Evangelho e Espiritismo
Emmanuel
Todos aqueles que negam a feição religiosa do
Espiritismo, recusando-lhe a posição de Cristianismo Restaurado, decerto ainda
não abarcaram, em considerações mais amplas, a essência evangélica em que se
lhe estruturam os princípios, nos mais íntimos fundamentos.
Examinemos, pela rama, alguns dos pontos mais
importantes de formação do Testamento Kardequiano:
- "O Livro dos Espíritos", que se
popularizou com mil e dezenove questões, sabiamente explanadas, não obstante os
primores filosóficos de que se compõe, é um código de responsabilidade moral, iniciado com duas
proposições, acerca de Deus e do Infinito, e rematado com outras duas, que se
reportam ao reino do Cristo nos corações e ao reinado do bem, no caminho dos
homens.
- "O Livro dos Médiuns", volume de metodologia
para o intercâmbio entre encarnados e desencarnados, apresenta, de entrada,
valiosa argumentação, alusiva à existência do Mundo Espiritual, e reúne, no
encerramento, diversas comunicações de individualidades desencarnadas, ao mesmo
tempo que nos convida a exame sério e imparcial de todas as mensagens
recolhidas do Além, por via mediúnica, salientando-se que a primeira página da
seleção exposta começa com significativa advertência de Agostinho:
"Confiai na bondade de Deus e sede bastante clarividentes para perceberdes
os preparativos da vida nova que ele vos destina".
- “O Evangelho segundo o "Espiritismo"
abre as próprias elucidações com judiciosos apontamentos, em torno de Moisés e
da Lei Antiga, compendiando, em seguida, os ensinos de Jesus, em todo o texto,
para concluir alinhando comovedores poemas de exaltação à prece.
- "O Céu e o Inferno", tomo de
cogitações francamente religiosas, segundo a definição do título, começa
analisando o porvir humano, do ponto de vista espiritual, e termina com o
ditado de José, o cego, espírito de evolução mediana que encarece a necessidade
do sofrimento no serviço expiatório da consciência culpada e destaca a
excelência da reencarnação, na Justiça Divina.
- "A Gênese", o livro final da
Codificação e que enfeixa arrojadas teses de ciência e filosofia, enfileira
dezoito capítulos, com mais de cem artigos, dos quais a terça parte se refere
exclusivamente a passagens e lições do Divino Mestre, acrescendo notar que a
obra principia aceitando o Espiritismo em sua missão de Consolador Prometido,
com a função de explicar e desenvolver as instruções do Cristo, e despede-se
com admiráveis reflexões sobre a geração nova e a regeneração da Humanidade.
Cremos de boa fé que todos os companheiros,
propositadamente distanciados da tarefa religiosa do Espiritismo, assim
procedem, diligenciando imunizar-nos contra a superstição e o fanatismo, que a
plataforma libertadora da própria Doutrina Espírita nos obriga a remover, mas,
sinceramente, não entendemos a Nova Revelação sem o Cristianismo, a espinha
dorsal em que se apoia.
Isso acontece porque, se após dezenove séculos de
teologia arbitrária, não chegaríamos a compreender agora, no mundo, o Evangelho
e Jesus Cristo, sem Allan Kardec, manda a lógica se proclame que o Espiritismo
e Allan Kardec se baseiam em Jesus Cristo, de ponta a ponta.
Do livro Opinião
Espírita, obra mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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