Provas da reencarnação
Este é o módulo 77 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. Quais são as principais provas de que a
reencarnação existe?
2. A chamada “regressão de memória” serve de
alguma forma para comprovar a reencarnação?
3. Que importância têm na comprovação da
reencarnação as revelações contidas nos ditados mediúnicos?
4. Como o Espiritismo explica a existência dos
chamados meninos-prodígios?
5. Os críticos do Espiritismo afirmam que a
reencarnação leva o indivíduo à indolência, porque o que não se faz hoje
pode-se fazer futuramente. É correto esse pensamento?
Texto para leitura
A regressão de memória é uma das provas da reencarnação
1. As evidências de que a reencarnação é um fato
baseiam-se essencialmente no seguinte:
I. Na regressão da memória às existências passadas, que pode efetuar-se
por força de sugestão ou da recordação espontânea de existências anteriores,
sem que se identifique uma causa que a justifique. Neste último caso, a
recordação pode dar-se tanto no sono comum como no estado de vigília, como os
casos pesquisados, entre outros, pelos professores H. N. Banerjee e Ian
Stevenson [1].
II. Na revelação obtida por meio da mediunidade, em que Espíritos
transmitem revelações sobre existências anteriores próprias ou de terceiros.
III. No fato das ideias inatas e da existência dos meninos-prodígios,
assunto que continua a abalar as bases científicas da hereditariedade.
2. Secundariamente, não como prova de sua
existência, mas como indício óbvio de sua antiguidade no pensamento humano, a
reencarnação é também ensinada por diversas escolas religiosas – notadamente as
orientais – e filosóficas. Pitágoras, por exemplo, foi um dos seus defensores
mais ardorosos.
3. Alguns fatos registrados nos anais da história
merecem ser aqui lembrados, por constituírem testemunhos importantes em favor
da realidade da reencarnação:
· Juliano, o Apóstata, lembrava-se de ter sido
Alexandre da Macedônia.
· O poeta Lamartine declara em sua “Viagem ao
Oriente” ter tido reminiscências muito claras de suas existências passadas.
· O escritor francês Mery recordava-se de ter
combatido na guerra das Gálias e também na Germânia, quando então se chamara
Minius.
· O sensitivo Edgar Cayce, em transe mediúnico,
revelava fatos de existências anteriores das pessoas que o procuravam e dele
mesmo. Cayce afirma que numa existência imediatamente anterior fora John
Bainbridge, nascido nas Ilhas Britânicas em 1742.
A reencarnação é também provada pelas revelações espíritas
4. Pela regressão da memória obtida tanto por meio
da hipnose, como pela simples sugestão, método que é usado largamente por
terapeutas diversos, têm sido obtidas grandes e numerosas evidências da
reencarnação.
5. O psiquiatra inglês Denys Kelsey relata em seu
livro “Muitas Existências”, escrito em parceria com sua esposa, o caso de um
cliente, profissional liberal de meia-idade, afligido por persistente e invencível
inclinação homossexual. Depois de aplicar os métodos clássicos da psicanálise,
sem nenhum resultado, numa sessão de hipnose, já pela décima quarta consulta, o
paciente começou a descrever episódios de uma existência vivida entre os
hititas [2], quando, na qualidade de esposa de um dos chefes da época,
acostumada ao luxo, exercera grande poder sobre o marido. Quando a beleza
física se foi e o marido deixou de interessar-se por ela, o choque emocional
foi muito forte para a sua natureza apaixonada. Tentando atrair terríveis
malefícios sobre seu esposo, ela pediu a um sacerdote de Baal que o
amaldiçoasse; mas acabou assassinada, levando para o Além toda a frustração da
sua humilhante posição de esposa orgulhosa e desprezada. Ao que parece, deduziu
o Dr. Kelsey, o episódio estava repercutindo na existência atual, na qual a
mesma pessoa experimentava inclinação homossexual.
6. Como exemplos de provas da reencarnação por
meio de ditados mediúnicos, Gabriel Delanne, em seu livro “A Reencarnação”,
cita vários casos. Eis um deles, que lhe foi relatado pelo Sr. E. B. de Reyle,
por meio de uma carta: “Em agosto de 1886, fizemos uma sessão de evocação, no
curso da qual se apresentou, a princípio pela tiptologia, e depois, a nosso
pedido, pela escrita medianímica, uma entidade que meus pais perderam, ainda de
pouca idade... Assegurava esperar, para reencarnar-se, o nascimento do meu
primeiro filho, especificando que seria rapaz e viria dentro de 18 meses. Não
se esperava uma criança. Ora, em fevereiro de 1888, nascia o nosso filho mais
velho, que recebeu o nome de Allan, na data prevista, com o sexo predito”.
