domingo, 22 de abril de 2018




Fazer o bem e não o mal, eis nosso lema

Como o leitor pode conferir consultando a Revue Spirite de 1862, no dia 25/5/1862 o jornal francês Abeille Agénaise publicou um artigo intitulado Conversas Espíritas, em que o Sr. Cazenove de Pradine apresentou um resumo do Espiritismo e, no final, classificou-o como uma doutrina perversa. Um leitor, o Sr. Dombre, radicado na cidade francesa de Marmande, escreveu ao referido jornal contestando a crítica, mas sua carta não foi publicada, sob a alegação de que o jornal não poderia propagar ditas ideias, a seu ver essencialmente perigosas.
As pessoas têm todo o direito de manifestar o que pensam e de gostar ou não dessa ou daquela ordem de ideias, tanto no campo da política, como no tocante à filosofia, à arte ou à religião.
Para atribuir a qualidade de perverso a uma doutrina, como o Espiritismo, é necessário, porém, que o crítico indique as razões em que se fundamenta.
O adjetivo perverso, conforme lemos em um dos melhores léxicos da língua portuguesa, significa: traiçoeiro, maligno, malvado, que mostra perversão, que tem péssimas qualidades, que tem intenção de fazer o mal ou de prejudicar.
Ora, nada disso se aplica à doutrina ensinada pelos Espíritos superiores, e somente a ignorância dos ensinos espíritas ou a maldade, o preconceito e os interesses escusos podem levar uma pessoa a semelhante afirmativa.
Se o Sr. Cazenove tivesse lido pelo menos a Introdução da principal obra espírita, jamais teria feito tal acusação, e isso sabem-no muito bem os que frequentam as casas espíritas e assistem às palestras públicas ofertadas diariamente aos seus frequentadores.
Com efeito, lemos na mencionada Introdução d’O Livro dos Espíritos:

“As diferentes existências corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.
As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.
A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver separado do corpo.
Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e de todo mal que fez.
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações.” (O Livro dos Espíritos, Introdução, VI.)

Onde a maldade, a perversidade, a traição nos textos acima ou em qualquer outro que integre as obras espíritas?
A perversidade, ao contrário disso, já fez morada em outros corações e em outros credos, não no seio do Espiritismo.
Recordemos:
- Quem inventou e incentivou as Cruzadas?
- A Inquisição não foi obra do Espiritismo nem dos espíritas.
- Quem cometeu as barbaridades criminosas da malfadada Noite de São Bartolomeu?
- Não foi um pregador espírita que pisou e esmagou, diante das câmeras de TV, uma estatueta de Nossa Senhora.
- Que religiosos têm ateado fogo aos centros espíritas e aos núcleos mantidos por umbandistas e por nossos irmãos do Candomblé?
Os cristãos se revelam por suas obras e, segundo Jesus, pelos frutos os conheceremos, como ele advertiu em um de seus magníficos sermões:

“Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus.
Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus, 7:15-20.)

  



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