Gravidez decorrente de uma
violência
Um amigo ainda neófito em matéria de Espiritismo pergunta-nos como se
explica a reencarnação proveniente de um estupro.
Entendemos, à vista dos ensinamentos contidos na obra de Allan Kardec,
que ninguém vem ao mundo para estuprar ou cometer suicídio. Em face disso, tais
ações não fazem parte, com toda a certeza, de nenhuma programação reencarnatória.
Isso não significa que as vítimas de um estupro tenham passado por essa
situação por mera obra do acaso, porque, como sabemos, o acaso não existe. As
ações que cometemos num dado momento apresentarão necessariamente uma reação, e
o próprio Cristo a isso se referiu quando do conhecido episódio narrado no
Evangelho de Mateus em que disse a Pedro: “Embainha a tua espada; porque todos
os que lançarem mão da espada, à espada morrerão” (Mateus, 26:52).
Em entrevista concedida à revista O
Consolador foi perguntado a Divaldo Franco: – Qual deve ser, à luz do
Espiritismo, a posição de uma jovem e sua família diante de uma gravidez
originada de um estupro?
O conhecido médium respondeu: “Embora lamentável e dolorosa a circunstância
traumática da ocorrência, é dever da jovem e dos seus familiares manterem a
gravidez, auxiliando o Espírito que se reencarna em situação aflitiva e
angustiante. Compreende-se a dor da vítima e dos seus familiares, no entanto
não se tem o direito de matar o ser reencarnante que necessita do retorno daquela maneira, a fim de crescer para Deus. Não raro, esses seres que renascem
nessa conjuntura tornam-se amorosos e profundamente agradecidos àqueles que lhe
propiciaram o recomeço terrestre: a mãe e os familiares”. (1)
Chamamos a atenção para este trecho da resposta dada por Divaldo: “Não
raro, esses seres que renascem nessa conjuntura tornam-se amorosos e profundamente agradecidos...”.
[Negritamos.]
Por que será? Se não houve programação alguma do estupro contra aquela
mulher, que filho é esse que, anos mais tarde, torna-se amoroso e agradecido?
A resposta vamos encontrar em um texto do Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita, págs.
91 a 95), que afirma que nenhum Espírito chega ao processo reencarnatório sem
uma atração específica com sua futura mãe.
O mergulho na reencarnação – diz ele – só se dá quando a sintonia entre
a mãe e o futuro filho estiver praticamente indissolúvel. Qualquer que seja a
qualidade do reencarnante, haverá sempre com a mãe correlação de causas, onde
ambos lucrarão sempre, no sentido evolutivo, quer os mecanismos se exteriorizem
nas faixas do amor ou do ódio. O Espírito reencarnante, com o seu campo
específico de energias, fará a seleção do espermatozoide pelas contingências de
suas irradiações, adquirindo e construindo o futuro corpo de acordo com suas
necessidades.
A posição de Joanna de Ângelis (Após
a Tempestade, cap. 10, obra psicografada por Divaldo P. Franco) não é
diferente. Os filhos – diz ela - não são realizações fortuitas. Procedem de
compromissos aceitos antes da reencarnação pelos futuros genitores, de modo a
edificarem a família de que necessitam para a própria evolução. Se é lícito a
uma pessoa adiar a recepção de Espíritos que lhe são vinculados,
impossibilitando mesmo que se reencarnem por seu intermédio, as Soberanas Leis
da Vida dispõem de meios para fazer com que aqueles rejeitados venham por
outros processos à porta dos seus devedores ou credores, em circunstâncias
talvez mui dolorosas.
É por isso que, à luz dos ensinamentos espíritas, só podemos admitir o
aborto que se pratica para salvar a vida da gestante, e nenhum outro, como temos
dito, aqui e acolá, repetidas vezes.
(1) A entrevista concedida por Divaldo Franco pode ser
vista na íntegra clicando-se neste link: http://www.oconsolador.com.br/51/entrevista.html
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