Livre-arbítrio
Este é o módulo 75 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. O livre-arbítrio de que desfruta o homem é
relativo ou absoluto?
2. Se o Espírito tem liberdade de escolher o tipo
de vida que queira levar, por que muitos enfrentam dores, dificuldades e
dissabores acerbos?
3. Existe correlação entre livre-arbítrio e
responsabilidade?
4. Que ensina o Espiritismo acerca do destino?
5. “A semeadura é livre, mas a colheita é
obrigatória.” Esta máxima evangélica encontra confirmação nos ensinamentos
espíritas?
Texto para leitura
Sem o livre-arbítrio o homem seria uma máquina
1. O livre-arbítrio relativo é, segundo o
Espiritismo, apanágio do ser humano, cujo exercício no orbe terráqueo estará
também submetido a determinadas circunstâncias de acordo com o mapa de serviços
a ser desenvolvido pelo reencarnante. Esse mapa é delineado pelo Espírito em
harmonia com as opiniões dos seus guias espirituais, antes mesmo de se iniciar
o processo reencarnatório.
2. As condições sociais, as moléstias, os
ambientes viciosos, o cerco das tentações, os dissabores são circunstâncias da
existência humana. Entre elas, porém, está presente sua vontade soberana. Ele
pode, pois, nascer em um ambiente de miséria e dificuldades, buscando vencer
por sua perseverança no trabalho e triunfar das deficiências encontradas; pode
suportar as enfermidades com serenidade e resignação; pode ser tentado de todas
as maneiras, mas só se tornará um criminoso se quiser.
3. Livre para agir, o homem tem liberdade de
escolher o tipo de vida que queira levar. As dores, as dificuldades, as
vicissitudes da vida constituem provas ou expiações que ele deve enfrentar como
consequência do uso indevido, incorreto, do livre-arbítrio em existências e
vivências passadas.
4. O pensamento espírita é bastante claro: “Se o
homem tem liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar”. Sem o livre-arbítrio
ele seria uma máquina. E isso resulta de um fato simples: a liberdade é
condição necessária à evolução do ser humano, que, sem ela, não poderia
construir seu destino.
5. À primeira vista, a liberdade do homem parece
muito limitada no círculo de fatalidades que o encerra: necessidades físicas,
condições sociais, instintos ou interesses diversos. Mas, considerando a
questão mais de perto, vê-se que esta liberdade é sempre suficiente para
permitir que a alma quebre esse círculo e escape às forças opressoras.
6. Liberdade de escolha e responsabilidade são
correlativas no ser e aumentam com sua elevação moral. É a responsabilidade do
homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais que um
autômato, um joguete das forças ambientes. A noção de moralidade é, aliás,
inseparável da de liberdade. O homem é, portanto, livre, mas responsável pelo
que faz; pode, assim, realizar o que deseje. Estará, porém, ligado inevitavelmente
ao fruto de suas próprias ações.
Quanto mais livre o Espírito, mais responsável será
7. Segundo a Escola Clássica, o homem dotado de
inteligência e livre-arbítrio é penalmente responsável, porque: a) tem a
faculdade de analisar e discernir; b) tem o poder de livre deliberação. A
sociedade tem, portanto, o direito de punir o criminoso, porque este desfruta
de vontade própria para delinquir ou não.
8. De acordo com a Escola Antropológica, o homem
age por força das funções somático-medulares, glandulares ou cerebrais. Assim,
o crime não é resultado da livre vontade do delinquente, mas de fatores
biológicos, ideia que diverge da Escola Clássica.
9. A Escola Crítica, Eclética ou Sociológica
afirma: a) o crime resulta não da livre vontade do delinquente, como querem os
clássicos; b) nem da imposição de reflexos biológicos, herdados ou adquiridos,
como querem os antropologistas, mas exclusivamente de fatores sociais.
10. O Espiritismo tem visão própria acerca do
assunto. Seus conceitos essenciais afinam-se, de alguma sorte, com as diversas
escolas, indo, porém, mais além, em face da lei de reencarnação.
11. Esclarece-nos o Espiritismo que: a) pelo uso
do livre-arbítrio construímos o nosso destino, que poderá ser de dores ou de
alegrias; b) quanto mais livre é o Espírito, mais responsável será; c) a
fatalidade ou o determinismo que afetam sua vida derivam da escolha das provas
que o Espírito fez antes de reencarnar.
12. Se existe escolha das provas antes do
renascimento corporal, o Espírito estabelece para si uma espécie de destino.
