quinta-feira, 17 de janeiro de 2019




Letargia, catalepsia e
mortes aparentes

Este é o módulo 115 de uma série que esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita. Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para leitura.
As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para leitura. 

Questões para debate

1. Em que consiste a catalepsia?
2. A catalepsia pode ser catalogada como um estado patológico?
3. Que fato se dá nos estados de letargia?
4. Os catalépticos e os letárgicos podem ver e ouvir o que em derredor se passa?
5. Como explicar os casos de ressuscitação da filha de Jairo e de Lázaro, narrados nos Evangelhos?

Texto para leitura

A catalepsia e a letargia podem ser espontâneas ou provocadas
1. Os termos letargia e catalepsia têm sido empregados para designar estados diversos, espontâneos ou provocados, nos quais a característica comum é a diminuição da motilidade voluntária e da sensibilidade nervosa, fato que pode chegar até mesmo a uma aparente suspensão de todas as funções vitais. À época de Kardec, considerava-se a letargia a apresentação mais aguda desse estado. O letárgico nada ouve, nada sente, não vê o mundo exterior, e a própria consciência se lhe apaga, apresentando-se num estado que se assemelha à morte.
2. A catalepsia é a suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos movimentos voluntários, conforme a intensidade menor ou maior do estado cataléptico. Embora alguns autores considerem patológico tal estado, outra é a opinião do Dr. Bezerra de Menezes (Espírito), que afirma que tanto a catalepsia como a letargia não são enfermidades físicas, mas faculdades que, como qualquer outra faculdade medianímica insipiente, incompreendida ou descurada, podem tornar-se prejudiciais ao seu possuidor. O estudo que o Dr. Bezerra de Menezes fez sobre o assunto pode ser visto no cap. 1 do livro Recordações da Mediunidade, de Yvonne A. Pereira.
3. Degenerada em estado patológico, a catalepsia pode manifestar-se em diversas enfermidades, como na histeria, na epilepsia e em algumas formas de esquizofrenia, sempre de modo intermitente, por acessos. Caracteriza esse estado, como dissemos, a perda mais ou menos completa da sensibilidade externa e dos movimentos voluntários, acompanhada de extrema rigidez dos músculos.
4. Como dito inicialmente, a catalepsia pode ocorrer naturalmente, sem uma causa aparente, ou ser provocada. Neste último caso, embora o paciente não consiga realizar atividade alguma voluntária, age sob a sugestão do operador, como um autômato nas mãos do magnetizador, sem liberdade de ação e movimentos. Nesse estado, ele não fala, não ouve, não pensa, senão por determinação do experimentador, que pode fazê-lo rir, chorar, gritar, sentir calor ou frio, etc.

Na letargia, o paciente jaz imóvel, como se morto estivesse
5. Diferente é o que se passa com o letárgico, que jaz imóvel, com os membros pendentes, moles e flácidos, sem rigidez alguma, de modo que, se erguido, cairá pesadamente quando solto. Nesse estado, sua respiração e o pulso são quase imperceptíveis e as pupilas, mais ou menos dilatadas, não reagem mais à luz. Com o sensório totalmente adormecido, a inércia da mente parece absoluta.
6. Há, no entanto, uma modalidade de letargia em que a atividade psíquica interna se desenvolve como de ordinário, como descreve José Lapponi em seu livro Hipnotismo e Espiritismo. Em casos assim, o paciente percebe e compreende o que está ocorrendo, mas não consegue exprimir aos outros o que realmente sente no seu imo. A esta variedade de letargo os especialistas dão o nome de letargia lúcida.
7. É dentro da letargia, em qualquer de suas modalidades, que se incluem os casos de mortes aparentes registrados na História e também nas Escrituras. Entre os casos que constituem exemplos clássicos de letargia lúcida cita-se o do Cardeal Donnet, que quase foi enterrado vivo quando nesse estado.
8. Ensina o Espiritismo que os letárgicos e os catalépticos, em geral, veem e ouvem o que em derredor se passa, embora não possam exprimir o que então observam. Essas percepções se devem ao Espírito, que tem plena consciência de si e das coisas que estão ocorrendo, mas não pode comunicar-se, em face do estado especial que acometeu o veículo corporal.

