sexta-feira, 20 de abril de 2018






A Alma é Imortal

Gabriel Delanne

Parte 4

Continuamos o estudo do clássico A Alma é Imortal, de Gabriel Delanne, conforme tradução de Guillon Ribeiro, publicada pela Federação Espírita Brasileira.
Esperamos que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto indicado para leitura. 

Questões preliminares

A. Além de admitir a existência dos Espíritos, que fenômenos espíritas descreve G. Billot, doutor em Medicina, em obra publicada em 1839, muito antes do advento do Espiritismo?
B. Que informações podemos encontrar na obra Fisiologia do Magnetismo, de Chardel, a respeito do passe e do êxtase?
C. Por que razão os sonâmbulos são dotados da faculdade de ver os Espíritos?

Texto para leitura

31. Na correspondência que manteve com Deleuze, o doutor Billot afirma sua crença na existência dos Espíritos e admite que os guias espirituais podem atuar sobre o corpo dos pacientes, pois foi, certa vez, testemunha de uma sangria que por si mesmo cessou, logo que o sangue saiu em quantidade suficiente, sem que houvesse necessidade de fazer-se qualquer ligadura. (Págs. 43 e 44)
32. Nessa correspondência, Deleuze revela, a princípio, dificuldade em aceitar as ponderações do Dr. Billot, mas, por fim, admite também ter podido observar pacientes que se achavam em comunicação com as almas dos mortos. (Pág. 45)
33. O magnetismo, segundo ele, demonstra a espiritualidade da alma e sua imortalidade, e prova a possibilidade da comunicação das Inteligências separadas da matéria com as que lhe estão ainda ligadas. Relata Deleuze: “Uma moça sonâmbula, que perdera o pai, por duas vezes o viu muito distintamente. Viera dar-lhe conselhos importantes. Depois de lhe elogiar o proceder, anunciou-lhe que um partido se lhe ia apresentar; que esse partido pareceria convir e que o rapaz não lhe desagradaria; mas que ela não seria feliz desposando-o, e, portanto, o recusasse. Acrescentou que, se ela não aceitasse esse partido, outro logo depois apareceria, devendo achar-se tudo concluído antes do fim do ano”. Os fatos ocorreram tal como foram preditos pelo pai da jovem sonâmbula. (Pág. 45)
34. A fim de levar seu amigo a uma crença completa, o Dr. Billot narrou-lhe alguns fenômenos de trazimento de objetos de que fora testemunha. Num deles, ocorrido a 17 de outubro de 1820, diz o Dr. Billot que fora trazida à sessão uma planta - um arbúsculo com flores labiadas e em espigas - a exalar delicioso perfume. Antes que o transporte se desse, a sonâmbula informou ter visto uma donzela apresentando-lhe aquela planta, que, segundo ela, seria útil no tratamento de uma senhora com amaurose presente à sessão. (Págs. 46 e 47)
35. Por esse testemunho se vê que os fenômenos de trazimento já eram conhecidos nos começos do século XIX, o que demonstra mais uma vez a continuidade das manifestações espíritas que constantemente se têm realizado, mas que o público rejeitava como diabólicas ou considerava apócrifas. O Dr. Billot mostra ainda, em sua correspondência, que não lhe era estranho o conhecimento da tiptologia. (Pág. 48)
36. Conta Chardel, autor da obra Fisiologia do Magnetismo, que a sonâmbula Lefrey explicou-lhe certa vez, após lhe ditar algumas prescrições terapêuticas, que lhe era possível ver muito bem o que saía do corpo do magnetizador quando este a magnetizava. “A cada passe que o senhor me dá - disse-lhe a sonâmbula -, vejo sair-lhe das extremidades dos dedos como que pequenas colunas de uma poeira ígnea, que se vem incorporar em mim e, quando o senhor me isola, fico por assim dizer envolta numa atmosfera ardente, formada dessa mesma poeira ígnea.” (Pág. 49)
37. Na sequência, a sonâmbula informou ser-lhe possível ouvir - sempre que quisesse - ruídos produzidos ao longe e sons emitidos a cem léguas dali. Eis o que textualmente ela disse: “Não preciso que as coisas venham a mim; posso ir ter com elas, onde quer que estejam, e apreciá-las com muito maior exatidão, do que o poderia qualquer outra pessoa que não se encontre em estado análogo ao meu”. (Pág. 49)
38. Refere ainda Chardel que uma outra sonâmbula costumava ter, à noite, uma espécie de êxtase, que explicava assim: “Entro, então, num estado semelhante ao em que o magnetizador me põe e, dilatando-se o meu corpo pouco a pouco, vejo-o muito distintamente longe de mim, imóvel e frio, como se estivesse morto. Quanto a mim, assemelho-me a um vapor luminoso e sinto-me a pensar separada do meu corpo. Nesse estado, compreendo e vejo muito mais coisas do que no sonambulismo, quando a faculdade de pensar se exerce sem que eu esteja separada dos meus órgãos. Mas, escoados alguns minutos, um quarto de hora, no máximo, o vapor luminoso de minha alma se aproxima cada vez mais do meu corpo, perco os sentidos, cessa o êxtase”. (Págs. 49 e 50)
39. Delanne argumenta que, se as almas desencarnadas podem comunicar-se entre si, claro é que poderão manifestar-se aos sonâmbulos, quando estes se acharem mergulhados no sono magnético, ocasião em que - desprendido em parte do laço fisiológico - a alma se encontra num estado quase idêntico ao em que um dia se achará permanentemente. (Págs. 50 e 51)
40. Os magnetizadores - esclarece Delanne - se viram, em sua maioria, obrigados a reconhecer tal fato, como admite o Dr. Bertrand, autor de Tratado de Sonambulismo, o qual, falando de uma sonâmbula muito lúcida, disse que a mulher se exprimia sempre como se um ser distinto, separado dela, lhe houvesse transmitido as noções extraordinárias que ela manifestava no estado sonambúlico. (Pág. 51)
41. Atesta o Dr. Bertrand, em sua obra referida: “Verifiquei o mesmo fenômeno na maior parte dos sonâmbulos que tenho observado. O caso mais vulgar é o em que ao sonâmbulo parece que os acontecimentos que ele anuncia lhe são revelados por uma voz”. (Pág. 51)
42. O barão du Potet, por longo tempo incrédulo, foi também constrangido a confessar a verdade. Diz ele ter encontrado de novo, no magnetismo, a espiritologia antiga e afirma que se pode entrar em contato com os Espíritos desprendidos da matéria, a ponto de obter-se deles aquilo de que tenhamos necessidade. (Pág. 51)
43. Delanne adverte, contudo, que devemos preservar-nos com cuidado de dar crédito às afirmações dos sonâmbulos, salvo quando assentem em provas absolutas, do gênero das que foram aqui reproduzidas, apresentadas pelo Dr. Billot. É que, na maior parte das vezes, os pacientes são sugestionados pelo experimentador e por sua própria imaginação. Carece, pois, de valor positivo a visão de um Espírito, se não existe certeza absoluta de que não se trata de uma autossugestão do sonâmbulo ou de uma transmissão de pensamento do operador. (Pág. 52)  (Continua no próximo número.)

