sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Pérolas literárias (110)


Alma do Amor

Cruz e Souza



Alma do Amor, cansada, erma e fremente,

Arrastando o grilhão das próprias dores,

Sustenta a luz da fé por onde fores,

Torturada, ferida, descontente...



Nebulosas, estrelas, mundos, flores

Rasgam, vibrando, excelso trilho à frente...

Tudo sonha, buscando o lume ardente

Do eterno amor de todos os amores!



Alma, de pés sangrando senda afora,

Humilha-te, padece, chora, chora,

Mas bendize o teu santo cativeiro...



Não esperes ninguém para ajudar-te,

Ama apenas, que Deus, em toda a parte,

É o sol do amor para o Universo inteiro.




Filho de pais escravos, Cruz e Souza é a figura mais expressiva do Simbolismo no Brasil e, ao lado de Mallarmé e Stefan George, um dos grandes nomes do movimento simbolista no mundo. O soneto acima integra o livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.



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