quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Pílulas gramaticais (280)




Depois de ler o artigo “Pequenos códigos”, de Miguel Sanches Neto, publicado numa das edições do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba (PR), um leitor perguntou-nos como os portugueses conseguem acompanhar e entender as novelas da Globo, que costumam obter em Portugal grandes índices de audiência.
Realmente, embora o idioma adotado seja o mesmo, existe grande diferença entre Brasil e Portugal no modo de falar e na escolha dos vocábulos utilizados na conversação cotidiana.
Se alguém duvida, sintonize uma emissora de rádio de Portugal e tente acompanhar a transmissão de uma partida de futebol. Depois dessa experiência, a conclusão é inevitável: para viver em Portugal temos de nos adaptar e aprender a falar de maneira que eles, os portugueses, nos entendam e que nós possamos de igual modo compreendê-los.
A título de exemplo, veja este texto publicado em um dos sites esportivos de Portugal:

“Já pode fazer a sua equipa do e-Golo com vista à 34ª e última jornada da Liga.
Encerrada a contabilidade da ronda anterior (a classificação já está disponível), estão reabertas as transferências e as equipas, para que possa começar a definir as suas escolhas.
Como a jornada arranca só no sábado de manhã, permitimos alterações nas equipas até às 23h30 da véspera, sexta-feira, dia 13 de maio.
Boas escolhas!
Aceda à página do e-Golo.”

Do artigo de Miguel Sanches Neto, conhecido escritor paranaense então radicado na pátria de Camões, extraímos algumas informações realmente curiosas. Aqui estão algumas delas para que o leitor, caso se interesse pelo assunto, tente “traduzi-las” para o português que falamos no Brasil:
1. Ó, m´nina, dê-me um pé de salada.
2. No mercado uma mulher grita: - Paninhos de secar loiça!
3. Ele atendeu o telemóvel e disse: - Toooou!
4. Na hora de preencher o cadastro: - O senhor pode informar a porta?
5. No bar o jovem pediu: - Quero um fino.
6. No restaurante, um prato típico: - Pica no chão.
7. Na quermesse o cartaz anuncia: - Porras recheadas.
Eis, segundo Miguel Sanches Neto, a “tradução”:
1. Ó, menina, dê-me um pé de alface.
2. No mercado uma mulher grita: - Panos de prato!
3. Ele atendeu o celular e disse: - Alô!
4. Na hora de preencher o cadastro: - O senhor pode informar o número de sua casa?
5. No bar o jovem pediu: - Quero um chope.
6. No restaurante, um prato típico: - Prato feito com galinha caipira e preparado com sangue.
7. Na quermesse o cartaz anuncia: - Churros recheados.
Depois, quando nos dizem que o idioma português poderia ser usado como código secreto de guerra, quem somos nós para contestar?!



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