Respostas às questões preliminares

A. Além de admitir a existência dos Espíritos, que fenômenos espíritas descreve G. Billot, doutor em Medicina, em obra publicada em 1839, muito antes do advento do Espiritismo?
O Dr. Billot menciona em seu livro alguns fenômenos de transporte de objetos. Num deles, ocorrido a 17 de outubro de 1820, diz o Dr. Billot que fora trazida à sessão uma planta que exalava delicioso perfume. Antes que o transporte se desse, a sonâmbula informou ter visto uma donzela apresentando-lhe aquela planta, que, segundo ela, seria útil no tratamento de uma senhora com amaurose presente à sessão. O Dr. Billot mostra ainda, em sua obra, que não lhe era estranho o conhecimento da tiptologia. (A Alma é Imortal, págs. 43 a 48.)
B. Que informações podemos encontrar na obra Fisiologia do Magnetismo, de Chardel, a respeito do passe e do êxtase?
Chardel diz na obra mencionada que a sonâmbula Lefrey explicou-lhe certa vez que lhe era possível ver muito bem o que saía do corpo do magnetizador quando este a magnetizava. “A cada passe que o senhor me dá – disse ela -, vejo sair-lhe das extremidades dos dedos como que pequenas colunas de uma poeira ígnea, que se vem incorporar em mim e, quando o senhor me isola, fico por assim dizer envolta numa atmosfera ardente, formada dessa mesma poeira ígnea.” Ela informou também ser-lhe possível ouvir ruídos produzidos ao longe e sons emitidos a cem léguas dali. Eis suas palavras textuais: “Não preciso que as coisas venham a mim; posso ir ter com elas, onde quer que estejam, e apreciá-las com muito maior exatidão, do que o poderia qualquer outra pessoa que não se encontre em estado análogo ao meu”. Uma outra sonâmbula costumava ter, à noite, uma espécie de êxtase, que explicava assim: “Entro, então, num estado semelhante ao em que o magnetizador me põe e, dilatando-se o meu corpo pouco a pouco, vejo-o muito distintamente longe de mim, imóvel e frio, como se estivesse morto. Quanto a mim, assemelho-me a um vapor luminoso e sinto-me a pensar separada do meu corpo. Nesse estado, compreendo e vejo muito mais coisas do que no sonambulismo, quando a faculdade de pensar se exerce sem que eu esteja separada dos meus órgãos. Mas, escoados alguns minutos, um quarto de hora, no máximo, o vapor luminoso de minha alma se aproxima cada vez mais do meu corpo, perco os sentidos, cessa o êxtase”. (Obra citada, págs. 49 e 50.)
C. Por que razão os sonâmbulos são dotados da faculdade de ver os Espíritos?
A respeito deste assunto, Delanne argumenta que, se as almas desencarnadas podem comunicar-se entre si, claro é que poderão manifestar-se aos sonâmbulos, quando estes se acharem mergulhados no sono magnético, ocasião em que - desprendida em parte do laço fisiológico - a alma se encontra num estado quase idêntico ao em que um dia se achará permanentemente. Eis aí, nesse desprendimento, a origem da faculdade de vidência. (Obra citada, págs. 50 a 52.)


Nota:
Eis os links que remetem aos textos anteriores:






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