Disso se conclui que o livre-arbítrio não tem uma medida absoluta, mas
relativa.
Somos constrangidos a colher o resultado de nossas obras
13. Inúmeros são os exemplos da falência do
indivíduo pelo uso indevido do livre-arbítrio. Vejamos alguns e suas consequências,
extraídos da obra Encontro Marcado,
págs. 160 a 163, de autoria de Emmanuel.
14. Com relação à posse de bens materiais, o homem
é livre para reter quaisquer posses que a legislação humana lhe faculte, mas se
abusa delas, criando a penúria dos semelhantes, encontrará nas consequências
disso a fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz da
abnegação.
15. Com relação ao estudo, o homem é livre para
ler e escrever, ensinar ou estudar tudo o que quiser, mas se coloca os valores
da inteligência em apoio do mal, deteriorando a existência dos companheiros com
o objetivo de acentuar o próprio orgulho, encontrará nas consequências disso a
fieira de provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do
discernimento.
16. Com relação ao trabalho, o homem é livre para
abraçar as tarefas a que se afeiçoe, mas se malversa o dom de empreender e de
agir, prejudicando o próximo, encontrará nas consequências disso a fieira de
provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do serviço aos
semelhantes.
17. Com relação ao sexo, o homem é livre para dar
às suas energias e impulsos sexuais a direção que prefira, mas se transforma os
recursos genésicos em dor e desequilíbrio, angústia ou desesperação para os
semelhantes, pela injúria aos sentimentos alheios ou pela deslealdade e
desrespeito aos compromissos afetivos, encontrará nas consequências disso a
fieira das provações com que aprenderá a acender em si mesmo a luz do amor
puro.
18. Como se vê, todos somos livres para desejar,
escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a colher os
resultados das nossas próprias obras.
Respostas às questões propostas
1. O livre-arbítrio de que desfruta o homem é relativo ou absoluto?
Relativo. O livre-arbítrio relativo é apanágio do
ser humano, cujo exercício no orbe terráqueo estará também submetido a
determinadas circunstâncias de acordo com o mapa de serviços a ser desenvolvido
pelo reencarnante.
2. Se o Espírito tem liberdade de escolher o tipo de vida que queira
levar, por que muitos enfrentam dores, dificuldades e dissabores acerbos?
As condições sociais, as moléstias, os ambientes
viciosos, o cerco das tentações, os dissabores são circunstâncias da existência
humana. A escolha depende, pois, das necessidades e carências do indivíduo, que
pode nascer em um ambiente de miséria e dificuldades com o propósito de provar
a si mesmo que é capaz de vencer tais vicissitudes com perseverança e trabalho.
3. Existe correlação entre livre-arbítrio e responsabilidade?
Sim. Liberdade de escolha e responsabilidade são
correlativas no ser e aumentam com sua elevação moral. É a responsabilidade do
homem que faz sua dignidade e moralidade. Sem ela, não seria ele mais que um
autômato, um joguete das forças ambientes.
4. Que ensina o Espiritismo acerca do destino?
Esclarece-nos o Espiritismo que pelo uso do
livre-arbítrio construímos o nosso destino, que poderá ser de dores ou de
alegrias. A fatalidade ou o determinismo que afetam sua vida derivam da escolha
das provas que o Espírito fez antes de reencarnar. Com a escolha das provas
antes do renascimento corporal, ele estabelece para si uma espécie de
destino.
5. “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.” Esta máxima
evangélica encontra confirmação nos ensinamentos espíritas?
Sim. Conforme o Espiritismo, todos somos livres
para desejar, escolher, fazer e obter, mas todos somos também constrangidos a
colher os resultados de nossas próprias obras.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan
Kardec, questões 843, 844 e 872.
O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis, pág. 342.
No Mundo Maior, de André Luiz,
psicografado por Francisco Cândido Xavier, págs. 140 a 153.
O Pensamento de Emmanuel, de Martins
Peralva, págs. 199 a 201.
Encontro Marcado, de Emmanuel, psicografado
por Francisco Cândido Xavier, págs. 160 a 163.
Palavras do Infinito, de Humberto
de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, págs. 94 e 95.
Nota:
Eis os links que remetem aos 3
últimos textos:
Módulo 72 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/as-penas-eternas-na-visao-espirita-este.html
Módulo 73 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/os-exilados-de-capela-e-o-paraiso.html
Módulo 74 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/04/determinismo-e-fatalidade-este-e-o.html
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