Fundamentos da reencarnação
Este é o módulo 76 de uma série que esperamos sirva
aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo
compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões
apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura.
Questões para debate
1. Em que princípios se fundamenta a doutrina da
reencarnação?
2. Por que o Espiritismo diz que a unicidade das
existências é injusta e ilógica?
3. Que é que a reencarnação representa para os
homens, especialmente os muito imperfeitos?
4. O Espiritismo, ao ensinar a lei que rege as
vidas sucessivas, apoia também a doutrina da metempsicose?
5. Em que momento e condição a alma ingressa no
chamado período de humanidade, em que passa a encarnar na espécie humana?
Texto para leitura
A unicidade das existências é injusta e ilógica
1. A reencarnação se baseia nos princípios da
misericórdia e da justiça de Deus:
- Na misericórdia divina porque, assim como o bom
pai deixa sempre uma porta aberta a seus filhos faltosos, facultando-lhes a
reabilitação, também Deus – por intermédio das vidas sucessivas – dá
oportunidade para que os homens possam corrigir-se, evoluir e merecer o pleno
gozo de uma felicidade duradoura.
- Na justiça divina porque os erros cometidos e os
males infligidos ao próximo devem ser reparados em novas existências, a fim de
que, experimentando os mesmos sofrimentos, os homens possam resgatar seus
débitos e conquistar, assim, o direito de ser felizes.
2. A unicidade das existências é injusta e
ilógica, pois não atende às sábias leis do progresso espiritual:
- É injusta porque grande parte dos erros humanos
é resultante da ignorância e, numa única existência, não nos é possível o
resgate dos nossos erros, principalmente quando o arrependimento nos sobrevém
quase no findar da existência. É preciso dar oportunidades ao arrependido, para
que ele comprove sua sinceridade por meio das necessárias reparações.
- É ilógica porque não pode explicar as gritantes
diferenças de aptidões das criaturas humanas desde a infância, as ideias inatas
e os instintos precoces, bons ou maus, independentemente do meio em que a
pessoa tenha nascido.
3. As reencarnações representam para as criaturas
imperfeitas valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual.
4. Rejeitando-se a doutrina da reencarnação,
perguntar-se-ia inutilmente por que certos homens possuem talento, sentimentos
nobres, aspirações elevadas, enquanto muitos outros só tiveram em partilha
tolices, paixões e instintos grosseiros.
A reencarnação nos permite compreender as diferenças sociais
5. A influência dos meios, a hereditariedade, as
diferenças de educação – como todos sabem – não bastam para explicar essas e
outras anomalias que deparamos no contexto social, porque temos visto membros
de uma mesma família semelhantes pela carne e pelo sangue, e educados nos
mesmos princípios, diferençarem-se em inúmeros pontos.
6. Personagens célebres e estimados têm descendido
de pais obscuros destituídos até mesmo de valor moral, e o oposto também se tem
visto, ou seja, filhos inteiramente depravados nascerem de pais honrados e
respeitáveis.
7. Por que para uns vem a fortuna, a felicidade
constante, e para outros a miséria, a desgraça inevitável? Por que a uns é
concedida a força, a saúde, a beleza, enquanto outros se debatem com as doenças
e a fealdade? Por que a inteligência e o gênio aqui, e acolá a imbecilidade?
Por que existem etnias tão diversas? E umas são tão atrasadas que parecem mais
próximas da animalidade do que da humanidade! Por que pessoas nascem enfermas,
cegas, com retardo mental, deficiências físicas ou deformidades morais, que
parecem desmentir a bondade de Deus? Por que uns morrem ainda no berço, outros
na mocidade, enquanto muitos só deixam o palco terreno na decrepitude? Donde
vêm os meninos-prodígios e os superdotados, enquanto pessoas há que não deixam
a mediocridade nem mesmo quando se tornam adultas?
8. Questões dessa ordem podem ser multiplicadas ao
infinito, tratando não só de nossa situação presente, mas também do passado e
do que nos aguarda no futuro. Sem a admissão da reencarnação, não se
compreende, por exemplo, que futuro estará reservado a um canibal logo que
finda sua existência corporal. Se for para o céu, que é que fará ali? Se for
condenado ao inferno, por que aplicar uma pena tão dura a um ser tão primitivo?
