sexta-feira, 11 de janeiro de 2019




O Fenômeno Espírita

Gabriel Delanne

Parte 5

Damos sequência ao estudo do clássico O Fenômeno Espírita, de Gabriel Delanne, conforme o texto da 4ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, com base em tradução de Francisco Raymundo Ewerton Quadros. O estudo será aqui apresentado em 12 partes.
Nosso objetivo é que este estudo possa servir para o leitor como uma forma de iniciação aos chamados Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

Questões preliminares

A. Que resposta pode ser dada aos que atribuem a Satanás as manifestações espíritas?
B. Que conclusões foram obtidas na Europa e na América acerca da transmissão telepática?
C. William Crookes trabalhou com os médiuns Home e Kate Fox, dois dos mais famosos médiuns da história do Espiritismo. Que fenômenos produzidos por esses médiuns chamaram a atenção do grande cientista inglês?
D. Como foi possível obter uma música por meio do fenômeno das mesas girantes?

Texto para leitura

65. Um fato observado pelos pesquisadores é que os movimentos da mesa são muitas vezes produzidos intencionalmente e que as pancadas que se ouvem não são devidas ao acaso, mas, sim, dadas com a intenção evidente de manifestarem uma vontade. Crookes relata várias experiências em que esse fato é verificado de forma nítida. (PP. 73 e 74)
66. O juiz Edmonds confirma essa tese e menciona a respeito um caso muito interessante em que o Espírito respondeu perguntas que ele havia redigido, mas não havia ainda retirado do bolso. (P. 74)
67. Uma experiência relatada por Wallace alia-se na mesma tese da inteligência do fenômeno. (PP. 75 e 76)
68. O engenheiro-chefe das linhas telegráficas da Inglaterra, Cromwell Varley, relatou perante a Comissão da Sociedade Dialética de Londres as cinco razões pelas quais acreditava piamente que eram os Espíritos os agentes das manifestações psíquicas. Uma delas era porque ele os vira distintamente, em diversas ocasiões. Outra razão é o fato de terem eles respondido até a questões mentais que ele formulara, sem disso dar conhecimento a ninguém. (PP. 76 e 77)
69. Delanne diz que a principal objeção oposta pelo clero à tese espírita baseia-se na ideia de que é Satanás que se reveste de múltiplas formas para enganar as pessoas e desviá-las da Igreja. A isso, o autor responde com dois argumentos: I) A existência de Satanás é puramente hipotética. Ora, se devemos escolher entre duas crenças, é mais racional admitir-se, após uma verificação, que são os Espíritos que se manifestam, pois que eles nos dão provas da sua existência; II) Se se acredita em Satanás, é preciso convir que ele age de um modo bastante ilógico, conduzindo materialistas à crença em uma vida futura e ensinando-lhes o amor ao próximo, o desprendimento das coisas deste mundo, a repressão dos vícios e a prática das virtudes. Ora, agindo assim, ele se combate a si mesmo, não sendo de boa lógica atribuir-lhe tais ações.  (PP. 77 e 78)
70. Na Inglaterra, dez anos atrás, foi fundada a Society for Psychical Research, com o objetivo de compilar e examinar minuciosamente os fatos designados com o nome de telepáticos. Nos relatórios dessa Sociedade, publicados semestralmente, sob o título de “Proceedings”, pode-se contar 1.653 experiências dessa ordem, resultando das provas obtidas que a transmissão do pensamento é um fato incontestável. Delanne descreve os processos utilizados pela Sociedade. (PP. 79 e 80)
71. Lombroso repetiu com Pickmann as experiências dos sábios ingleses, e na América do Norte uma Sociedade de investigações psíquicas fundada em 1885 chegou, como ele, aos mesmos resultados, firmando porém uma conclusão importante: que o estado céptico do agente (o operador) é desfavorável à transmissão telepática. (P. 80)
72. Com base nas experiências realizadas, Delanne mostra que as três experiências espíritas referidas por Russell Wallace não podem ser atribuídas à mera telepatia e que somente a tese espírita é que pode explicá-las. (PP. 80 a 82)
