Alma do Amor
Cruz e Souza
Alma do Amor, cansada, erma e fremente,
Arrastando o grilhão das próprias dores,
Sustenta a luz da fé por onde fores,
Torturada, ferida, descontente...
Nebulosas, estrelas, mundos, flores
Rasgam, vibrando, excelso trilho à frente...
Tudo sonha, buscando o lume ardente
Do eterno amor de todos os amores!
Alma, de pés sangrando senda afora,
Humilha-te, padece, chora, chora,
Mas bendize o teu santo cativeiro...
Não esperes ninguém para ajudar-te,
Ama apenas, que Deus, em toda a parte,
É o sol do amor para o Universo inteiro.
Filho de pais escravos, Cruz e Souza é a
figura mais expressiva do Simbolismo no Brasil e, ao lado de Mallarmé e Stefan
George, um dos grandes nomes do movimento simbolista no mundo. O soneto acima
integra o livro Antologia dos Imortais,
obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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