E os bebês, para onde irão depois da morte corpórea? Crescerão em sua nova
morada? Aprenderão a ler, progredirão, ou ficarão estacionados para sempre na
condição de bebês?
A metempsicose é um equívoco que o Espiritismo não admite
9. A reencarnação é o instrumento que o Criador
nos concede para atingirmos a meta da nossa evolução, do nosso progresso
individual e do mundo em que vivemos. Não se deve, contudo, confundi-la com a
metempsicose, porque a reencarnação da criatura humana só se dá na espécie
humana, enquanto a doutrina da metempsicose, que o Espiritismo não aceita em
nenhuma hipótese, admite a retrogradação, ou seja, a encarnação da alma humana
em corpos de animais e vice-versa.
10. A Doutrina Espírita é, no tocante a esse
assunto, bastante precisa: o homem pode estacionar, mas nunca retroceder na sua
caminhada rumo à perfeição. A doutrina da reencarnação, tal como ensinada pelo
Espiritismo, se funda na marcha ascendente da Natureza e no progresso do homem,
dentro de sua própria espécie. Ele pode, numa existência futura, renascer em um
meio mais humilde, mais singelo, menos dotado de recursos materiais, mas será
sempre ele mesmo, com a inteligência e as virtudes adquiridas ao longo do tempo
por seu Espírito.
11. A doutrina da metempsicose, embora constitua
um equívoco, tem sua origem num fato verdadeiro, que é a passagem da alma, em
seu processo evolutivo, pelos reinos inferiores da Natureza. Nesse processo, a
alma humana um dia passou pelo reino animal, mas a ele não voltará mais, porque
faz parte agora da humanidade – o chamado reino hominal – e não existe nenhuma
possibilidade de reencarnar em corpos de criaturas pertencentes aos reinos
inferiores àquele em que hoje se encontra.
12. O Espírito só chega ao período de humanidade
depois de se haver elaborado e individualizado nos diversos graus dos seres
inferiores da Criação, como é ensinado na obra de Kardec, de Delanne e de André
Luiz. (Leia-se a respeito desse tema o livro “Evolução em Dois Mundos”, de
André Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, bem como
“A Evolução Anímica”, de Gabriel Delanne.)
Respostas às questões propostas
1. Em que princípios se fundamenta a doutrina da reencarnação?
A reencarnação se baseia nos princípios da
misericórdia e da justiça de Deus.
2. Por que o Espiritismo diz que a unicidade das existências é injusta
e ilógica?
A unicidade das existências é injusta e ilógica
porque não atende às sábias leis do progresso espiritual.
3. Que é que a reencarnação representa para os homens, especialmente os
muito imperfeitos?
Ela representa para as criaturas imperfeitas
valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual.
4. O Espiritismo, ao ensinar a lei que rege as vidas sucessivas, apoia
também a doutrina da metempsicose?
Não. A reencarnação da criatura humana só se dá na
espécie humana, ao passo que a doutrina da metempsicose, que o Espiritismo não
aceita em nenhuma hipótese, admite a retrogradação, ou seja, a encarnação da
alma humana em corpos de animais, o que é materialmente impossível.
5. Em que momento e condição a alma ingressa no chamado período de
humanidade, em que passa a encarnar na espécie humana?
O Espírito só chega ao período de humanidade
depois de se haver elaborado e individualizado nos diversos graus dos seres
inferiores da Criação, como é ensinado na obra de Kardec, de Delanne e de André
Luiz.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan
Kardec, questões 222 e 613.
O Problema do Ser, do Destino e da Dor, de Léon Denis, págs. 164 e 165.
Depois da Morte, de Léon Denis, págs. 134
e 135.
A Evolução Anímica, de Gabriel Delanne.
Evolução em Dois Mundos, de André
Luiz, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, págs. 35, 36,
52 e 53.
Nota:
Eis os links que remetem aos 3
últimos textos:
Módulo 73 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/03/os-exilados-de-capela-e-o-paraiso.html
Módulo 74 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/04/determinismo-e-fatalidade-este-e-o.html
Módulo 75 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com.br/2018/04/livre-arbitrio-este-e-o-modulo-75-de.html
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