A doutrina da reencarnação estimula o progresso coletivo e individual
7. Allan Kardec perguntou aos Espíritos
Superiores: “Qual a origem das faculdades extraordinárias dos indivíduos que,
sem estudo prévio, parecem ter a intuição de certos conhecimentos, o das
línguas, do cálculo, etc.?” Os Espíritos responderam: “Lembrança do passado;
progresso anterior da alma, mas de que ela não tem consciência. Donde queres
que venham tais conhecimentos? O corpo muda, o Espírito, porém, não muda,
embora troque de roupagem”. Nessa citação encontramos mais uma prova da
reencarnação: a das ideias inatas. A História nos revela inúmeros exemplos de
gênios, de sábios, de homens valorosos cujos pais, ou mesmo seus filhos, não
foram grandiosos como eles.
8. Alguns desses Espíritos foram na Terra o que
costumamos chamar de meninos-prodígios, cujo talento conseguiu pôr em dúvida as
leis da hereditariedade. Evidentemente, o Espiritismo não nega a
hereditariedade física ou genésica, mas repele a ideia de que exista uma
herança moral ou intelectual transmissível de pais para filhos. De fato,
sabemos que vários sábios nasceram em meios obscuros, como é o caso de Augusto
Comte, Espinosa, Kleper, Kant, Bacon, Young, Claude Bernard etc., enquanto
homens de valor tiveram como descendentes pessoas comuns ou mesmo medíocres.
Péricles, por exemplo, procriou dois tolos. Sócrates e Temístocles tiveram
filhos indignos de seus nomes, e os exemplos não param por aí, porque são
muitos e conhecidos.
9. Ante as provas mencionadas, a tese da
reencarnação mostra ser uma doutrina renovadora, porque estimula o progresso
individual e, consequentemente, o coletivo. A reencarnação revela-nos o que
fomos, o que somos e o que seremos, e constitui o instrumento por excelência da
lei do progresso e da aplicação da lei de causa e efeito.
10. A doutrina das vidas sucessivas – ao contrário
da crença de que somos condenados a uma pena eterna depois de uma única
oportunidade na vida – satisfaz, pois, todas as aspirações de nossa alma, que
exige uma explicação lógica do problema do destino. E, o que é inegavelmente
mais importante, ela se concilia perfeitamente com a ideia de que existe uma
Providência divina, ao mesmo tempo justa e boa, que não pune nossas faltas com
suplícios eternos, mas que nos enseja, a cada instante, o poder de reparar nossos
erros, elevando-nos na escala evolutiva graças aos nossos próprios esforços.
[1] Ian Stevenson, então docente na Universidade
de Virgínia (EUA), autor do livro “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”, relata
nessa obra experiências de pessoas que recordam espontaneamente episódios de
existências anteriores, espécie de fenômenos a que se deu o nome de “memória
extracerebral”.
[2] Os hititas habitaram a Síria setentrional por
volta de 1900 a.C.
Respostas às questões propostas
1. Quais são as principais provas de que a reencarnação existe?
As evidências de que a reencarnação é um fato
baseiam-se essencialmente no seguinte: I. Na regressão da memória às
existências passadas, que pode efetuar-se por força de sugestão ou da
recordação espontânea de existências anteriores, sem que se identifique uma
causa que a justifique. II. Na revelação obtida por meio da mediunidade, em que
Espíritos transmitem revelações sobre existências anteriores próprias ou de
terceiros. III. No fato das ideias inatas e da existência dos meninos-prodígios,
assunto que continua a abalar as bases científicas da hereditariedade.
2. A chamada “regressão de memória” serve de alguma forma para
comprovar a reencarnação?
Sim, sobretudo quando o fato contido na revelação
for comprovado por meio de uma pesquisa imparcial, como as realizadas por Ian
Stevenson e Banerjee.
3. Que importância têm na comprovação da reencarnação as revelações
contidas nos ditados mediúnicos?
Dependendo das condições em que são dadas e da
idoneidade moral do médium, sua importância é muito grande.
4. Como o Espiritismo explica a existência dos chamados meninos-prodígios?
O talento e os conhecimentos que essas crianças
revelam sem estudo prévio na atual encarnação são mera consequência de uma
lembrança do passado, do progresso anterior da alma, de que evidentemente elas
não têm consciência. O corpo muda, o Espírito, porém, não muda, embora troque
de roupagem.
5. Os críticos do Espiritismo afirmam que a reencarnação leva o
indivíduo à indolência, porque o que não se faz hoje pode-se fazer futuramente.
É correto esse pensamento?
Obviamente, não. A reencarnação é, em verdade, uma
doutrina renovadora, porque estimula o progresso individual e, consequentemente,
o coletivo, ao revelar-nos o que fomos, o que somos e o que seremos. E, o que é
inegavelmente mais importante, ela nos mostra que existe uma Providência
Divina, ao mesmo tempo justa e boa, que não pune nossas faltas com suplícios
eternos, mas que nos enseja, a cada instante, o poder de reparar nossos erros,
elevando-nos na escala evolutiva graças aos nossos próprios esforços.
Bibliografia:
O Livro
dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 219 e 222.
A
Reencarnação, de Gabriel Delanne, págs. 178, 234, 235, 236,
266 e 310.
Reencarnação
e Imortalidade, de Hermínio C. Miranda, págs. 125, 126, 239 e
242.
Vinte
Casos Sugestivos de Reencarnação, de Ian Stevenson.
Nota:
Eis os links que remetem aos 3
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