sábado, 5 de janeiro de 2019





Mais leitura e menos alienação em 2019

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Boa noite!
Neste final de ano, faço um apelo a todos os brasileiros que não me leem: leiam mais! Sei que isto é um paradoxo: como pedir a quem não nos lê para ler mais? Certamente, quem não gosta de ler jamais lerá o meu apelo, salvo... Isto mesmo: salvo um hercúleo esforço para ler um pouco mais graças a seu incentivo, prezada leitora, ou devido a seu supremo apelo, caro leitor. Pois certamente vocês enfatizarão de tal modo os benefícios da leitura, que ao menos meia dúzia, quatro ou três, um, talvez, em sua homenagem, resolva ler minha crônica.
Aos leigos, identifico-me: sou Machado de Assis, não o autor  defunto, como o foi Brás Cubas, “autor” de suas memórias póstumas; mas sim o primeiro escritor brasileiro imortal, segundo a Academia Brasileira de Letras, que ajudei a fundar.
No meu tempo, levantei estatística sobre o número de analfabetos existentes no Brasil. A coisa não melhorou muito atualmente. As desculpas são as mais esfarrapadas possíveis. Exemplo: “Saio de casa cedo para o trabalho, viajo duas horas para chegar à repartição e outras duas horas para voltar a casa. Quando chego, tomo banho, janto e vou dormir”.
E durante as viagens de ida e volta ao trabalho, o que você faz? perguntaríamos. Tempo perdido. A resposta já está pronta: “Durmo”. Há quem mal lê uma linha de um texto e já tem sono profundo. Nem precisa tomar melatonina para adormecer. A receita é infalível: dê-lhe um texto qualquer em prosa ou poesia e pronto! Não há café que mantenha essa criatura acordada.
Acompanhei alguns programas televisivos que exemplificam bem a ignorância do brasileiro. Um rábula, investigado por tentar burlar a justiça que ele próprio jurou defender, respondeu ao seu entrevistador que é “adevogado”. A filha de um grande comunicador, cujo nome não declinarei por clemência à ignorância, perguntou a seus colegas de programa como é que se escreve “decepcionado”. O outro colega, tão ignorante quanto ela, não conseguiu  escrever, em português, a palavra “ignorante”. Daí ela cair na gargalhada e gozar do colega por não saber escrever, quando ela própria não o sabe.
Toda semana é um festival de ignorância no programa de TV a que me referi. Entretanto, com toda a certeza, milhões... eu disse: milhões de brasileiros e brasileiras que afirmam não terem tempo para ler veem o programa e se divertem muito com a insipiência desses e de outros personagens televisivos.
Em outro canal, a apresentadora, jovem e bonita loira, lia a correspondência de seus ouvintes, quando se saiu com esta: “— Fulana pergunta o que fazer para curar sua nostalgia”. Em seguida, pôs as mãos nas costas e explicou ao telespectador que “nostalgia” é dor nas costas. A criatura não sabe diferenciar “lombalgia” de “nostalgia”...
Mas enquanto meus fiéis leitores não passam de uma dúzia de gatos pingados, esses e outros programas de reality show ou de funk são apreciados por milhões de semianalfabetos que, mesmo tendo curso universitário, quando muito, têm vaga lembrança do curso que fizeram. De cultura geral, quase nada sabem. De besteirol, conhecem tudo. Se for pornografia então...
Adiós. Emmanuel convida-me para nova entrevista.

                   
Nota do autor: À exceção das citações, todos os textos de minhas crônicas são fictícios, ou seja, de minha elaboração pessoal ou por mim parafraseados. Nada há neles que se possa dizer ter sido psicografado, exceto o que for mediúnico e, nesse caso, referenciado.






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