A influência da
religião na economia de um país
O grau de religiosidade de um povo
pode afetar a economia de uma nação?
Segundo pesquisa feita pelo Instituto
Gallup em 114 países, a resposta é sim. Existiria forte correlação entre a
renda “per capita” de uma nação e seu maior ou menor apego à religião. A
leitura da pesquisa está resumida na seguinte frase: Quanto mais religioso, mais pobre tende a ser um país.
A exceção fica por conta dos Estados
Unidos, a maior economia do mundo, onde 65% dos norte-americanos atribuem
importância à religião em sua vida diária, um índice bem superior à média dos
países mais ricos, que é de 47%.
Não se podem contestar os números
apresentados pelo Gallup, mas é importante que se diga que há quem faça dos
resultados dessa pesquisa uma leitura diferente.
No campo da Sociologia, por exemplo,
tradicionalmente se tem dito que é a pobreza que facilita a expansão da
religião. Não seria a religião que determinaria a penúria de um país, mas, sim,
a penúria de um país que favoreceria a expansão dos núcleos religiosos.
Analistas diversos, como o professor
Ricardo Mariano, da PUC-RS, entendem que em geral as religiões ajudam seus
adeptos a lidar com a pobreza, justificam sua posição social e oferecem
esperança, satisfação emocional e soluções mágicas para o enfrentamento dos
problemas imediatos do dia a dia.
Outro aspecto que se deve ressaltar na
pesquisa do Gallup é a inegável
diminuição do fervor religioso nos países mais ricos, com a notável
exceção da nação americana.
Em alguns desses países, como os que
faziam parte do bloco liderado pela antiga União Soviética, a restrição à
liberdade religiosa e o ateísmo estatal contribuíram para a baixa importância
que a população atribui à religião, como se dá na Estônia e na Rússia.
Na Europa Ocidental, segundo alguns, os
motivos seriam outros. A modernização, a laicização do Estado e o relativismo
cultural é que teriam erodido a religiosidade do povo.
Religiosos diversos entendem que a
riqueza pode, de fato, reduzir o pendor das pessoas à religiosidade.
Para o padre jesuíta Eduardo
Henriques, "a abertura a Deus é inversamente proporcional à segurança
oferecida pela estabilidade econômico-financeira, com exceções, é claro.
Espiritualmente falando, os pobres tornam-se sinais mais eloquentes de que
ninguém, pobre ou rico, basta a si mesmo. Por isso Jesus chamou os pobres de
bem-aventurados".
O teólogo adventista Marcos Noleto não
só apoia tal pensamento, mas chega a ser até mais radical: "Há uma
incompatibilidade da fé prática com a riqueza. Assim como dois corpos não podem
ocupar um mesmo lugar no espaço, na mente do homem não há lugar para duas
afeições totais. Veja que Deus escolheu um carpinteiro e não um banqueiro para
ser o pai de Jesus".
A discussão, como se vê, envolve duas
conhecidas provas a que os Espíritos no processo reencarnatório não podem
fugir, se quiserem realmente progredir.
Segundo o Espiritismo, Deus concede a
uns a prova da riqueza, e a outros a da pobreza, para experimentá-los de modos
diferentes.
Tanto uma quanto outra são provas
muito difíceis, porque, se na pobreza o Espírito pode ser tentado à revolta e à
blasfêmia contra o Criador, na riqueza expõe-se ele ao abuso dos bens que Deus
lhe empresta, deturpando, com esse comportamento, os objetivos pelos quais a
riqueza lhe foi concedida.
A pobreza é, para os que a sofrem, a
prova da paciência e da resignação. A riqueza é, para os que a usufruem, a
prova da caridade e da abnegação.
É preciso que entendamos: a existência
corpórea é passageira e a morte do corpo priva o homem de todos os recursos
materiais de que eventualmente disponha no plano terráqueo.
Pobres e ricos voltam, pois, à vida
espiritual em idênticas condições, o que mostra que a posição social do rico ou
do pobre não passa de expressão transitória e não tem a importância que a
pesquisa do Gallup aparentemente sugere.
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