domingo, 29 de abril de 2018




O sexo dos anjos

Há no meio espírita, como certamente em vários grupamentos humanos, uma tendência a se discutir assuntos que não apresentam nenhuma importância, como o sexo dos anjos, a vida no planeta Marte, o corpo utilizado por Jesus em sua passagem missionária pela Terra.
Seja qual for o entendimento no tocante aos temas citados, nossa vida e nós, pobres mortais, não experimentamos modificação nenhuma, seja para o bem, seja para o mal.
Com relação a Jesus, o que nos importa não é a natureza do seu corpo, mas sim a amplitude de sua missão e a elevação do seu espírito.
Lemos nas anotações de João, o evangelista:

“Tornou, pois, a entrar Pilatos na audiência, e chamou a Jesus, e disse-lhe: Tu és o Rei dos Judeus? Respondeu-lhe Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou disseram-to outros de mim?
Pilatos respondeu: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os principais dos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.
Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.” (João, 18:33-37)

A realeza de Jesus é o título de um texto de Allan Kardec por ele publicado no cap. II d´O Evangelho segundo o Espiritismo, no qual o codificador da doutrina espírita escreveu:

“Que não é deste mundo o reino de Jesus todos compreendem, mas também na Terra não terá ele uma realeza? Nem sempre o título de rei implica o exercício do poder temporal. Dá-se esse título, por unânime consenso, a todo aquele que, pelo seu gênio, ascende à primeira plana numa ordem de ideias quaisquer, a todo aquele que domina o seu século e influi sobre o progresso da Humanidade. É nesse sentido que se costuma dizer: o rei ou príncipe dos filósofos, dos artistas, dos poetas, dos escritores etc. Essa realeza, oriunda do mérito pessoal, consagrada pela posteridade, não revela, muitas vezes, preponderância bem maior do que a que cinge a coroa real? Imperecível é a primeira, enquanto esta outra é joguete das vicissitudes; as gerações que se sucedem à primeira sempre a bendizem, ao passo que, por vezes, amaldiçoam a outra. Esta, a terrestre, acaba com a vida; a realeza moral se prolonga e mantém o seu poder, governa, sobretudo, após a morte. Sob esse aspecto não é Jesus mais poderoso rei do que os potentados da Terra? Razão, pois, lhe assistia para dizer a Pilatos, conforme disse: ‘Sou rei, mas o meu reino não é deste mundo’." (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. II, item 4)

Quem estuda as obras de Allan Kardec conhece a íntima relação que existe entre os ensinos morais de Jesus e a chamada moral espírita:

“A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações.” (O Livro dos Espíritos, Introdução, parte VI)

Em 1939, setenta e cinco anos depois de Kardec haver escrito o texto “A realeza de Jesus”, acima transcrito, surgiu-nos a explicação que faltava nas obras espíritas acerca da natureza excepcional do Cristo, confirmando assim sua condição de modelo e guia da Humanidade. E ela veio por intermédio de Chico Xavier, que psicografou o texto abaixo:

“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. A primeira verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pró dromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.” (A Caminho da Luz, cap. I, obra de autoria de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier)




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