JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Cansado de disparar pelas campinas verdejantes
da capital brasileira, Lord Sinclair II, um belo cavalo puro-sangue lusitano,
conversava com Poetin I, a égua que já fora campeã de corrida equestre, sua
companheira.
— Amada Poetin I, as coisas não andam bem para
mim. Como você sabe, nosso tempo máximo de vida mal chega aos quarenta anos...
— Isso só em casos excepcionais, de equinos bem
alimentados e bem tratados, Lord, pois raramente nossa raça ultrapassa os
trinta...
— É verdade, Poetin I, mas o tempo passou e
agora já estamos mais para o ingresso nos Campos Elíseos do que nos deste
mundo. Eu, na faixa dos 25; tu, na dos 23...
— E o que tem isso? Ainda somos muito bem
tratados por nossos amos. Nosso problema maior é que, em vez de ir para a
frente, estamos indo para trás.
— É verdade, Poetin I, se antes disputávamos
corridas, agora andamos de ré nas exposições pecuárias. Mas quando nossos
senhores nos deixam sós, como ainda é bom correr, não é mesmo?
— E o que o preocupa tanto, Lord?
— Vou abrir meu coração com você. Há um ano,
durante uma corrida, senti um mal-estar estranho, que me obrigou a parar o
galope e passar a trotar. Pensei que o problema estava nos antolhos que
esquecera de colocar e nunca mais corri sem esses tapa-olhos.
— E daí? Você tornou a passar mal?
— Durante alguns meses, não. Entretanto, de uns
tempos para cá, de vez em quando sinto esse abalo e outros problemas corporais.
— Já procurou o veterinário?
— Vários. O primeiro deles, procurei por ter
passado a urinar mais do que o normal, principalmente, à noite. Ele fez-me
alguns exames de sangue, verificou minha pressão e disse-me que estava tudo bem
comigo. Pressão de jovem, reforçou...12x8!
O segundo eu procurei por ter apresentado um
problema de pele. Era um veterinário dermatologista. Ele examinou-me, pediu uma
biópsia e, após o resultado um tanto preocupante, disse-me que o que eu tinha
já não tinha mais e que muitos cavalos, hoje em dia, têm isso. Verificou minha
pressão e disse que meu coração estava mais rijo do que o de muitos pangarés.
A terceira era uma égua que procurei devido ao
resultado da biópsia, por receio de ser algo mais grave, ainda que soubesse ser
comum o meu caso atualmente...
— E o que ela disse?
Ela verificou minha pressão, examinou meu couro
e me dispensou dizendo que eu estava curado, após extração do... De uma
coisinha na região lombar... Pressão 11x8!
Por fim, após quase um mês sem correr, fui
liberado para corrida e... voltei a passar mal. Como senti uma sensação
parecida com a que teve meu sogro, ao morrer de AVC, procurei um veterinário
neurologista e lancei-lhe em face todos os meus ruminantes problemas, inclusive
dizendo-lhe que sofro de labirintite crônica.
— E o que ele disse?
— Foi logo perguntando quem me indicara. Pareceu
contrariado quando soube que eu não fora indicado por outro facultativo e, sim,
que achara seu endereço na internet. Examinou meu fundo de olho, verificou
minha pressão e disse-me que eu nada tenho, além de uma pressão de garoto.
— Você e seus distúrbios neurovegetativos, Lord
Sinclair II! E agora, o que fará?
— Depois de tudo isso, sinto-me curado. Mas por
via das dúvidas, vou trocar o galope das corridas pela Galopeira da música
cantada por uma dupla sertaneja.
É só clicar aqui e cantar: http://letras.mus.br/chitaozinho-e-xororo/283451/
Visite, quando puder: www.jojorgeleite.blogspot.com
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