73. Na sequência, o autor apresenta várias provas nas quais se reconhece ser impossível que a inteligência que se manifesta seja a dos assistentes. Uma das experiências foi extraída do livro “Spirit Identify”, do sr. Oxon, eminente professor de Oxford. (N.R.: Oxon é pseudônimo utilizado pelo Sr. Stainton Moses.) (PP. 82  e 83)
74. Três outros casos narrados por Crookes e pelo Sr. Oxon mostram que o agente da manifestação é alguém estranho ao grupo de experimentadores, tais as informações contidas nas mensagens. (PP. 84 a 88)
75. A transmissão do pensamento, que é o cavalo de batalha dos contraditores, é invocada muitas vezes para explicar a resposta que o médium dá a uma questão mental. Ora, quando a comunicação revela fatos completamente desconhecidos dos assistentes, não se pode atribuir isso a uma transmissão qualquer do pensamento. (P. 85)
76. Delanne relata ainda os casos do alfaiate esmagado (Berlim, 1883) e do Capitão Wheatcroft (Cambridge, l857), que constituem provas rigorosas, perfeitamente documentadas, da comunicação dos Espíritos. (PP. 88 a 93)
77. Como já visto, os próprios Espíritos indicaram um meio de comunicação mais rápido que pela mesa: o próprio médium toma um lápis e deixa a mão completamente passiva, que passa a escrever. (P. 94)
78. Delanne relata então como a mediunidade escrevente se desenvolveu no dr. B. Cyriax, de Berlim. (PP. 94 a 97)
79. William Crookes, falando da jovem Kate Fox, diz que enquanto ela escrevia automaticamente uma mensagem para um dos assistentes, outra comunicação, sobre outro assunto, lhe era dada para outra pessoa, por meio do alfabeto e das pancadas. E, durante todo o tempo, a senhorita Fox conversava com uma terceira pessoa, sobre outro assunto. (P. 97)
80. O caráter automático da escrita, diz Delanne, é, sem dúvida, muito importante para julgar-se da boa-fé do médium; mas, neste caso, o verdadeiro característico da mediunidade está nas provas de identidade fornecidas pelo Espírito que se manifesta. (P. 97)
81. Após transcrever uma poesia atribuída ao Espírito de Alfred de Musset, Delanne fala da possibilidade de haver mistificação por parte dos Espíritos que se comunicam, asseverando que o investigador imparcial não se deterá ante esses resultados, senão para constatar que os Espíritos são, na verdade, entes humanos e que o número de mistificadores e dos imbecis não diminui na erraticidade. (PP. 99 a 101)
82. Em “Choses de l’Autre Monde”, Eugène Nus fornece uma prova evidente da inteligência do fenômeno, quando a mesa, a seu pedido, formulou diversos conceitos em frases de apenas doze palavras. Delanne as transcreve. (PP. 101 e 102)
83. Uma produção nova e curiosa da mesa foi haver ditado música. Uma pancada significava a nota dó, duas pancadas, a nota ré, e assim por diante. Inicialmente, a mesa dizia quantas notas compunham a melodia. Em seguida, ditava as notas, que eram grafadas em cifras. Depois, dividia os compassos, designando, uma após outra, a quantidade de notas que cada compasso devia conter. Os acidentes eram indicados a seguir, assim como o tom e, enfim, o título. (PP. 102 e 103)
84. Findo o ditado, Bureau executava a melodia em um órgão alugado para esse fim. A mesa, sobre a qual as mãos se mantinham colocadas, indicava o movimento, batendo o compasso e retificando os erros, quando existiam. Terminada a audição, se estava satisfeita com o trabalho, a inteligência manifestava a sua aprovação dando várias pancadas no soalho; se não gostava, erguia a tripeça e a deixava imóvel. (P. 103)
85. Às vezes, diz Delanne, os Espíritos escrevem eles mesmos a música, em lugar de ditá-la. (P. 103)
86. Crookes, falando de sua experiência a esse respeito, diz que entre os notáveis fenômenos produzidos sob a influência do médium Home os mais frisantes são: 1º - a alteração do peso dos corpos; 2º - a execução de árias por instrumentos de música (geralmente pelo acordeão), sem intervenção direta do homem. (P. 104)