A ressuscitação só é possível se a morte não está completa
9. O Novo Testamento refere casos de ressuscitação que se tornaram célebres ao tempo de Jesus, como os episódios que envolveram o filho de uma viúva de Naim, a filha de Jairo e Lázaro, irmão de Marta e Maria. É evidente, observam os estudiosos espíritas, que tais casos não passaram do conhecido fenômeno de morte aparente, em que, possivelmente em estado de letargia ou catalepsia, aquelas três pessoas foram consideradas mortas.
10. Nesse estado, o corpo ainda vive, porquanto há nele funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade encontra-se em estado latente, como na crisálida, mas não aniquilada. Se o corpo está vivo, o Espírito se lhe acha ligado. Por isso, se um indivíduo, aparentemente morto, volve à vida, é porque não era completa a morte.
11. Se a morte não está completa, podem reatar-se, por meio de cuidados dispensados a tempo, os laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que morreria, se não fosse socorrido. Esse fato foi o que se deu nos episódios narrados pelos evangelistas e não há dúvida de que o magnetismo exerceu um papel preponderante no caso, visto que , restituindo ao corpo enfraquecido o fluido vital de que ele carece, pode a ação magnética contribuir para que o ressuscitamento se dê, o que não constitui em absoluto um prodígio ou um milagre.
12. Dos casos citados, parece-nos que o de Lázaro é o que melhor se enquadra como letargia ou catalepsia completa, porquanto, estando sepultado por vários dias, o irmão de Marta volveu à vida graças ao prodigioso poder magnético de Jesus.

Respostas às questões propostas

1. Em que consiste a catalepsia?
A catalepsia é a suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos movimentos voluntários, conforme a intensidade menor ou maior do estado cataléptico.
2. A catalepsia pode ser catalogada como um estado patológico?
Não. Embora alguns autores considerem patológico tal estado, outra é a opinião do Dr. Bezerra de Menezes (Espírito), que afirma que tanto a catalepsia como a letargia não são enfermidades físicas, mas faculdades que, como qualquer outra faculdade medianímica insipiente, incompreendida ou descurada, podem tornar-se prejudiciais ao seu possuidor.
3. Que fato se dá nos estados de letargia?
O letárgico jaz imóvel, com os membros pendentes, moles e flácidos, sem rigidez alguma, de modo que, se erguido, cairá pesadamente quando solto. Nesse estado, sua respiração e o pulso são quase imperceptíveis e as pupilas, mais ou menos dilatadas, não reagem mais à luz. Com o sensório totalmente adormecido, a inércia da mente parece absoluta.
4. Os catalépticos e os letárgicos podem ver e ouvir o que em derredor se passa?
Sim. Ensina o Espiritismo que os letárgicos e os catalépticos, em geral, veem e ouvem o que em derredor se passa, embora não possam exprimir o que então observam. Essas percepções se devem ao Espírito, que tem plena consciência de si e das coisas que estão ocorrendo, mas não pode comunicar-se, em face do estado especial que acometeu o veículo corporal.
5. Como explicar os casos de ressuscitação da filha de Jairo e de Lázaro, narrados nos Evangelhos?
Tais casos não passaram do conhecido fenômeno de morte aparente, em que, possivelmente em estado de letargia ou catalepsia, aquelas pessoas foram consideradas mortas. Ora, nesses estados o corpo ainda vive, porquanto há nele funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade encontra-se em estado latente, como na crisálida, mas não aniquilada. Se o corpo está vivo, o Espírito se lhe acha ligado. Se a morte não está completa, podem reatar-se, por meio de cuidados dispensados a tempo, os laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um ser que morreria, se não fosse socorrido. 

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, questões 422 a 424.
Magnetismo Espiritual, de Michaelus, pp. 198 e 199.
Hipnotismo e Espiritismo, de José Lapponi, pp. 67 e 68.
Mecanismos da Mediunidade, de André Luiz, obra psicografada por Chico Xavier, p. 99.
Recordações da Mediunidade, de Yvonne A. Pereira, pp. 11 a 22.
Evangelho segundo João, 11:1-46.
Evangelho segundo Lucas, 7:11-17 e 8:41-56.
Evangelho segundo Mateus, 9:18-26.
Evangelho segundo Marcos, 5:21-43.


Observação:
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