Letargia, catalepsia
e
mortes aparentes
Este é o módulo 115 de uma série que
esperamos sirva aos neófitos como iniciação ao estudo da doutrina espírita.
Cada módulo compõe-se de duas partes: 1) questões para debate; 2) texto para
leitura.
As respostas correspondentes às
questões apresentadas encontram-se no final do texto sugerido para
leitura.
Questões para debate
1. Em que consiste a catalepsia?
2. A catalepsia pode ser catalogada como um estado patológico?
3. Que fato se dá nos estados de letargia?
4. Os catalépticos e os letárgicos podem ver e ouvir o que em derredor
se passa?
5. Como explicar os casos de ressuscitação da filha de Jairo e de
Lázaro, narrados nos Evangelhos?
Texto para leitura
A catalepsia e a
letargia podem ser espontâneas ou provocadas
1. Os termos letargia e catalepsia têm sido empregados para designar
estados diversos, espontâneos ou provocados, nos quais a característica comum é
a diminuição da motilidade voluntária e da sensibilidade nervosa, fato que pode
chegar até mesmo a uma aparente suspensão de todas as funções vitais. À época
de Kardec, considerava-se a letargia a apresentação mais aguda desse estado. O
letárgico nada ouve, nada sente, não vê o mundo exterior, e a própria
consciência se lhe apaga, apresentando-se num estado que se assemelha à morte.
2. A catalepsia é a suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos
movimentos voluntários, conforme a intensidade menor ou maior do estado
cataléptico. Embora alguns autores considerem patológico tal estado, outra é a
opinião do Dr. Bezerra de Menezes (Espírito), que afirma que tanto a catalepsia
como a letargia não são enfermidades físicas, mas faculdades que, como qualquer
outra faculdade medianímica insipiente, incompreendida ou descurada, podem
tornar-se prejudiciais ao seu possuidor. O estudo que o Dr. Bezerra de Menezes
fez sobre o assunto pode ser visto no cap. 1 do livro Recordações da Mediunidade, de Yvonne A. Pereira.
3. Degenerada em estado patológico, a catalepsia pode manifestar-se em
diversas enfermidades, como na histeria, na epilepsia e em algumas formas de
esquizofrenia, sempre de modo intermitente, por acessos. Caracteriza esse
estado, como dissemos, a perda mais ou menos completa da sensibilidade externa
e dos movimentos voluntários, acompanhada de extrema rigidez dos músculos.
4. Como dito inicialmente, a catalepsia pode ocorrer naturalmente, sem
uma causa aparente, ou ser provocada. Neste último caso, embora o paciente não
consiga realizar atividade alguma voluntária, age sob a sugestão do operador,
como um autômato nas mãos do magnetizador, sem liberdade de ação e movimentos.
Nesse estado, ele não fala, não ouve, não pensa, senão por determinação do
experimentador, que pode fazê-lo rir, chorar, gritar, sentir calor ou frio,
etc.
Na letargia, o
paciente jaz imóvel, como se morto estivesse
5. Diferente é o que se passa com o letárgico, que jaz imóvel, com os
membros pendentes, moles e flácidos, sem rigidez alguma, de modo que, se
erguido, cairá pesadamente quando solto. Nesse estado, sua respiração e o pulso
são quase imperceptíveis e as pupilas, mais ou menos dilatadas, não reagem mais
à luz. Com o sensório totalmente adormecido, a inércia da mente parece
absoluta.
6. Há, no entanto, uma modalidade de letargia em que a atividade
psíquica interna se desenvolve como de ordinário, como descreve José Lapponi em
seu livro Hipnotismo e Espiritismo.
Em casos assim, o paciente percebe e compreende o que está ocorrendo, mas não
consegue exprimir aos outros o que realmente sente no seu imo. A esta variedade
de letargo os especialistas dão o nome de letargia lúcida.
7. É dentro da letargia, em qualquer de suas modalidades, que se incluem
os casos de mortes aparentes registrados na História e também nas Escrituras.
Entre os casos que constituem exemplos clássicos de letargia lúcida cita-se o
do Cardeal Donnet, que quase foi enterrado vivo quando nesse estado.
8. Ensina o Espiritismo que os letárgicos e os catalépticos, em geral,
veem e ouvem o que em derredor se passa, embora não possam exprimir o que então
observam. Essas percepções se devem ao Espírito, que tem plena consciência de
si e das coisas que estão ocorrendo, mas não pode comunicar-se, em face do
estado especial que acometeu o veículo corporal.
