domingo, 18 de novembro de 2018




A Teoria do Design Inteligente e o Espiritismo

Anos atrás, em um dos vestibulares realizados pela Universidade Federal do Paraná, uma das questões propostas versou sobre o evolucionismo, o criacionismo e a então novíssima corrente de pensamento conhecida pelo nome de “Design Inteligente”.
Em face dessas três correntes de ideias, como se posiciona a Doutrina Espírita?
É por demais conhecida nossa opinião de que, entre o evolucionismo de Darwin e o criacionismo bíblico, não há dúvida de que o Espiritismo ficaria sempre com o primeiro, uma vez que a evolução da alma e dos seres viventes verificou-se lentamente, no correr dos milênios, e não como narra o Gênesis. É, porém, mais que evidente que, conforme propõem os partidários da Teoria do Design Inteligente, existem no mundo estruturas biológicas complexas demais para terem surgido tão somente nas condições descritas por Darwin, pela acumulação gradual de modificações aleatórias.
Tudo nos leva, então, a crer que houve e há nesse processo a intervenção de inteligências extracorpóreas, fato que Emmanuel afirma expressamente em seu livro A Caminho da Luz, psicografado por Chico Xavier em 1938, muito antes de terem ganhado notoriedade as ideias da citada corrente de pensamento, que entende existir um “designer”, um projetista inteligente, para explicar as maravilhas da Criação.
Essa compreensão, aliás, salta aos olhos com a simples leitura da obra Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Chico Xavier em 1958, na qual a participação no processo dos Instrutores Espirituais, supervisionados pelo Cristo, é destacada a todo o momento.
Um dos partidários da Teoria do Design Inteligente (TDI) é o professor e doutor Marcos Eberlin, presidente da Sociedade Internacional de Espectrometria de Massas, membro da Academia Brasileira de Ciências e docente no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em entrevista concedida ao jornalista Michelson Borges, o Dr. Eberlin explica o que é a Teoria do Design Inteligente. A entrevista pode ser vista na íntegra clicando-se neste link: http://www.entrevistas.criacionismo.com.br/2010/05/professor-da-unicamp-defende-design.html
Eis as palavras do professor Eberlin:
“A TDI é uma teoria científica, defendida por uma comunidade crescente de cientistas gabaritados do mundo todo e de várias áreas, e que procura estabelecer metodologia científica robusta capaz de detectar sinais de inteligência na vida e no universo. Através desses métodos, a TDI reinterpreta todo o arsenal de dados riquíssimos e com detalhamento altíssimo disponíveis hoje sobre o funcionamento da vida e do universo. E a partir dessa análise cuidadosa, sem pré-conceitos, desapaixonada e racional, feita dentro de todo o rigor da metodologia científica que rege as ciências históricas, a TDI conclui, procurando seguir os dados aonde quer que eles levem, que esses dados apontam com muita segurança para uma mente inteligente e consciente como a única causa conhecida, necessária e suficiente para a vida e o universo. Ou seja, o design detectado no universo e na vida não é aparente ou ilusório, mas real e inteligente.”
Seria a TDI um tipo de criacionismo?
“O criacionismo tem várias vertentes, mas a principal é aquela que assume que um Ser todo poderoso projetou e criou o universo e a vida. O criacionismo bíblico vai muito mais longe e dá nome e endereço ao Criador; descreve Sua intenção e Seus métodos, e faz muitas outras afirmações que estão muito além da capacidade da Ciência de investigá-las, devido às muitas limitações da metodologia científica. Ou seja, o criacionismo parte de pressuposições filosóficas e teológicas, fecha com essas pressuposições e confere a elas racionalidade quando encontra na natureza e, eventualmente, na Ciência suporte às suas teses. A TDI, porém, não tem absolutamente nada a ver com teses criacionistas, de qualquer vertente. Nelas não se inspira e não se apoia. A TDI busca, pura e simplesmente, da forma mais honesta possível, escrutinar os dados científicos brutos e interpretá-los corretamente, sem absolutamente nenhum pressuposto, nenhuma predefinição de como ou qual seria a nossa conclusão. Concluímos por uma mente inteligente como causa primeira da vida e do universo pela obrigação que todos os cientistas têm de seguir sempre as evidências, as informações fornecidas pelas caixas-pretas da vida e do universo, deixando ao máximo nossa subjetividade, naturalista ou teísta, de lado.”
A química (que é a área de estudos do Dr. Eberlin) revela o design inteligente?
“Muitos usam comparações morfológicas, comparam bicos de passarinhos, ossos, embriões, cores de asas de mariposas. Mas é através da química, em nível molecular, que entendemos mesmo como a vida e o universo funcionam. É através da Química que aprendemos a ‘língua’ das moléculas e podemos assim traduzir corretamente os ecos moleculares, os quais transmitem os segredos de nossa existência. É através da Química que percebemos que a vida não é coisa de amador, não! Vida é coisa de profissional! E profissional gabaritado, especializado! Que orquestrou os diversos códigos e a informação zipada, encriptada e compartimentalizada do DNA, tipo hard-disk. A arquitetura top-down algorítmica da vida, sua lógica estonteante e hiperotimizada. E elaborou o código de especialização celular das histonas, baseado em reações químicas ultrassincronizadas e ajustadas. E elaborou os planos corporais que nem sequer sabemos onde e como estão armazenados.”
Chamamos a atenção para este trecho da entrevista acima: “a vida não é coisa de amador”, e sugerimos ao leitor compará-lo com as respostas dadas pelos Espíritos Superiores nas questões 8 e 9 de O Livro dos Espíritos, a principal obra do Espiritismo, de autoria de Allan Kardec:
L.E., n. 8:
– Que se deve pensar da opinião dos que atribuem a formação primária a uma combinação fortuita da matéria, ou, por outra, ao acaso?
“Outro absurdo! Que homem de bom senso pode considerar o acaso um ser inteligente? E, demais, que é o acaso? Nada.” 
A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego e não pode produzir os efeitos que a inteligência produz. Um acaso inteligente já não seria acaso. (Nota de Allan Kardec.)
L.E., n. 9:
– Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
“Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem! Vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!” 
Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a Natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à Humanidade. Quaisquer que sejam os prodígios que a inteligência humana tenha operado, ela própria tem uma causa e, quanto maior for o que opere, tanto maior há de ser a causa primária. Aquela inteligência superior é que é a causa primária de todas as coisas, seja qual for o nome que lhe deem. (Nota de Allan Kardec.)




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