O Natal e a
Páscoa são duas festas que os cristãos de qualquer denominação religiosa
comemoram bastante. A primeira, porque está associada ao advento de Jesus. A
segunda, porque constitui uma prova inequívoca da imortalidade da alma.
Referimo-nos
a esse assunto, neste mesmo espaço, no artigo publicado em 8 de abril de 2012,
que o leitor pode rever clicando em http://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2012/04/pascoa-da-ressurreicao.html
A chamada
ressurreição de Jesus – em verdade, sua aparição após a desencarnação do seu
Espírito – foi assim registrada por João, o Evangelista:
E Maria
estava chorando fora, junto ao sepulcro. Estando ela, pois, chorando,
abaixou-se para o sepulcro. E viu dois anjos vestidos de branco, assentados
onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés. E disseram-lhe
eles: Mulher, por que choras? Ela lhes disse: Porque levaram o meu Senhor, e
não sei onde o puseram. E, tendo dito isto, voltou-se para trás, e viu Jesus em
pé, mas não sabia que era Jesus. Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem
buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste,
dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela,
voltando-se, disse-lhe: Raboni, que quer dizer: Mestre. (João 20:11-16.)
Como todos
sabemos, a Páscoa fora instituída bem antes no seio do povo hebreu, mas sua
motivação é bem diferente da que anima os adeptos do Cristianismo.
A instituição
da Páscoa judaica está relatada no livro de Êxodo, 12:1-51.
Eis um breve
relato sobre as origens dessa que é para os judeus uma festa especial:
Reportando-se
ao momento da saída dos hebreus do Egito, o Senhor disse a Moisés e a Aarão,
ainda em terra egípcia, que aquele seria o primeiro dos meses do ano, e que ao
décimo dia cada um tomasse um cordeiro para a sua família. Se as pessoas na
casa fossem poucas para comerem o cordeiro, convidassem os vizinhos. O cordeiro
deveria ser macho, de um ano, sem defeito, e poderia ser um cabrito com as
mesmas qualidades. O animal seria guardado até o dia 14, para ser imolado à
tarde. O sangue do animal deveria ser colocado sobre as duas ombreiras e sobre
a verga das portas de suas casas, onde, na mesma noite, a carne do cordeiro,
assada ao fogo, seria comida, acompanhada de pães asmos e alfaces bravas.
Era a
instituição da Páscoa, isto é, a passagem do Senhor, visto que naquela noite o
Senhor passaria pela terra do Egito e aí mataria todos os primogênitos, desde
os homens até aos animais. O sangue nas portas das casas impediria que as
famílias dos hebreus fossem atingidas. Seria aquele um dia memorável, que
deveria ser celebrado de geração em geração como um culto perpétuo, como uma
festa solene em honra do Senhor.
Comeriam
então, por sete dias, pães asmos. O fermento estaria proibido. O primeiro dos
sete dias seria santo e solene; o sétimo seria uma festa igualmente venerável.
Nesses dias, eles não deveriam fazer obra alguma, exceto aquelas cousas,
atinentes à festividade. Assim, desde o dia 14 do primeiro mês, à tarde, até à
tarde do dia 21 do mesmo mês, os hebreus comeriam pães asmos, proibido o
fermento. E assim foi feito pelos filhos de Israel.
Tudo aconteceu
conforme fora anunciado pelo Senhor, uma vez que no meio da noite todos os
primogênitos da terra do Egito, desde o filho do Faraó até ao primogênito dos
cativos e dos animais, foram feridos de morte. Não houve no Egito casa onde não
houvesse algum morto. O Faraó chamou, então, Moisés e Aarão na mesma noite e
autorizou a saída dos hebreus, com os seus rebanhos e familiares, e mesmo os
egípcios insistiram com o povo hebreu para que saísse logo, com medo de morrer.
Os filhos de
Israel fizeram o que Moisés lhes havia ordenado, e partiram. Eram cerca de
seiscentos mil homens, fora os meninos, conduzindo uma inumerável multidão de
ovelhas, gados e animais de diversos gêneros, em grande número. Completavam-se
430 anos desde que os filhos de Israel foram morar no Egito.
A noite em
que o Senhor os tirou do Egito deveria ser lembrada por todas as gerações, como
o Senhor disse a Moisés e a Aarão: “Este é o rito da Páscoa: nenhum estrangeiro
comerá dela”. Os escravos deveriam ser circuncidados, e então poderiam comer;
já os estrangeiros e os mercenários, não. Se algum peregrino desejasse celebrar
a Páscoa do Senhor, primeiro fizesse a circuncisão e poderia celebrá-la.
*
É difícil
quando lemos os livros do Antigo Testamento distinguir o que é fato e o que é
simples alegoria.
No caso em
foco, se a descrição acima for verdadeira, a Páscoa judaica não comemora
somente a saída dos hebreus, mas uma matança generalizada do povo egípcio e, o
que é pior, atribuída ao próprio Senhor, seja lá o que significa tal palavra.
Como Deus
instituiu, por intermédio de Moisés, o mandamento “não matarás”, que compõe o
Decálogo, não é possível que Ele, ou qualquer dos seus prepostos, assim agisse.
Diferentemente,
a Páscoa comemorada pelos cristãos não enaltece a morte, mas sim a imortalidade,
porque nos oferece a prova indiscutível de que alma e corpo são elementos
distintos e que, se a morte é real para o nosso corpo precário, ela em nada
afeta a alma, que continua a viver, do mesmo modo que vivia antes de sua
imersão na carne.
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