Respostas às questões preliminares

A. Que resposta pode ser dada aos que atribuem a Satanás as manifestações espíritas?
A isso podemos opor dois argumentos: 1º.) A existência de Satanás é puramente hipotética. Ora, se devemos escolher entre duas crenças, é mais racional admitir-se, após uma verificação, que são os Espíritos que se manifestam, pois que eles nos dão provas da sua existência; 2º.) Se se acredita em Satanás, é preciso convir que ele age de um modo bastante ilógico, conduzindo materialistas à crença em uma vida futura e ensinando-lhes o amor ao próximo, o desprendimento das coisas deste mundo, a repressão dos vícios e a prática das virtudes. Ora, agindo assim, ele se combate a si mesmo, não sendo de boa lógica atribuir-lhe tais ações. (O Fenômeno Espírita, págs. 77 e 78.)
B. Que conclusões foram obtidas na Europa e na América acerca da transmissão telepática?
Nos relatórios da Society for Psychical Research, de Londres, publicados sob o título de “Proceedings”, pode-se contar 1.653 experiências dessa ordem, resultando das provas obtidas que a transmissão do pensamento é um fato incontestável. Lombroso repetiu com Pickmann as experiências dos sábios ingleses, e na América do Norte uma Sociedade de investigações psíquicas fundada em 1885 chegou, como ele, aos mesmos resultados, firmando porém uma conclusão importante: que o estado céptico do agente (o operador) é desfavorável à transmissão telepática. (Obra citada, págs. 79 a 85.)
C. William Crookes trabalhou com os médiuns Home e Kate Fox, dois dos mais famosos médiuns da história do Espiritismo. Que fenômenos produzidos por esses médiuns chamaram a atenção do grande cientista inglês?
Sobre Kate Fox, William Crookes disse que, enquanto ela escrevia automaticamente uma mensagem para um dos assistentes, outra comunicação, sobre outro assunto, lhe era dada para outra pessoa, por meio do alfabeto e das pancadas. E, durante todo o tempo, a senhorita Fox conversava com uma terceira pessoa, sobre outro assunto. Sobre Home, Crookes disse que, entre os notáveis fenômenos produzidos sob a influência desse médium, os mais frisantes eram a alteração do peso dos corpos e a execução de árias por instrumentos de música (geralmente pelo acordeão), sem intervenção direta do homem. (Obra citada, págs. 97 e 104.)
D. Como foi possível obter uma música por meio do fenômeno das mesas girantes?
O fenômeno ocorria assim: uma pancada significava a nota dó, duas pancadas, a nota ré, e assim por diante. Inicialmente, a mesa dizia quantas notas compunham a melodia. Em seguida, ditava as notas, que eram grafadas em cifras. Depois, dividia os compassos, designando, uma após outra, a quantidade de notas que cada compasso devia conter. Os acidentes eram indicados a seguir, assim como o tom e, enfim, o título. Findo o ditado, executava-se a melodia em um órgão. A mesa, sobre a qual as mãos se mantinham colocadas, indicava o movimento, batendo o compasso e retificando os erros, quando existiam. Terminada a audição, se estava satisfeita com o trabalho, a inteligência manifestava a sua aprovação dando várias pancadas no soalho; se não gostava, erguia a tripeça e a deixava imóvel. Às vezes, diz Delanne, os Espíritos escreviam eles mesmos a música, em lugar de ditá-la. (Obra citada, págs. 102 e 103.)

Observação:
Eis os links que remetem aos três últimos textos:




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