos ao nosso alcance. A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom
ânimo, o otimismo e o trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem
temas renovadores, cujo mérito não será lícito esquecer, na reabilitação de
nossas ideias e, consequentemente, de nossos destinos." (Cap. 18, pp. 245 a 247)
Respostas às questões propostas
A. Quando
é que, após experimentar o processo expiatório, um Espírito se encontra
efetivamente quitado do débito do passado?
Silas
respondeu a esta questão mencionando o caso de Leo, que atravessou o mesmo
suplício que infligiu a seu irmão na existência anterior, mas em um leito de
hospital, conformado, resignado e sem escândalos destrutivos. "Quando a
nossa dor não gera novas dores e nossa aflição não cria aflições naqueles que
nos rodeiam, nossa dívida está em processo de encerramento”, explicou Silas.
“Muitas vezes, o leito de angústia entre os homens é o altar bendito em que
conseguimos extinguir compromissos ominosos, pagando nossas contas, sem que o
nosso resgate a ninguém mais prejudique. Quando o enfermo sabe acatar os
Celestes Desígnios, entre a conformação e a humildade, traz consigo o sinal da
dívida expirante..." (Ação e Reação, cap. 17, pp. 237 a 239.)
B. Como
chegou à Mansão a notícia relativa à queda de um avião em que faleceram 14
pessoas?
O apelo – que
viera da crosta – chegou à Mansão em forma de sinais semelhantes aos do
telégrafo de Morse que se fizeram notar em curioso aparelho. Druso ligou,
então, uma tomada próxima e viu-se um pequeno televisor em ação a projetar
imagens movimentadas em tela próxima, cuidadosamente encaixada na parede, a
pequena distância. Qual se acompanhassem curta notícia em cinema sonoro, André
e os demais contemplaram, surpreendidos, a paisagem terrestre. Naquele quadro
inquietante, um ancião desencarnado, de semblante nobre e digno, formulava
requerimento comovedor, rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a
remoção de seis das 14 entidades desencarnadas no sinistro. A cena aflitiva
parecia desenrolar-se ali mesmo. Oito dos desencarnados jaziam em posição de
choque, algemados aos corpos; quatro gemiam, jungidos aos próprios restos, e
dois deles, embora enfaixados às formas físicas, gritavam desesperados, em
crises de inconsciência. (Obra citada, cap. 18, pp. 241 e 242.)
C. Por que
pessoas perecem em desastres de grandes proporções, como os acidentes com
aviões?
As origens da
provação são inúmeras. No caso do desastre aviatório cuja notícia há pouco lhes
chegara, Druso disse que havia entre as vítimas delinquentes que, em outras épocas,
atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se
espatifassem no chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos
crimes sobre o dorso do mar, pondo a pique existências preciosas, ou suicidas
que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo
atestado de rebeldia. O dirigente lembrou, contudo, que a Lei nos permite
melhorar nossos créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos são
amparados devidamente para que a morte não lhes assalte o corpo, em razão dos
atos louváveis a que se afeiçoam! Quantas intercessões da prece ardente
conquistam moratórias oportunas para pessoas que se encontravam à beira do
túmulo! "Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje,
podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e
reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio", explicou o diretor. Eis
por que devemos incentivar sempre o serviço do bem, através de todos os
recursos ao nosso alcance. “A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o
otimismo e o trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas
renovadores, cujo mérito não será lícito esquecer, na reabilitação de nossas
ideias e, consequentemente, de nossos destinos." (Obra citada, cap.
18, pp. 245 a
247.)
N.R. - Para
acessar e ler o texto publicado anteriormente, clique em http://goo.gl/zDC8WU
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