A ressuscitação só é
possível se a morte não está completa
9. O Novo Testamento refere casos de ressuscitação que se tornaram
célebres ao tempo de Jesus, como os episódios que envolveram o filho de uma
viúva de Naim, a filha de Jairo e Lázaro, irmão de Marta e Maria. É evidente,
observam os estudiosos espíritas, que tais casos não passaram do conhecido
fenômeno de morte aparente, em que, possivelmente em estado de letargia ou
catalepsia, aquelas três pessoas foram consideradas mortas.
10. Nesse estado, o corpo ainda vive, porquanto há nele funções que
continuam a executar-se. Sua vitalidade encontra-se em estado latente, como na
crisálida, mas não aniquilada. Se o corpo está vivo, o Espírito se lhe acha
ligado. Por isso, se um indivíduo, aparentemente morto, volve à vida, é porque
não era completa a morte.
11. Se a morte não está completa, podem reatar-se, por meio de cuidados
dispensados a tempo, os laços prestes a se desfazerem e restituir-se à vida um
ser que morreria, se não fosse socorrido. Esse fato foi o que se deu nos
episódios narrados pelos evangelistas e não há dúvida de que o magnetismo
exerceu um papel preponderante no caso, visto que , restituindo ao corpo
enfraquecido o fluido vital de que ele carece, pode a ação magnética contribuir
para que o ressuscitamento se dê, o que não constitui em absoluto um prodígio
ou um milagre.
12. Dos casos citados, parece-nos que o de Lázaro é o que melhor se
enquadra como letargia ou catalepsia completa, porquanto, estando sepultado por
vários dias, o irmão de Marta volveu à vida graças ao prodigioso poder
magnético de Jesus.
Respostas às questões
propostas
1. Em que consiste a
catalepsia?
A catalepsia é a suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos
movimentos voluntários, conforme a intensidade menor ou maior do estado cataléptico.
2. A catalepsia pode
ser catalogada como um estado patológico?
Não. Embora alguns autores considerem patológico tal estado, outra é a
opinião do Dr. Bezerra de Menezes (Espírito), que afirma que tanto a catalepsia
como a letargia não são enfermidades físicas, mas faculdades que, como qualquer
outra faculdade medianímica insipiente, incompreendida ou descurada, podem
tornar-se prejudiciais ao seu possuidor.
3. Que fato se dá nos
estados de letargia?
O letárgico jaz imóvel, com os membros pendentes, moles e flácidos, sem
rigidez alguma, de modo que, se erguido, cairá pesadamente quando solto. Nesse
estado, sua respiração e o pulso são quase imperceptíveis e as pupilas, mais ou
menos dilatadas, não reagem mais à luz. Com o sensório totalmente adormecido, a
inércia da mente parece absoluta.
4. Os catalépticos e
os letárgicos podem ver e ouvir o que em derredor se passa?
Sim. Ensina o Espiritismo que os letárgicos e os catalépticos, em geral,
veem e ouvem o que em derredor se passa, embora não possam exprimir o que então
observam. Essas percepções se devem ao Espírito, que tem plena consciência de
si e das coisas que estão ocorrendo, mas não pode comunicar-se, em face do
estado especial que acometeu o veículo corporal.
5. Como explicar os casos
de ressuscitação da filha de Jairo e de Lázaro, narrados nos Evangelhos?
Tais casos não passaram do conhecido fenômeno de morte aparente, em que,
possivelmente em estado de letargia ou catalepsia, aquelas pessoas foram
consideradas mortas. Ora, nesses estados o corpo ainda vive, porquanto há nele
funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade encontra-se em estado
latente, como na crisálida, mas não aniquilada. Se o corpo está vivo, o
Espírito se lhe acha ligado. Se a morte não está completa, podem reatar-se, por
meio de cuidados dispensados a tempo, os laços prestes a se desfazerem e
restituir-se à vida um ser que morreria, se não fosse socorrido.
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec,
questões 422 a 424.
Magnetismo Espiritual, de Michaelus, pp.
198 e 199.
Hipnotismo e
Espiritismo, de José Lapponi, pp. 67 e 68.
Mecanismos da
Mediunidade, de André Luiz, obra psicografada por Chico Xavier, p. 99.
Recordações da
Mediunidade, de Yvonne A. Pereira, pp. 11 a 22.
Evangelho segundo João, 11:1-46.
Evangelho segundo Lucas, 7:11-17 e 8:41-56.
Evangelho segundo Mateus, 9:18-26.
Evangelho segundo Marcos, 5:21-43.
Observação:
Eis os links que
remetem aos 3 últimos textos:
Módulo 112 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2018/12/educacao-e-formacaodo-medium-este-e-o.html
Módulo 114 - https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2019/01/sono-e-sonhos-este-e-o-modulo-114-de.html
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